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Tudo de novo a Ocidente

RUÍNAS DA AZENHA - CASAL DOS ALMARGENS, RIO DE MOURO - SINTRA

Referi neste espaço a importância da propriedade tema deste apontamento,e já dissertei acerca da azenha, a propósito da rua com mesmo nome.

Pude observar agora o edifício da moenda,construido no século XVIII,que o actual proprietário está a recuperar. 

Estamos perante edificação sem duvida construida por pessoas dispondo poder económico  para realização da obra; destinada a albergar diversas pedras moendo grandes quantidades de cereal.

Podemos observar,contrariamente as pobres e humildes azenhas aldeãs, normalmente com um piso térreo, esta possuía primeiro piso alto, destinado morada do moleiro.

A roda motriz, colocada no tardoz num amplo espaço cavado no solo em profundidade possibilitava  instalação de peça de grande diâmetro permitindo movimentar quatro mós.

Estou contente porque investigação de  simples" historiador", permitiu este encontro com vestígio testemunhando, indubitavelmente, a importância social e económica de Rio de Mouro , não só no Município de Sintra, mas também no conjunto do País.

Azenhas como esta não existiram muitas por ai fora.

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AZENHA ATÉ AGORA DESCONHECIDA

Na antiga freguesia de Nossa Senhora de Belém , de Rio de Mouro, Município de Sintra,a cujo território pertenceu até a década 1950 o da actual, autarquia Cacém-São Marcos;laboravam ao longo da ribeira de Vale de Lobos, Fitares  da Jarda, ou do Papel, no tempo das chuvas, diversas azenhas, sobre as quais já algumas vezes escrevi neste blogue.

Deparei agora no registo paroquial dos baptismos da freguesia de Rio de Mouro, anos 1740-1754,indicação de haver sido baptizado uma criança, nascida na " azenha da barroca desta freguesia".Conhecemos assim uma nova moenda, situada ao fundo da quinta da barroca,perto do lugar do Cacém, naquela época como já referi,pertencia a Rio de Mouro.

Topónimo ainda existe, como podemos ver no mapa,mandado elaborar pelos serviços urbanísticos da CM de Sintra.

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O SÍTIO ANTIGA AZENHA DE FITARES

Deparo de vez enquanto no trabalho de investigar a história do dos sitios que adoro.Encontrei algumas ocasiões  referencia "azenha de fitares"; sei mais ou menos onde ficava.Hoje na habitual caminhada no Parque Urbano da Rinchoa, Município de Sintra, notei  alguém mandara podar uma velha figueira existente , do alijamento dos ramos , apareceu a vista uma construção que antes parecia  simples muro .

Trata-se  do troço final da levada conduzia água até a roda da azenha, para com o peso do elemento liquido  a accionar.

Posso finalmente  afirmar havia na Ribeira de fitares , um dique,precisamente onde está antiga ponte pedonal de pedra,daí saía levada percorrendo terreno junto ao caminho de ferro e estação de Meleças, até a azenha no fundo da propriedade, a agua depois de fazer rodar a moenda, era aproveitada para rega da horta a partir do açude que ainda podemos observar no curso de água a seguir ao local da "azenha de fitares ". Prova superada, como diria o outro.Motivo de interesse acrescido para valorizar este maravilhoso parque em boa hora, colocado a fruição dos habitantes da Rinchoa, e todo  concelho de Sintra.

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A "VELHINHA" AZENHA DE FITARES

A água da ribeira das Jardas acerca  da qual escrevemos alguns "posts" anteriormente, fazia mover várias azenhas construídas em diversos locais das suas margens. Como se sabe as pedras de moer das azenhas eram accionadas por uma grande roda exterior à casa  da moagem. Essa roda normalmente de madeira girava por força da água que caía de determinada altura sobre as pás. Para formar essa queda construíam-se represas e canais.

Hoje irei falar sobre a Azenha de Fitares. Onde ficava? A procura duma resposta a esta pergunta permitiu que fizessemos uma descoberta: a Ponte Medieval da Rinchoa além de possibilitar a passagem era utilizada como represa através da colocação de comportas, suportadas por ranhuras feitas nas paredes laterais da ponte como se pode verificar observando com atenção o local. Deste modo obtinha-se o caudal necessário ao funcionamento do moinho.

A azenha situava-se um pouco abaixo onde termina o Caminho de Fitares, que desce da Rinchoa e ladeia o edifício do Complexo de Piscinas da Câmara Municipal de Sintra. Os documentos que encontrámos indicam que em Abril de 1705, residiam na Azenha de Fitares, João Gomes e sua mulher Ana Francisca. A queda de água que podemos ver na foto é um testemunho das  obras  executadas para a construção da "moenda".

Quem passar no local, depois de ler este apontamento, por certo, vai achá-lo ainda mais encantador. Esta nossa terra tem muito para descobrir...      

