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Tudo de novo a Ocidente

O HOTEL SANATÓRIO DO PARQUE DA PENA-SERRA DE SINTRA

No periodo conturbado do ínicio da 1ª República, no seguimento da Revolução de 5 de Outubro de 1910, surgiram várias iniciativas com origem nos poderosos interesses instalados, com objectivo de concretizarem projectos, aproveitando a situação complexa que então se vivia. Um deles dizia respeito à construcção do empreendimento citado em título. Este facto deu origem a um movimento generalizado de repúdio, concretizado por várias iniciativas, uma das quais uma carta dirigida ao Ministro do Interior onde os signatários: "Vem respeitosamente significar a V.Xª quanto lhes é penosa a ideia, pela qual sabem que se trabalha de construir dentro do Parque da Pena um Hotel-Sanatório", assinavam figuras ilustres da cultura, tais como Raul Lino, Henrique Trindade Coelho, Columbano Bordalo Pinheiro, Afonso Lopes Vieira, J.Câmara Pestana e José de Figueiredo entre outros.

Quando o assunto foi discutido no Senado,aproveitando a presença do Ministro do Fomento(António Maria da Silva), o ilustre senador sintrense Dr. Brandão de Vasconcelos,interveio de forma brilhante na sessão de 20/1/1913, tendo afirmado:

"Não posso deixar de falar sobre a pretendida cessão do Parque da Pena a um particular, eu resido no concelho de Cintra há muitos anos... mas acima dos interesses do concelho, ponho os interesses nacionais" esclarecemos que a Cãmara Municipal apoiava o projecto. Continuando, o Dr. B. Vasconcelos dizia "V.Xª sabe quanto custou ao Estado este Parque? Quatrocentos contos de réis, o que é que esse particular vem pedir? Um parque arborizado, quando tem na serra uma extensão enorme sem arborização que pode arborizar à  vontade, mas não; querem o que está feito, é que o Estado ceda  grande parte duma propriedade que vale 600:000$000 réis. O parque tem 250 hectares e pedem-se 150 pelo menos! O projecto está habilidosamente feito e quem o apresentou... não conhecia a extensão do que era pedido. Dizia-se que o Estado cedia a esta sociedade a parte oeste. Quer dizer, desde que se deixasse um metro quadrado do lado nascente, podia levar todo o resto. Conservar o jardim? Não senhor, os doentes podiam passear no jardim mas o Estado é que conservava esse jardim. Mas independentemente da especulação, há uma circunstância a ponderar, é que o parque está debaixo da direcção dos serviços florestais e muito mais bem conservado que no tempo da monarquia e que nos últimos tempos do Sr. D. Fernando (...) Estou convencido de que o Sr. Ministro não virá dizer que este projecto é viável, estou certo que o Governo há-de pôr entraves por todas as formas a que seja feita  esta expoliação ao país."

Em resposta o Ministro António Maria da Silva disse: "Pelo que diz respeito ao parque da Pena,posso afirmar desde já que me hei-de opor, quanto em minhas atribuições caiba a que possa ir por diante o que se pretende. Já em tempo uma senhora Lima Mayer tinha pedido a concessão do parque da Pena, para instalar um Hotel-Casino, da parte porém, dos funcionários,que tiveram interferência no caso, houve acentuada repulsão desse pedido. E devo dizer que este parque é hoje considerado, pelos botânicos estrangeiros e touristes, como um dos primeiros arvoredos da Europa".

O Parque da Pena teve sempre grandes e valorosos defensores e contráriamente ao que muitos pensam, esta maravilha não veio para o património do Estado por confisco ou nacionalização mas por compra aos herdeiros do Senhor D. Fernando II, com o dinheiro dos contribuintes, é portanto pertença de todos os Portugueses.

A Iluminação pública eléctrica quando chegou não era para todos

A hegemonia de tipo "feudal" que caracteriza o relacionamento da "Vila" de Sintra com os demais aglomerados populacionais do território concelhio, tem assumido no decorrer do tempo várias facetas,no entanto,todas demonstrativas de alguma sobranceria,da parte do poder municipal,para com os munícipes contribuintes, residentes no termo dela.

Um exemplo ilustrativo do que dissemos, está relacionado com a iluminação pública. Este melhoramento chegou à sede do concelho, ainda no final da monarquia, cerca de 1908, todavia às diversas povoações, para além de Sintra só aconteceu algumas décadas depois. Foi o caso da Rinchoa segundo o Jornal de Sintra: "no dia 25 de Outubro de 1936 inaugurou-se a luz eléctrica naquela localidade". Quase trinta anos depois da "vila". Curiosamente ainda se encontram ao "serviço", diversos postes utilizados desde então para suporte dos condutores eléctricos, cujo traçado ainda aéreo como há cerca de 75 anos, se observa em várias zonas da urbe, um testemunho é o poste colocado a meio da  rua da Capela. Muito boa gente continua a pugnar denodamente pelo centralismo municipal, saudosa do senhor D. Miguel I, mesmo depois de comemorado o primeiro centenário da República Portuguesa. Temos Luz, isso é que importa!

 

AFINAL QUEREM MATAR-NOS!

