No nosso "bairro" na Rinchoa, bem no coração do termo da antiga "vila" de Sintra, além do ar puro horizontes dilatados que abrangem a vista do oceano atlântico, dispomos de todas os benefícios da vida moderna: transportes públicos, duas estações ferroviárias em linhas electrificadas (Rio de Mouro e Meleças), autocarros vias de comunicação modernas A16, acesso a praias, quinze minutos do guincho, bancos, complexo desportivo com piscinas, super e minimercados, farmácias lavandarias, cabeleiros e barbeiros, restaurantes, pastelarias agências bancárias, notário, PSP, escolas básicas e secundárias, públicas e privadas e muito mais que seria fastidioso mencionar. Convém referir, de acordo com ranking das escolas a melhor escola privada de Portugal, o Colégio dos Plátanos está aqui. A súmula ilustra a importância da urbe, a população cerca trinta mil habitantes, tem mais expressão que 90% dos municípios portugueses. Não é um ermo ou dormitório, sim uma parcela relevante do município Sintrense. A introdução destina-se a avivar a "memória" de uns contadores de histórias sem graça, tendo falta de assunto para diatribes ousaram querer ridicularizar a nossa terra.
Além dos aspectos referidos, temos a possibilidade de adquirir diariamente, pão confeccionado na Rinchoa em forno de lenha. A padaria fica situada na rua dos cravos ,transferida para o local onde labora em 1982.O seu proprietário,sexagenário, representa uma verdadeira dinastia de mestres padeiros, já os seus antepassados faziam da panificação modo de vida. O pão fabricado tem sabor distinto e textura, aproximada da que segundo testemunhos antigos teria o denominado "pão de Meleças", de que o 1º marques de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo era apreciador, o Marquês possuía aqui perto grandes propriedades, uma das quais a tapada das mercês, fica contigua à Rinchoa. Estaremos portanto perante o último reduto onde se fabrica genuíno pão daquele tipo. A padaria da rua dos cravos na Rinchoa, merece o titulo de único "fabricante do verdadeiro pão da Rinchoa e Meleças".
O calor finalmente aperta, praia sol mar montanha, natureza os grandes espaços voltam a ser refugio da canícula, estância para devaneio e fruição da vida. O verão época de saborear comidas e petiscos que associamos a estação: sardinhas assadas vinho, cerveja gelada e ...caracóis, isso mesmo, caracóis, caracoletas assadas, moelas na grelha, pipis, pica-paus pretexto para dedo de conversa com familiares e vizinhos. Por estas bandas de Sintra na Rinchoa voltou a apelativa informação: "HÁ CARACÓIS". Podemos degustá-los em diversos locais da urbe no entanto para nós os de "O VICTOR" a grafia do nome mantem a antiga forma, são os preferidos, sabem sempre bem, acompanhados com cerveja ou vinho verde, tudo fresco e à "pressão". O estabelecimento dispondo de confortável e luminosa sala, cozinha à vista do cliente, fica defronte do antigo posto da Guarda Nacional Republicana, Rua do Casal da Serra, abriu portas à trinta anos em 1984, mantendo competência do serviço e distinção no acolhimento desde a primeira hora. Tem óptimo peixe e marisco, douradas e robalos do mar, escalados assados com mestria são deliciosos. No tempo apropriado servem arroz de lampreia dos melhores de Portugal, sem exagero conhecemos o "tema", este "estatuto" é alcançado graças a arte e engenho da chefe da cozinha, sábia senhora com talento culinário. A iguaria chega directamente de Penacova terra dos proprietários, os vinhos do Dão incluídos numa carta bem sortida são únicos e provem igualmente da região natal dos senhores da casa. Os preços das refeições tem relação adequada com a qualidade dos alimentos.
Aconselhamos em dias determinados, cozido à portuguesa servido com abundância, o bife à casa sempre disponível é de se tirar o "chapéu". Estão ai outra vez caracóis, motivo acrescido para "pousarmos" no restaurante "O VICTOR". Sem perder o fulgor da juventude entrou na idade adulta para deleite dos comensais e prestígio da cozinha Sintrense onde ocupa lugar cimeiro. Gastronomicamente aqui é sempre tempo estival, o calor da simpatia para quem chega está garantido.
Ninguém fica encalorado, o local tem ar condicionado.
A hegemonia de tipo "feudal" que caracteriza o relacionamento da "Vila" de Sintra com os demais aglomerados populacionais do território concelhio, tem assumido no decorrer do tempo várias facetas,no entanto,todas demonstrativas de alguma sobranceria,da parte do poder municipal,para com os munícipes contribuintes, residentes no termo dela.
