O ROBLE CENTENÁRIO DA ERMIDA DAS MERCÊS
O concelho de Sintra, abriga no seu alfoz um património variado e rico, desde o construído, ao natural até o hodiernamente designado de "imaterial", muito é desconhecido, por isso, não apreciado nem defendido. Se olharmos com atenção descobrimos, ás vezes, de forma inesperada, motivos de interesse em locais onde não seria suposto ocorrerem.
A zona das Mercês nos limites das Freguesias de Algueirão Mem-Martins e Rio de Mouro, é vulgarmente citada como exemplo de urbanismo onde os espaços verdes são muito a baixo do mínimo exigido, caso da Tapada das Mercês. Curiosamente, na orla do aglomerado a mata senhorial dos antigos proprietários conserva vestígios florestais que devidamente aproveitados como um parque de lazer urbano seria uma requalificação, que sem grande investimento permitiria aos moradores desfrutarem da natureza.
Junto à ermida setecentista de Nossa Senhora das Mercês, situada dentro dos muros da antiga Quinta do Marquês de Pombal, que apresenta sinais de progressiva ruína, existe um carvalhal formado por variedade de carvalho negral; durante séculos dominante na região, sendo o terreno fértil e regado pelas águas da fonte da ermida, o aspecto vegetativo das árvores é bom. No conjunto do roboredo, há um digno de destaque, pelo seu bojudo tronco, de perímetro quatro metros medido a altura do peito (P.A.P.), o fuste atinge quinze metros. Com estas dimensões terá cerca de duzentos anos, se atendermos que a criação da Feira das Mercês foi antes de 1771, à sombra destas árvores devem ter descansado romeiros e feirantes. Poucas cidades de Portugal, além de Sintra, possuem no seu tecido urbano exemplares silvestres deste porte.
Como na zona circulam automóveis, nomeadamente ao domingo quando se celebra missa na capela, este "Quercus robur" devia estar protegido, a coberto de eventuais colisões, seria ígualmente conveniente cortar as ramagens rasteiras, para possibilitar melhor visualização do caule grandioso do ROBLE da ERMIDA, que ficando tão perto, passa despercebido, chamarmos a atenção para tal "monumento", cumprimos um dever de cidadania.