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Tudo de novo a Ocidente

O MAR TAMBÉM É MENSAGEIRO

No dia 19 de Fevereiro do presente ano, Sábado de tarde, acompanhado  da minha mulher e da minha filha Sofia,fomos até à Praia Grande,admirar o mar bravio porque a tarde soalheira convidava. Como nós dezenas de pessoas faziam o mesmo. Estávamos observando o desfazer das ondas no areal, encostados ao varandim metálico que protege o passeio ao longo do molhe da praia, de repente uma onda maior trouxe até á praia entre outras coisas uma garrafa branca dentro da qual era visível um rolo de papel, hesitei um pouco se devia ir ou não recolher a garrafa.

Os familiares que me acompanhavam não queriam que fosse buscar o objecto por ser perigoso devido ao estado do mar. A curiosidade foi maior que a prudência e fui. Os transeuntes estranhavam que uma única pessoa, caminhasse pelo areal rente ao muro para recolher a garrafa. Quando chegamos a casa partimos a garrafa porque tampa, solidariamente pegada ao vidro  não rodava.

No interior estavam dois exemplares duma  mensagem  escrita em inglês que reproduzimos em parte. Quem lançou a garrafa ao mar pedia para lhe ser devolvido um exemplar, o que já fiz, o outro ficou comigo, para nossa memória futura, e testemunho de como uma pacata  deslocação de fim de semana se pode transformar em tema de conversas, e  prova de que o mar, também é mensageiro, e uma praia qualquer pode ser uma caixa de correio. Sortilégios de Sintra e deste país "à beira mar plantado".A mensagem informa que a garrafa tinha sido lançada á água no dia 18 de julho de 2010 na Baía da Biscaia a 45º e 50"de latitude N,e 007ºe 56" de longitude Oeste,a garrafa permaneceu no mar sete meses até a recolhermos na Praia Grande,e como consequência podermos partilhar o facto com quem nos lê...


                                                                       A garrafa com a mensagem dentro

 

                                                                               


                                         Parte do texto conforme o original

 

 

 

ADRAGA: A PRAIA DAS TARTARUGAS

Com alguma satisfação, vou partilhar com os leitores a descoberta do significado do nome de um dos locais mais pitorescos do concelho de Sintra: a Praia da Adraga. Sou frequentador daquele maravilhoso areal há muitos anos. A envolvência do lugar tem  uma beleza impar, em toda a costa de Portugal. As grutas, a pedra de alvidrar o tom esmeralda da água do mar, enfim tudo nos cativa pelo encantamento da paisagem. Adraga,o nome soa a poema;por essa razão sempre nos interrogamos,o quer dizer?

Os guerreiros muçulmanos do Andaluz usavam um escudo de coiro de forma ovalada  denominada Ad dàrqa,  que posteriormente passou a ser usado pelos guerreiros da Península Ibérica, e conhecido por adarga ou adaraga. Como se sabe as tartarugas maritimas sao protegias por uma carapaça de dureza identica à dos ossos. Por essa razão e pelo seu formato era aproveitada para escudo de combate e defesa.

Valentim Fernandes no célebre manuscrito de 1456 relativo a Cabo Verde escreveu: "E acharão hy grãdes cagados com adargas e os christãos os comiã porq os marinheyros no golfo de Arguy as comerõ ja."

A carne das tartarugas servia por, razões religiosas, de alimentação aos povos islamizados. Na costa portuguesa até á idade média abundavam baleias, como se prova pela toponímia, de que são exemplos: Atouguia da Baleia, Baleal ou Baleia nome de uma aldeia próximo da Praia de S.Julião, entre o Magoito e Ericeira, não longe da Adraga.

As tartarugas andam, normalmente, associadas as baleias e deviam ser também numerosas no litoral português durante a dominação árabe. A captura para obtenção de carne e da "concha" que as protege, ocorria nos locais onde as tartarugas vinham a terra. As pequenas reentrâncias entre o Cabo da Roca e a Adraga prestavam-se para isso. As correrias dos mais afoitos utilizando a pedra de Alvidrar para aceder ao mar poderiam estar relacionadas com esta actividade de caçar tartarugas, ou recolha de "cascas" das que acidentalmente encalhavam.Tudo indica que as tartarugas faziam "escala" nesta zona,assim adraga é sitio onde se podia obter matéria prima para se fazerem adaragas. Deste modo Adraga quer dizer A PRAIA DAS TARTARUGAS, o que convenhamos continua a ser um nome fantástico.     

 

( vista da Praia da Adraga,19-02-2010)

SÃO OS MORTOS QUE NOS COMANDAM NA HISTÓRIA!

Peço desculpa.Tenho de abrir uma excepção no conteúdo dos meus blogs, não existirá muita gente que como eu escreva sobre a Rinchoa, moro aqui há quase 40 anos, adoro o sítio, por isso me entristece que um cada vez maior número de pessoas tome conhecimento da importância da nossa terra por motivos que impressionam. São as consequências do urbanismo e da solidão.

Uma nossa vizinha que morava ao pé da garagem dos reboques que todos sabemos onde fica, morreu o que é natural  dada a sua avançada idade, mas o modo como foi o seu passamento não pode ser tolerado.

Até que a voz me doa direi que não há perdão para o sucedido. Não digam que as relações de vizinhança falharam, porque a vizinha que deu pela falta da Sr.ª.Dª. Augusta Martinho avisou a família e as autoridades, os familiares fizeram o mesmo e ninguém ligou.

