Rua da Fonte artéria, liga calçada da Rinchoa, a Rua da Capela no "estado livre da Rinchoa", definição "fantasista" do professor Leal da Câmara.
No inicio da via numa curva, viceja um cedro,provavelmente "octogenário", em zona de ventos fortes tem particularidade de apresentar tronco direito como "fuso". A madeira do cedro não apodrece, era utilizada para vigamento das antigas construções.Oxalá, a verticalidade do fuste não desperte " tentação " de alguém utilizar para trave de qualquer "mansão".
Curiosamente perto desta encontram-se, outras duas árvores de vetusta idade, um freixo e a nossa conhecida "sobreira da Rinchoa", soma de idades desta "trindade arbórea" ultrapassa 300 anos. Nada mal. .
O sol tem influência em todos aspectos da vida humana,fonte de calor e luz, razão da nossa existência, sem irradiação solar vivificante a vida seria impossível. Nas comunidades rurais do hemisfério norte durante séculos o ritmo das sementeiras e colheitas, acompanhava o ciclo do movimento anual aparente do astro rei.
O equinócio da primavera,alertava para a premência das sementeiras, os dias começam a crescer, a luz solar permite aproveitar melhor os dias. No começo do Verão o solstício, uma "pausa" para preparar a colheita, escolher onde acondicionar o produto do labor, passados os calores estivais, na entrada do Outono outro equinócio marca a descida do sol no horizonte a noite escura e fria volta a ganhar em duração ao dia luminoso e quente, altura de fazer balanço do resultado do ano agrícola. Finalmente o solstício do inverno, outra ocasião em que o sol parece deter-se por momentos, os povos receavam que as trevas continuassem a progredir no entanto a luz vence. Os dias principiam a proporcionar maior período de claridade o sol no centro do cosmos eleva-se de novo e retorna a alternância eterna das estações,periodo de esperança no porvir.
A luz solar possibilitou medir o tempo,recorrendo ao avanço da sombra dum instrumento cravado sobre uma pedra na qual se gravavam as horas. Este dispositivos denominam-se relógios de sol.Outrora em grande número restam alguns exemplares como este datado de 1856 e visível "empoleirado" no beiral do telhado da capela de Nossa Senhora da Consolação, lugar de Assafora,termo de S. João das Lampas no município de Sintra, distrito de Lisboa, sítio dos mais ocidentais do território de Portugal. Quem sabe o relógio solar mais a oeste da Europa continental, ainda a funcionar? É possível verificar a hora que obtivemos a imagem...
A hegemonia de tipo "feudal" que caracteriza o relacionamento da "Vila" de Sintra com os demais aglomerados populacionais do território concelhio, tem assumido no decorrer do tempo várias facetas,no entanto,todas demonstrativas de alguma sobranceria,da parte do poder municipal,para com os munícipes contribuintes, residentes no termo dela.
Um exemplo ilustrativo do que dissemos, está relacionado com a iluminação pública. Este melhoramento chegou à sede do concelho, ainda no final da monarquia, cerca de 1908, todavia às diversas povoações, para além de Sintra só aconteceu algumas décadas depois. Foi o caso da Rinchoa segundo o Jornal de Sintra: "no dia 25 de Outubro de 1936 inaugurou-se a luz eléctrica naquela localidade". Quase trinta anos depois da "vila". Curiosamente ainda se encontram ao "serviço", diversos postes utilizados desde então para suporte dos condutores eléctricos, cujo traçado ainda aéreo como há cerca de 75 anos, se observa em várias zonas da urbe, um testemunho é o poste colocado a meio da rua da Capela. Muito boa gente continua a pugnar denodamente pelo centralismo municipal, saudosa do senhor D. Miguel I, mesmo depois de comemorado o primeiro centenário da República Portuguesa. Temos Luz, isso é que importa!