 

 

O CAMINHO PARA AZENHA DA RIBEIRA DA LAGE

O carácter rural que durante séculos caracterizou as cercanias de Lisboa, deixou na toponímia marcas irrefutáveis. A pouco mais de 15 km do centro da capital, é possível encontrar sítios com relação directa a tarefas decorrentes da actividade agricola. No concelho de Sintra, junto a antiga estrada nacional, um pouco adiante da conhecida curva da CASA DOS VASOS, encontramos a direita um caminho com a designação SERVENTIA DA AZENHA.

Esta via permitia o acesso a uma das várias AZENHAS movidas pelas águas da Ribeira da Lage. Este engenho tinha uma mó, e a água motora da roda da azenha era conduzida através duma levada, construída ao longo da ribeira desde uma represa existente na Quinta da Presa (ou represa), situada no caminho entre RIO DE MOURO e as MERCÊS. É uma distância considerável, por isso a queda proporcionava uma força motriz, suficiente para movimentar a AZENHA mesmo com caudais reduzidos.

Como o trigo abundava na região a AZENHA deveria ser muito utilizada.

Ainda hoje  observando o carreiro não é difícil imaginar o moleiro tocando o burro carregando os sacos de "pão" para moer... 

É curioso notar que o termo Azenha é mais utilizado na zona sul de Portugal, no norte normalmente emprega-se o vocábulo MOÍNHO, como demonstrou o ilustre Professor L.CINTRA. Mais um motivo de interesse, porque deste modo estamos num local de transição entre o NORTE e o SUL de PORTUGAL. OUTRA singularidade deste, OCIDENTE. 

A ORIGEM DO NOME QUELUZ - UM NOVO SIGNIFICADO

Queluz...

...é uma cidade do concelho de Sintra, que engloba as freguesias de Queluz, Massamá e Monte Abraão, foi elevada  à categoria de cidade nos anos noventa do século XX.

No preambulo do documento que lhe dá aquela distinção, são feitas algumas referências às possíveis origens do nome de Queluz; e afirma-se o que é conhecido, Queluz, segundo David Lopes e José Pedro Machado resulta da junção dos vocabulos arabes câ-vale, e Llûa-amendoeira, daí Queluz seria " O Vale das Amendoeiras".

É também referida a possibilidade de que Queluz derivaria, de montanha da luz -hoje Monte Abraão, hipotético lugar de adoração ao sol.

São conjecturas com um cunho erudito, fantasiosas demais, para serem facilmente aceites, deste modo, tem se gerado controversia sobre isso.

A toponimia,e a microtoponimia, exigem um estudo apurado de cada local, para se evitarem generalizações, e afirmações lendárias, porque a resposta está no terreno, e cada sitio é um caso...  

"Vale da Amendoeira" é um nome, bonito sem dúvida, mas, se fosse verosímel esta hipotese, deveria existir, amendoal, almendroal, amêndoa... próximo do vale, e não se verificando, é dificil de entender.

 

 

As outras possibilidades, de luz e relação com o culto solar, são demasiado abrangentes, porque existem, muitos locais onde isso se verificava, e o toponimo do sítio, não está relacionado. É dificil de provar, pode ser que tenha sido, mas é outra lenda.

É possível que, a origem do nome, seja mais prosaica, e entendível, se for tido em conta, o meio envolvente, onde Queluz se situava.

Queluz, foi sempre um local, de grande beleza, e ameno clima. Exercendo algum fascinio, sobre os nobres da Corte, que nela foram edificando as suas quintas ao longo dos séculos.

Na Quinta confiscada ao Marquês de Castelo Rodrigo, foi construído o Palácio Real de Queluz, onde D. Maria e sobretudo D. João VI, gostavam de permanecer. D. João, Regente do Reino, adorava Queluz, e tinha decidido elevar a aldeia a vila, com o nome de "Vila Nova do Principe da Beira", o que não se concretizou, por causa das invasões francesas, e consequente retirada da Familia Real para o Brasil.

No Palácio de Queluz nasceu D. Pedro que foi Imperador do Brasil e Rei de Portugal, curiosamente morreu no quarto onde nasceu...

Queluz ficava como hoje, no caminho de Lisboa para Sintra, cujo trajecto era das Portas de Benfica, Amadora, Queluz, Agualva, Rio de Mouro e Ramalhão.

Antes de se alcançar Queluz, durante séculos, ficava um local insalubre e miseravel, "Porcalhota", que era uma espécie de "burrieira" isto é local de paragem dos burros, que transportavam cargas para a capital. Porcalhota era de facto uma terra, objecto de todas as "chacotas", de aspecto sujo e paupérrimo.

Como contrapartida a isto, passada a Porcalhota, deparava-se ao caminhante um sítio limpo e arejado, cheio de cor, atravessado por uma ribeira de águas cristalinas (o jamor), bordejada de hortas e azenhas e, as encostas das margens cobertas de sobreiros e carvalhos de que resta a pequena amostra da "matinha ", casas e quintas  solarengas, enfim um local onde tudo luzía, daí dizer-se que era ali  "que luz", isto é, se distinguia, que fazia muita vista, vistoso, de grande importância,  por contraponto à "Porcalhota", nasceu o sítio que luzía...QUELUZ.

Esta deve ser a origem deste topónimo único na nossa Toponimia. E passados séculos se transformou na progressiva urbe de Queluz. 

 

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