Um exemplo ilustrativo do que dissemos, está relacionado com a iluminação pública. Este melhoramento chegou à sede do concelho, ainda no final da monarquia, cerca de 1908, todavia às diversas povoações, para além de Sintra só aconteceu algumas décadas depois. Foi o caso da Rinchoa segundo o Jornal de Sintra: "no dia 25 de Outubro de 1936 inaugurou-se a luz eléctrica naquela localidade". Quase trinta anos depois da "vila". Curiosamente ainda se encontram ao "serviço", diversos postes utilizados desde então para suporte dos condutores eléctricos, cujo traçado ainda aéreo como há cerca de 75 anos, se observa em várias zonas da urbe, um testemunho é o poste colocado a meio da rua da Capela. Muito boa gente continua a pugnar denodamente pelo centralismo municipal, saudosa do senhor D. Miguel I, mesmo depois de comemorado o primeiro centenário da República Portuguesa. Temos Luz, isso é que importa!
Na última década do século XVIII, Portugal esteve envolvido em conflitos bélicos motivados pela ameaça invasão da França e de Espanha. Para defender o nosso Pais a Inglaterra, enviou ajuda militar, que incluía regimentos de Franceses emigrados que tinham combatido a República, proclamada em França em 1789 e por esse motivo obrigados a abandonar o seu País.
Um desses agrupamentos o "Loyal Emigrant", que compreendia os regimentos do Duque de Castries e do Marquês de Mortemart, vieram a soldo dos ingleses, para Portugal ficando o regimento de Mortemart aquartelado em Oeiras, com a incumbência, de entre outras, a de guarnecer o Forte de Rio de Mouro, defesa importante dos Palácios de Sintra e Queluz. Este forte ficava onde é hoje a Rua do Jornal de Sintra em Rio de Mouro, um dos seus pontos de vigia seria o "Alto do Forte" sítio que actualmente ainda existe.
Para apoio ao regimento de Mortemart, estabeleceu-se um hospital militar em Rio de Mouro. Há noticia de alguns soldados que faleceram nesse hospital e sepultados na Igreja de Nossa Senhora de Belém. No interior eram enterrados os católicos, os luteranos no adro.
Onde ficaria o hospital? Esta pergunta fizemo-la algumas ocasiões sem encontrar resposta. No entanto como diz o povo "quem porfia sempre alcança", e um destes dias apurámos que António M. Mesquita em artigo publicado no jornal A República de 1 de Outubro de 1949, e citado por Sousa (1984,p.121) escreveu que séculos atrás, a Casa Museu Leal da Câmara na Calçada da Rinchoa "fora hospital militar durante as invasões francesas e pertenceu outrora ao Marquês de Pombal". Eis a solução para a pergunta, estamos em condições de afirmar que foi hospital para militares franceses, mas antes das invasões, porque estas só ocorreram a partir de 1807. Os regimentos de emigrados permaneceram em Portugal, desde 1793 até 1801.
Mais um motivo para uma visita à Casa Museu Leal da Câmara, não só pelo seu rico acervo, mas também, com o aliciante de podermos imaginar o que seria a casa transformada em hospital para os soldados do regimento do Marquês de Mortemart, nos finais do século XVII.
As velhas povoações merecem consideração porque fazem parte da História do Povo que as habitou, percorreu os seu caminhos cultivou as suas terras, construiu as suas casas e viveu em comunidade ao longo de muitas gerações. Algumas pessoas por descohecimento, incultura e malidiscência, falam desses Lugares, como se fossem produto de modernas "urbanizações", imaginadas por "empreendedores" e construídas em espaços sem "alma". Deste modo, aqueles que o ciclo geracional permitiu serem hoje os seus habitantes devem dentro das suas capacidades fazer o que puderem para tornar conhecido o passado da terra onde a sua vida decorre. Vem isto a propósito da RINCHOA - uma "aldeia" do Concelho de Sintra e Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, que muitos pensam ser de fundação recente, e de facto não o é.
A origem deve situar-se no começo da Nacionalidade Portuguesa, a sua importância social e económica era já relevante no século XVI como pode verificar-se pelo assento de baptismo que transcrevemos:
"Aos 20 de Março de 622 eu António Pinho paroco nesta igreja de N.Srª de Bethlem de Riodemouro, baptizei Juliana filha de P.Luis e de sua molher Juliana Luis moradores na RINCHOA. Foram padrinhos Braz Carrasco de FITARES, e Ana Alvares da Baratã, e por ser verdade assinei aqui"
Decorria o ano de 1622 no periodo em que PORTUGAL estava dominado pelos Espanhóis, curiosamente o documento refere Fitares que tal como hoje existia juntamente com a Rinchoa. A "nossa Terra" é antiga e ao provarmos isso todos que na actualidade somos seus "vizinhos", exigimos que a respeitem, porque gostamos de morar aqui.