Os ambiciosos do momento, alapam-se no governo com o beneplácito de quem os poderia legalmente remover. Querem aniquilar o que resta dos sonhos e ideais duma Revolução, na qual a maioria do povo português acreditou, poderia conduzir a uma vida melhor, um País mais solidário e fraterno: puro engano, esta gente está convencida que levando-nos para desastre económico e social, isso não os afectará pois já depositaram em bancos estrangeiros e "off-shores" o produto dos benefícios obtidos. E estão somente a vingar-se das agruras que dizem ter passado então...

Este estado de coisas não pode continuar: os mais ricos e preparados emigrando, o comércio paralisado, a industria moribunda, o desemprego uma chaga cada dia mais purulenta, a esperança fugidia. Não se pode aceitar a imposição da penúria sabendo nós, quem receita a terapêutica, já sabe que a mesma não resulta. Que fazer?

Voltar à luta como em tempos idos, porque: "Povo, tu sofres, porque te roubam, porque te perseguem, porque te oprimem e te caluniam: mas não é bem que eu vá exacerbar a tua dor e os teus ressentimentos. Não quero desencadear as tuas iras, nem acender-te no peito os desejos mesquinhos da vingança. Quero só que busques remédio a teus males, e que ao buscá-lo te mostres decidido e enérgico. Mas a decisão e a energia não excluem a generosidade e o valor. Só o cobarde é vingativo" (textos Clandestinos 1848, compilação, Marques 1990). Não deixemos que nos tirem nunca o nosso mais precioso valor: a Dignidade. Se querem matar-nos devemos resistir porque defender a vida é um direito que a Constituição de Abril nos garante.

Gomes Leal na sua "Janela do Ocidente", "visionou" o tempo que vivemos:

Há muito já que o Olimpo está vazio,

E no seio dum astro imenso e frio,

É morto O Deus do Testamento Velho

 

                                                                                           

                                                                                           

                                                                                           

 

A muito nobre e realenga Vila de Belas

A recente "degola" de Freguesias, atingiu uma das mais distintas e senhoriais das terras Portuguesas, a Vila de Belas no termo de Sintra. Estamos ligados a esta localidade não só por apreciarmos o seu valioso património natural e construído, mas também porque durante algum tempo, no período que se seguiu ao 25 de Abril de 1974, foi "assento" duma tertúlia de amigos na qual debatíamos aquilo que pensávamos ser o melhor para a Freguesia o Município de Sintra e Portugal. Bons tempos.Além disso no cemitério de Belas repousam os restos mortais do grande Português e Sintrense Leal da Câmara, cujo tumulo por vezes visitamos.

Para se aquilatar o desconhecimento da importância social e histórica de Belas, da parte de quem legislou, e acabou com sua autonomia autárquica secular, recordamos: foi sede de Concelho até 1855, no entanto durante séculos.pela amenidade do clima, ponto de passagem obrigatório da corte no caminho para Sintra, habitada por famílias nobres, serviu de pousada e estancia á mais alta nobreza do Reino. (Lavanha, 1622) relata: "Aos dezassete de Setembro (1619), foi sua Majestade e Altezas a Sintra, e de caminho el-rei passou pela fonte da agua livre, a qual se pretende meter na cidade (Lisboa), examinando-se diante de sua Majestade a quantidade de água,presente o Presidente da Câmara (de Lisboa) e outros oficiais dela. De ali foi a Belas vila de António Correa da Silva onde tem uma boa casa e jardins, nela comeu sua Majestade e Altezas, e passaram a dormir a Sintra. "Estes factos ocorreram no decurso da viagem de D. Filipe II,de Espanha, ao Reino de Portugal.

Mais tarde em 23 de Setembro de 1728, a Gazeta de Lisboa, noticiava:" A Rainha nossa senhora, foi ontem a Belas com a senhora infanta D. Francisca ver o senhor infante D. Carlos". Tratava-se da Rainha D. Maria Ana de Áustria esposa de D. João V. O infante D. Carlos,seu filho, encontrava-se doente e procurava alivio, no ambiente saudável de Belas. Faleceu em 1730, com 14 anos.O infante D.Manuel de Portugal, irmão de D. João V, nascido em 1696 viveu alguns anos em Belas onde faleceu em 1766, reinando D. José I, que o visitava com regularidade. Foi cabeça de Marquesado e Condado, adstritos aos senhores de Pombeiro e Castelo Branco D. Manuel I Duque de Beja, antes de ser rei, doou os rendimentos da igreja de Belas, as freiras do convento daquela cidade.

Artistas e autores de relevo, influentes na cultura,do nosso País,viveram ao longo do tempo na Vila. A igreja matriz,o Paço do Senhor da Serra, um dos pioneiros clubes de golf fundados em Portugal, quintas maravilhosas, uma doçaria única (fofos de Belas), são alguns dos atributos da povoação. Ironia do destino por incultura de quem pensou a "lei autárquica" reduziu esta nobre terra à condição de ostentar nome de estação ferroviária "agrupamento de freguesias Queluz-Belas". Mais prosa para quê? Doí constatar o atrevimento dos ignorantes. Belas não merecia ser tratada assim.A freguesia de Belas tem de ser reposta,por imperativo da justiça e da História.(Foto,portal manuelino da igreja matriz)

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