Celebremos a Primavera relembrando versos de Domingos Maximiniano Torres. Sintra, Rio de Mouro 1748, Forte da Trafaria Almada 1810. Dedicamos uma vez mais a "brilhantes humoristas" preclaros eruditos, para quem os subúrbios e gente que lá habita não passam de motivo inspirador para as suas "chacotas". Há mais! por "ora" leiam este...
O território do antigo município sintrense, de ameno clima, frescas sombras no estio e aconchegado tempo invernal,foi procurado ao longo de séculos,para repouso e vilegiatura de gente com posses e gosto pela calma e placidez dos lugares.
Da ribeira da jarda ao oceano atlântico, a nobreza e burguesia lisboeta endinheiradas, seguindo o gosto precursor de bispos e frades, foi edificando insignes quintas, algumas das quais ainda existem.Derrubada a monarquia, na sede do concelho os espaços deixados "vazios", pela corte , foram adquiridos pela nova classe possidente enriquecida pela tardia revolução industrial "lusa", desejosa de acrescentar a "aristocracia monetária" alguns "pergaminhos"da antiga "aristocracia de sangue" .
Personagem que melhor exemplifica esta tendência é Alfredo da Silva. Industrial, banqueiro armador, grande proprietário, considerado o mais audacioso empreendedor da península ibérica do seu tempo, nasceu em Lisboa a 30 de Junho de 1871, faleceu na sua casa de Sintra a 22 de Agosto de 1942.Alfredo da Silva ficaria órfão de pai aos 14 anos, nascido no seio de família abastada,dotado de raras capacidades de trabalho e inteligência , frequentou e concluiu curso superior de comércio em 1890 sendo o melhor do curso, laureado com o primeiro prémio instituído pela Associação Comercial de Lisboa, destinado ao aluno mais aplicado.
Com pequeno lote de acções deixado pelo progenitor,graças a rara intuição negocial conseguiu, conquistar posição de controlo na Companhia União Fabril , fundada em 1865 pelo visconde da junqueira,José Dias Leite de Sampaio,renovou e refundou a empresa que seria nome emblemático de conglomerado empresarial.
Alfredo da Silva adorava Sintra, dizia só ali podia dormir tranquilamente. No ocaso da vida fazia trajecto dos escritórios da Companhia a estação do Rossio, de automóvel, seguia depois de comboio a Sintra. Da estação a casa; Palácio dos Ribafrias,utilizava igualmente o carro.A "tabaqueira" fundada em 1927 ,iria dispor de novo complexo fabril , em Albarraque Freguesia de Rio de Mouro , termo de Sintra.
A família conhecia a predilecção de Alfredo da Silva pelas paragens sintrenses. A modelar colónia de férias para os filhos dos empregados do grupo CUF , foi construída em Almoçageme , freguesia de Colares.
O funeral realizou-se no Cemitério do Alto de São João em Lisboa. no entanto cumprindo desejo expresso do industrial ,os restos mortais seriam transladados em 1944, para mausoléu edificado no cemitério do Barreiro.
Testemunho do apego a Sintra e homenagem a sua capacidade realizadora,estátua de bronze,erigida em sua honra a 19 de Abril de 1965, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida, colocada em Albarraque,na rotunda fronteira a entrada principal da "Tabaqueira" e, arruamento de acesso ao bairro dos funcionários da empresa.
A lampreia é peixe "de inverno" nesta estação deve ser apreciado para sentir o paladar único do"bicho".A lampreia é capturada nos rios do norte de Portugal , e também no rio Tejo , principalmente na zona de Belver.Apesar de ser mais abundante nos rios minhotos, Minho Lima e Cávado, encontra-se igualmente no Rio Mondego, sendo Penacova e Montemor-o-Velho, conhecidos pela existência de restaurantes que servem o "petisco".
Do Concelho de Penacova são oriundos o casal "donatário" do restaurante onde já algum tempo costumamos "bancar" para refeição "lamprial" a lampreia vem directamente daquela vila.Há várias maneiras de servir,prefiro a variante "arroz de lampreia", mais não é que uma deliciosa "cabidela", em vez de frango tem o apreciado "pitéu".Felizmente conheço diversos locais por todo o País , onde já "manjei", lampreia.Sem receio de desmentido na Rinchoa freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra,o restaurante situado defronte do antigo "posto da Guarda Nacional republicana",Rua Casal da Serra, pode ombrear com os melhores na confecção do "arroz de lampreia". A "maestra" da cozinha mulher do proprietário, confecciona aquele prato de modo irrepreensível.Salvo algum "contratempo" sempre uma delícia.Depois na mesa acompanhado de vinho verde tinto ,procedente da região de Celorico de Basto", bebido em "malga" de barro apropriada, a degustação atinge grau de satisfação digno de todos os elogios.
Não há dúvida para apreciar lampreia não é preciso ir mais longe,basta rumar para o restaurante Vitor na Rinchoa.Bom apetite.
A denominação das artérias e outros caminhos dos aglomerados urbanos, normalmente,tem por finalidade perpetuar factos, pessoas elementos da paisagem,animais, calamidades etc...
A toponímia das povoações é valioso repositório para conhecer a história e singularidade dos sítios.
Deparamos, recentemente num recanto da freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, Área Metropolitana de Lisboa, uma rua dos "GONÇALVES". Face à "descoberta" indagámos a origem do topónimo. Descobrimos que o motivo da designação é a circunstância de residirem ali significativo numero de pessoas de apelido "gonçalves".
Esta particularidade deve estar relacionada com Asfamil aldeia próxima, antigamente conhecida como "A-DAS-FAMÍLIAS". Parece que o sentimento de pertença a "clã" familiar tem aqui tradição arreigada.
A unidade familiar, sinal de coesão entreajuda é digno de louvor, outra coisa será, justificar com essa premissa a atribuição a uma rua o nome da família maioritária que nela reside. Se a moda fosse regra, teriamos as ruas dos "silvas", dos "ferreiras", "fernandes", "costas", "coelhos" etc, etc...
A placa da rua ,deve ter sido colocada por ordem da Câmara municipal, a execução paga pelos contribuintes, objecto de deliberação da vereação da edilidade.
Simbolicamente a rua começa no "beco das vaidades" continua pela "azinhaga do caciquismo" e finda no "largo do espanto". Enfim!...