As forças policiais, os serviços camarários, as autarquias, os tribunais, tudo ficou mais "quedo que o boi da Merceana". As Finanças actuaram "com zelo e eficiência", alienando um bem avaliado em dezenas de milhar de Euros para saldar uma dívida de menos de 2000 euros.Colocaram em hasta pública uma casa sem fazer a inventariação do recheio...  

A Srª.Augusta faleceu, jazendo no chão da cozinha da sua habitação durante 9 anos, o seu fiel amigo cão pereceu na varanda, talvez varado pela comoção de encontrar a sua dona sem vida, o pássaro de estimação também morreu à mingua e à sede.

Temos de saber como foi possível tudo isto. É um sinal preocupante revelador do nível de degradação da actividade do Estado, alguns dos que exercem  funções de chefia, por  desleixo e incúria, não têm a sagacidade necessária para compreenderem as consequências da sua inépcia. Portugal tende cada vez mais para  a categoria de Estado Exíguo. Temos de mostrar indignação para que situações destas não se repitam.

Descanse,finalmente, em paz no cemitério da nossa Freguesia e que nos digam quando é o funeral da Sr.ª.Dª.Augusta Duarte Martinho, pois devemos comparecer todos os que pudermos, a sua morte deve motivar o nosso empenho para se mudarem as causas deste acto sem nome. A frase de Unamuno que serve de título mostra que situações desta índole podem conduzir a mudanças no exercício da CIDADANIA, entendida como respeito para com quem partilhamos os  caminhos da vida, isto é, praticar o princípio da ALTERIDADE, deixamos  singela lembrança da flor dum lírio branco obtida num canteiro da Rinchoa, e quem sabe,  um dia a nossa vizinha, também viu.  

 

O RIO DOS VEADOS

O curso de água que nasce na serra de Ouressa nas proximidades de Mem-Martins, e que desagua no Rio Tejo em Santo Amaro de Oeiras, era conhecido, consoante os sítios por donde passa. No seu percurso fazia mover várias Azenhas e uma Fábrica de Estamparia, a qual foi objecto dum estudo de nossa autoria, publicado na revista SINTRIA I-II (1982-1983), a fábrica foi demolida e aquele trabalho é testemunho importante para o conhecimento da "Real Fábrica de Rio de Mouro" fundada em 1790, por Joaquim da Silva.

Voltando à ribeira, esta depois da povoação de Francos onde existia uma Azenha de duas mós, inflecte na direcção de Asfamil, antes de chegar ao sopé desta povoação, era conhecida como RIO DOS VEADOS, pela mesma razão dos "gamolares" da vila de Sintra de que falamos a propósito da origem do topónimo Galamares.

No século XVIII ainda existia o povoado. Devia ser de fundação remota. Fomos em busca de vestígios que porventura tivessem ficado,  da aldeia só existe a memória que os habitantes das redondezas conservam.      

Em consequência  duma grande cheia ocorrida há alguns anos o leito do rio modificou-se na confluência com a Regueira de Asfamil. As "passadouras" de pedra foram destruidas, assim como a inscrição que lembrava um episódio ali ocorrido,por isso deixamos o texto publicado no "Memorial de Oeiras" (1860):    

                                 

Em os 23 de Novembro de 1793 Assoccedeo por causa da cheia ser grande afogar-se

neste rio Vital Prodêncio.P.N.A.M.

 

O protagonista deste trágico acontecimento era moleiro  da azenha  cujas  ruínas se encontram um pouco abaixo no lugar da Louceira. Este trecho da ribeira é de grande beleza, sendo um dos mais recôndidos locais do Concelho de Sintra, que aqui faz fronteira com o de Cascais. Custa a acreditar que estamos a 20 km do centro de Lisboa. Sem dúvida que para quem gosta da natureza e dos seus encantos um passeio para admirar o RIO DOS VEADOS, merece uma "caçada".

O Rio dos Veados

O DIA DA AMENDOEIRA

Os dias tem sempre associadas determinadas efemérides. Ultimamente foram estabelecidos dias para os mais variados fins: "dia da criança, dia doente, dia do animal, dia do professor, além dos conhecidos dia do pai e dia da mãe", enfim um conjunto de motivos para ligar o quotidiano a causas.

Talvez ainda se utilize o mesmo procedimento para que a um dia corresponda uma árvore adequada e assim surgirem dias de "Sobreiros, Rosas, Plátanos" etc.

Vem isto a propósito de se assinalar no dia 2 de Fevereiro o dia da Senhora das Candeias, que mais não é do que o aproveitamento litúrgico da celebração profana da festa da luz. O povo aproveitou para relacionar o evento com o provérbios: "SE A CANDEIA CHORA ESTÁ O INVERNO FORA", se pelo contrário "A CANDEIA RIR ESTÁ O INVERNO PARA VIR", dito doutro modo é bom que chova naquele dia para que o Inverno se vá.

Sendo o dia de tributo à luz, que árvore deveríamos escolher,para o "embelezar"? A Amendoeira, porque florescendo muito cedo as suas flores são um sinal de que os dias luminosos da Primavera estão mais próximos, e o escuro do Inverno prestes a findar. Além disso em hebraico o nome desta planta é LUZ. Na Rinchoa existe uma rua das Amendoeiras em local soalheiro e de vistas desafogadas. Motivo para muitas lendas a floração da  amendoeira mitiga as saudades da neve, porque normalmente onde floresce a neve não caí.

Frágil e bela a amendoeira produz um fruto que por estar oculto por uma espessa casca pode ser comparado a algo secreto e invisível, motivos mais do que suficientes para o dia das candeias seja também o da luz , isto é da AMENDOEIRA.    

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