Sintra e o seu termo é um território consolidado ao longo de séculos, pelo desenvolvimento dos sítios, os quais merecem o respeito devido ás coisas "venerandas".
Quando procedeu á remodelação da estação ferroviária de Rio de Mouro - Rinchoa, a CP encomendou à Pintora Graça Morais uma obra para oferecer ao Munícipio de Sintra, e que seria colocada na Freguesia de Rio de Mouro para ser fruída pela população. Certo é passada quase uma década, o belissimo painel de azulejo continua a não ser admirado como deve, porque a Autarquia que devia zelar por isso, nada fez.
Em 23 de Março de 2007 na Assembleia Municipal referi o estado pouco cuidado da envolvência do painel, todos estiveram de acordo com os reparos e sugestões que formulamos ..e nada foi feito para melhorarar a situação...
A cidade de Bragança tem um Centro de Arte Moderna com o nome de Graça Morais como justo reconhecimento ao talento e trabalho desta
artista de renome mundial. Actualmente está patente naquele Centro uma importante exposição do grande Pintor Júlio Pomar.
Seria uma boa altura para a Camara Municipal de Sintra dignificar esta magnífica obra de arte, colocada em espaço público, e que por isso deveria merecer os cuidados que permitissem a quem passa admirar a beleza do painel,e saber quem o idealizou. O conhecimento é parte integrante da cidadania.
As imagens que deixamos falam por si: Colunas de iluminação, sinais de trânsito, paineis publicitários tudo permanece como se estivessem
a rodear um muro forrado de azulejo e não uma criação artística! Esta panóplia de obstáculos impede visualizar na sua plenitude, a composição pictória de cunho mágico e esplendorosamente solar, que Graça Morais criou...É uma dor de alma.
Em pleno centro da Rinchoa, um "bairro" de Sintra soalheiro e com uma vista deslumbrante para a Serra, encontra-se um EUCALIPTO, uma frondosa árvore com cerca de 20 metros de altura. Cresce numa propriedade cujo nome é: CAZAL DO ROUXINOL, conforme um azulejo colocado no muro onde se pode ver a data 1940. Não será errado atribuir o plantio do eucalipto por essa altura. Tem já uma provecta idade...
Estando no interior do casal e protegido pelos muros que a envolvem não sucederá a este eucalipto, o mesmo que vem num texto do livro de leituras do antigo ensino primário (hoje ensino básico) onde se lê:
"Era meia noite, quando um velho eucalipto plantado à beira de uma estrada foi desassossegado no seu sono tranquilo por uma machadada no tronco, vibrada com alma por um camponês" (1958).
O eucalipto apesar de originário da Austrália tem uma grande difusão em Portugal desde o século XIX,quando começou a ser plantado.
O "cazal do rouxinol", confronta com a Rua da Capela assim denominada por ser onde ficava a capela da Rinchoa entretanto desaparecida.O nome do "cazal" presta tributo a uma ave frequente na região: o rouxinol, esta ave tem um canto melodioso que convida à vígilia noturna e faz esquecer o perigo que pode representar o dia. Na Rinchoa existem vários locais que referem directamente o seu nome como a "FONTE DO ROUXINOL".
Há uma quadra popular que lembra o carácter vigilante do pássaro:
Nossa senhora disse disse disse
Enquanto o "gavião" da videira subisse
Que não dormisse que não dormisse
E esta cantilena, tenta reproduzir o cantar do pássaro...
Antes de surgir a empresa "Realizadora" constituída por Leal da Câmara, e outros seus amigos para lotear a RINCHOA e parte da Quinta Grande, existiam na localidade algumas casas importantes implantadas em Quintas. Estas propriedades foram desaparecendo com o desenvolvimento do processo urbanístico, hoje só resta a memóriaténue da sua grandeza. Como eram na sua maioria para recreio e repouso dos seus proprietários, tinham muitas árvores, quer de fruto quer de sombra das quais ainda é possível encontrar nos quintais de algumas vivendas, nomeadamente, carvalhos, castanheiros, pereiras , tílias...
As quintas pertenciam a gente importante de Lisboa ligada ao comércio e a actividade forense. Um conhecido advogado, vendeu à cerca de 30 anos, a um construtor a chamada "Casa do Pinhal", situada entre a Avenida dos Plátanos e a Estrada Marquês de Pombal. Como era de esperar o passo seguinte foi o de fazer o seu loteamento.
Esta quinta tinha uma bela entrada ladeada de tílias de restam poucos exemplares. O loteamento deu origem a várias vivendas e a um arruamento ao qual foi dado o nome de Rua do Juncal, por sorte duas das árvores ficaram no passeio da rua e foram poupadas ao abate. São exemplares imponentes que na época da floração servem de local de trabalho acentenas de abelhas e exalam um aroma muito agradável.
