Sacotes é uma localidade da Freguesia de Algueirão Mem-Martins, no concelho de Sintra. Situa-se numa colina sobranceira ao Algueirão (pântano), que depois de drenado permitiu a construção da Base Aérea nº1. Os terrenos desta infra-estrutura aeronáutica faziam parte da Granja do Marquês e onde esteve instalada a Escola Agrícola de Sintra. Alguns dos habitantes de Sacotes eram trabalhadores naquela propriedade, que pertenceu ao Marquês de Pombal.Sacotes é povoação antiga, no século XVIII, segundo a "CINTRA PINTURESCA" tinha 11 fogos.
Até 1974, o aspecto da aldeia seria idêntico ao de muitas povoações similares do interior do País, apesar de Sacotes ficar a 20 quilómetros de Lisboa, "as casas térreas ainda em muitos casos mostravam a pedra à vista, com um cunho de ruralidade que o tempo alterou devido à construção de muitas habitações "modernas".Do tempo em que Sacotes era um sítio de agricultores e pastores, resta um humilde CRUZEIRO, cujo despojamento confere um encanto propício à meditação no Sagrado.
Sobre um bloco de mármore toscamente aparelhado, de cor ligeiramente rosácea, está uma singela cruz de pedra, o conjunto foi colocado no largo da povoação desprovido duma envolvênciaque o cruzeiro merecia. Sem artefactos alterando a rusticidade dos materiais estamos perante um símbolo, místico, sem ostentação, singelo enfim, com a grandeza sublimedas coisas SIMPLES.
O cruzeiro de Sacotes é um dos encantos desta Sintra onde temos o privilégio de habitar. Os que denigrem a nossa terra fazem-no por despeito ou desconhecimento das singularidades que desfrutamos.
O nome das localidades é difícil de decifrar, em alguns casos quando não há certezas recorre-se à "lenda" ou à "tradição" para justificar o que é duvidoso. Vejamos um exemplo: Rio DE MOURO no Concelho de Sintra.
Uma das hipóteses inserida no "Memorial Histórico ou Colecção de Memórias Sobre Oeiras", vai no sentido seguinte:"Rio de Oeiras nasce acima do pequeno Lugar de Fanares, aqui lhe chamam rio das enguias, à saída da Quinta do Basto entra em uma ponte de boa cantaria por cima da qual passa a Estrada Real de Sintra. Aqui tem o nome de Rio DO Mouro, que o transmite a este lugar, onde segundo a tradição morreu o Mouro Albaráque Governador do Castelo de Sintra ou Cyntia, fugindo na ocasião da sua conquista por D.Afonso Henriques. Outros dizem que o dito Mouro, fora morto no Lugar que tem o nome de ALBARRAQUE e o enterraram nas margens deste Rio".
Para reforçar a "tradição" o autor alterou: Rio de Mouro para Rio do Mouro. Continuando: "Quase a chegar ao Sítio de Asfamil lhe dão o nome de Rio dos Veados. Passa pelo Lugar da Laje e correndo com nome de Oeiras...ele se mistura no Oceano".
A nossa versão,alicerçada no estudo da região onde corre o curso de água demonstra que aqui, os topónimos Mouro e Mourão coexistem. Mourão deriva de "parede" "muro grande" e também de lajes de pedra que se colocavam verticalmente em redor das eiras para proteger o cereal do vento e dos animais. Essas pedras designam-se Mouros ,sendo utilizadas nas vinhas para suportar as varas da empa das vides.
No caso do nosso Rio, desde tempos recuados os proprietários dos terrenos adjacentes, no troço compreendido entre a quinta da Preza e Francos, desviaram o curso obrigando o rio a correr entre Mouros ou Mourões de lajes e mais tarde entre muros para aproveitarem as terras férteis de aluvião.
Esta obra hidraulica ainda hoje se pode observar:ver imagem. Deste modo, RIO DE MOURO significa: RIO QUE CORRE ENTRE MOUROS ou MUROS ALTOS. A lenda não é mais forte que a evidência,só por falta de estudo se tem mantido.
Neste caso, a lenda, como justificamos, é uma fantasia.
Muito se diz e escreve sobre o quotidiano do interior de Portugal, onde apesar do que tem sido feito para melhorar a vida das populações, não foi ainda possível suster a saída das pessoas, em busca de trabalho e mais promissoras condições, que permitam a realização das suas legitimas aspirações.Esta realidade proporciona imagens como a que deixamos.
Trata-se duma casa de habitação construída no século XIX, e desabitada há muitos anos. Curiosamente as janelas a varanda e tudo o que se pode ver na fachada é em madeira. Nada de ferros ou mesmo vidraças. Esta construção encontra-se na parte mais antiga da Vila da Pampilhosa da Serra, denominada de: "Aldeia Velha" é um exemplar de arquitectura popular digno de atenção. As madeiras que suportam o telhado são de castanho, assim como as da varanda: as telhas de "canudo" devem ter sido produzidas num "telhal" próximo. A fachada é de Tabique.
As particularidades construtivas da CASA DA TIA CONSTANÇA, com é conhecida, revelam o uso generalizado da madeira, para erguer habitações, no tempo da sua "feitura" devido à riqueza florestal da região nessa altura.
A envolvente tem aspecto ruinoso e compõe um quadro de decadência comum a muitas aldeias de Portugal. O destino das árvores, como diz o poema do antigo livro de leituras do ensino primário, hoje dito "básico" pode ser:
Talvez soalho de casa
Talvez caixão ...Talvez berço
Para um menino embalar.
Será talvez isso tudo...
E depois?Em que há-de dar?
Num terno e sentido sentimento de que "há um fim para todas as coisas amanhã" diríamos nós...