A CASCATA DOS PISÕES: MEMÓRIA DOS REBANHOS E DA LÃ
A Vila de Sintra durante séculos teve uma população de camponeses cuja actividade se desdobrava, entre a agricultura e a pastorícia, esta última seria importante porque as pastagens abundavam, e a serra permitia a roça de matos para a cama dos animais e, fertilização das terras de cultivo.
Segundo Barros Gomes (1878), o concelho de "Cintra" tinha um efectivo de 12.837 ovelhas, no distrito de Lisboa só era superado pelo do concelho dos Olivais.Este significativo numero de ovinos fornecia uma apreciável quantidade de lã da qual se faziam tecidos para manufactura do vestuário do povo. Os panos eram : buréis, baetas e saragoças.
O fabrico exigia, carduças cardas rodas de fiar fusos, teares e finalmente um pisão para "enfortir" a lã. O pisão era um engenho accionado por uma roda motriz, normalmente,movida por energia hidráulica. A roda dava movimento a maços de madeira que batiam no pano colocado numa masseira, este batimento tornava o tecido mais consistente, por acção da água retirava-se a gordura da lã. Os pisões eram instalados junto aos cursos de água. O sítio existente cerca da quinta da Regaleira, conhecido por "cascata dos pisões" foi local onde existiu um engenho de pisoar a lã.
Sintra, antes dos veludos e lantejoulas, teria de produzir os rústicos tecidos com que os nossos antepassados se vestiam, desse tempo restam na toponímia, memórias como esta. Ainda hoje é possível encontrar rebanhos de ovelhas no território sintrense,como documenta a imagem recolhida junto á Ribeira da Cabrela no mês passado.