Uma das Tílias, a primeira a esquerda da foto, tem um tronco com um perímetro a altura do peito de 2,85 metros sendo a sua idade provável UM SÉCULO!
As magnificas tilias da Rua do Juncal estão em espaço público e podem ser admiradas portodos os sentem que as velhas árvores merecem o carinho e respeito devidos aos MONUMENTOS. Seria conveniente declará-las de interesse público. Para aqueles que unicamente tentam denegrir a nossa terra, e quem cá vive, duas sugestões: cultivem-se, e já agora, tomem chá de tília...
Escrevi sobre o verdadeiro significado do topónimo "RINCHOA", "nos anos 60 os professores J.Amaral e M.L.Rocha detectaram exemplares de pereiras bravas junto da estrada 249 na Abrunheira. Ficou assim demonstrado que as pereiras bravas se dão nesta região". Já depois de ter publicado o resultado da minha pesquisa, diversas pessoas habitantes da nossa terra, há muitos anos, deram-me razão, afirmando ser vulgar nos seus tempos de criança encontrarem-se pereiras bravas em algumas encostas.
Para mim não restavam duvidas sobre este facto e, da verdade sobre o que quer dizer Rinchoa. Quem investiga nunca pode parar as suas buscas! Tinha a convicção de vir a descobrir mais Rinchoeiros, para além do existente junto a uma vivenda em obras na Avenida D.João II, entretanto derrubado pelo proprietário do terreno. Assim sucedeu, num dos habituais passeios pela Rinchoa, na encosta do Alto da Rinchoa onde situam os reservatórios de água dos Serviços Municipalizados de Água de Sintra (SMAS), encontrei entre carvalhos e sobreiros um conjunto de três Rinchoeiros.
Como se pode observar, têm um bom aspecto vegetativo ; pelo aprumo dos caules é fácil compreender a utilização que era dada, antigamente, como cabos de ferramentas agricolas, o que muito contribuia para o seu abate.
Mas a vegetação tende a ocupar os solos onde melhor se desenvolve e por isso os rinchoeiros estão de volta ao seu habitat de sempre, e se os protegermos dentro de poucos anos existirá um pequeno bosque destas árvores e a Rinchoa voltará a ter mais plantas como as que lhe deram o nome. Para mim, este foi um achado gratificante, espero, alegre todos osRINCHOENSES e os amigos da NOSSA TERRA.
Começaram a chegar à RINCHOA as primeiras andorinhas deste ano, se estiver certo o presságio a Primavera chegou. É um motivo de jubilo a volta destas pequenas "mensageiras" que anunciam o inicio dum ciclo que anualmente se repete.
É um momento de alegria e reflexão sobre a magia e desígnios da Natureza...
Isto vem a propósito dum outro facto que ocorreu aqui, e, que infelizmente não se trata dum recomeço mas dum fim que não deveria ter acontecido.
A história é curta e merece ser contada...
Na Praceta do Rouxinol, junto à Rua do Casal da Serra, existiam dois pinheiros mansos de grande porte, um dos quais tinha crescido com uma acentuada inclinação o que tornava ainda mais relevante o seu robusto tronco. Estes pinheiros eram poiso de rolas e outros pássaros, e sob as suas copas as crianças recolhiam os pinhões que as árvores largavam e na queda das pinhas cobriam o chão.
Um dia alguém, para mostrar obra, resolveu remodelar o espaço envolvente e desse "projecto" resultou terem sido colocadas lajetas de betão para cobrir o chão de terra que existia. Resultado…
Os pinheiros privados de água nas raízes, porque as lajetas IMPERMEABILIZARAM o solo SECARAM...
O que tinha o tronco inclinado já foi cortado restando um "coto" com um diâmetro de 85 cm. O outro está ainda de pé mirrado e seco à mingua de água. É uma árvore com um perímetro à altura do peito de 2,35 metros e uma altura de cerca de 7 metros.
Com estas dimensões eram exemplares com mais de 100 anos. Ironicamente no local os autores deste "genocídio" florestal colocaram uma placa pedindo respeito para o jardim. Mas os belos e antigos pinheiros porque não os respeitaram?
A incúria é a fonte de todos os males. As andorinhas voltaram mas os pinheiros elementos do quotidiano dos habitantes da Rinchoa e que tinham sido poupados pela urbanização já não voltam a largar pinhas nem a proporcionar sombra no Estio.
Foi um acto lamentável, o que podemos fazer é deixar aqui para memória futura nota deste facto.
AS ÁRVORES MORREM DE PÉ mas a incúria de quem as liquidou continuará activa, quem sabe para dar próximas provas.
Um episódio triste que os NOSSOS AMIGOS PINHEIROS E A RINCHOA NÃO MERECIAM...