Numa terça-feira 18 Fevereiro de 1947,faleceu de velhice, em sua casa na localidade de Paiões,Rio de Mouro Sintra, Arnaldo Redondo Adães Bermudes,arquitecto insigne personalidade na arquitectura e vida social portuguesas de todos os tempos.
Republicano, membro da maçonaria, tendo sido iniciado na loja "FIAT LUX",sediada na cidade do Porto; terra da sua naturalidade. Adoptou no universo maçónico nome simbólico de Afonso Domingues.
Deixou muitos projectos, os quais também acompanhou a execução, dada a sua formação de engenharia.
Curiosamente local onde ao longo dos anos, milhares de pessoas esperam que sorte lhe sorria : sala de extracções da lotaria da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, inaugurada em 1903, é projecto seu.
O funeral sem pompa nem grandezas realizou-se para , o cemitério paroquial de Rio de Mouro, em campa rasa " HIC JACET ".
O largo onde se situa a casa onde viveu, tem o seu nome, igualmente em Lisboa, freguesia de Marvila está rua com identica designação.
No oriente eterno onde finalmente descansa, talvez, fique satisfeito porque alguém como ele conhece acácia, não esqueceu; recordar, deve ser timbre dos bons e justos irmãos. R. I. P.
Francisco dos Santos, escultor talentoso, natural do concelho de Sintra, nasceu em 1878 na localidade de Paiões, freguesia de Rio de Mouro, acerca do qual escrevi, aqui alguns apontamentos.
Por ocasião do falecimento, em Maio de 1930,tendo em conta o seu prestigio importância da obra realizada,os companheiros casapianos, colegas de estudo na prestimosa instituição Casa Pia de Lisboa,tomaram iniciativa da construção de monumento mausoléu, no cemitério de Benfica, onde está sepultado.Este objectivo foi concretizado.
No município de Sintra, por proposta do vereador, camarário, Correia de Freitas, antigo presidente da Junta de Freguesia de Rio de Mouro, a Câmara Municipal , deliberou por unanimidade,atribuir seu nome a uma rua da Vila; cumpriu-se essa decisão.
Todavia, Correia de Freitas, teve, igualmente, intenção de perpetuar memória deste nosso emérito conterrâneo, na localidade onde veio ao mundo, como podemos constatar, em noticia publicada no Jornal " SINTRA REGIONAL " Julho de 1930 :
Para concretizar, esta ideia, sugiro a quem direito,o seguinte:
No centro do largo, sobre uma coluna seja colocada réplica , esculpida no mármore de Pêro Pinheiro, do busto da Republica, obra de Francisco dos Santos, ganhou o primeiro prémio do concurso, promovido, pela Câmara Municipal de Lisboa, no inicio do regime republicano em Portugal.Na coluna seria gravada inscrição :
"EM MEMÓRIA DO ESCULTOR FRANCISCO DOS SANTOS,ILUSTRE NATURAL DESTA TERRA"
Assim também este desejo de justa merecida homenagem ao nosso imortal conterrâneo, será concretizado. Não vou desistir...
Por diversas ocasiões tive oportunidade de falar acerca do significado do topónimo, que hoje escolhi, e designa localidade da freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra: Paiões. O topónimo deriva de "pão" nome popularmente atribuía ao trigo, sendo terra fértil para a cultura daquele cereal, onde se cultivavam extensas propriedades, a aldeia ficou conhecida por: "terras de muito e bom pão" - Paiões.
Se dúvida restasse, no cimo da povoação, encontramos um amplo terreiro onde seria local da debulha, e secagem do pão. Apesar de actualmente servir de sitio de pastagem de equídeos.
O caminho de acesso aquele local, é apropriadamente designado de:
Quando a investigação é cuidada, quase sempre os resultados são certos. Aqui não há dúvida.
No lugar de Paiões, freguesia de Rio de Mouro funcionou pelo menos até 1983, o preventório destinado a albergar, rapazes filhos de pessoas portadoras de tuberculose para os resguardar do contágio da doença dos progenitores.
O estabelecimento na dependência da Junta distrital de Lisboa, beneficiava de rendimento das casas dos bairros Dr. Mário Madeira, propriedade da junta, situados na Pontinha e Urmeira.
A "obra social Alvor" podia receber até 84 crianças entre os 5 e os 10 anos. Várias entidades e mecenas contribuíam para manutenção do "Alvor": fundação Cardeal Cerejeira, União das Juntas de Freguesia e General Costa Macedo.
Implantado num lugar "lavadissimo de ares " na actual rua que ostenta o nome da instituição, o preventório foi instalado em Paiões, pela fama de pureza benéfica para as doenças do foro respiratório, que goza a atmosfera da freguesia de Rio de Mouro.
Quando da revolução de 25 Abril 1974, a instituição sofreu vicissitudes, motivadas pelas sucessivas altercações do denominado "PREC".
O decreto - lei 50/83 de 31 de Janeiro 1983, extinguiu a autarquia distrital, integrou o "internato de menores" denominado "ALVOR", situado em Paiões Rio de Mouro na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
A partir dessa data, o lento período crepuscular iniciou-se e as instalações degradadas apresentam hoje o aspecto da imagem.
Foi um acaso de repente encontrei bordejando o antigo caminho da fonte, hoje seca, um majestoso centenário pinheiro manso, fazendo fé das informações dos vizinhos do lugar de Paiões, freguesia de Rio deMouro termo da vila de Sintra. Um deles afirmou que tendo nascido em 1938, sempre se lembrava do "pinheiro manso", já grande. Resistiu ao ciclone de 1941 as vetustas raízes regadas pela água da mina que alimentava a fonte, explicam o vigor e grossura do fuste e ampla copa sob a qual descansavam as moças nas idas à bica.
A artéria onde vegeta e serve de poiso a colónias de rolas que debicam nas pinhas os pinhões tem pouco movimento, só os moradores sabiam da existência desta bela árvore, considerada símbolo da imortalidade devido a folha persistente e resina que segrega ser de incorruptibilidade conhecida.
O epíteto de "pinheiro da fonte" será a referência identitária. Oxalá continue com exuberância vegetativa e resistência as intempéries para continuarmos a admirá-lo, parte integrante do passado da aldeia singular onde cresceu sem cuidados especiais e livre em espaço de todos. Monumento vivo prova de amor e bondade de Deus que se manifesta no carácter misterioso e divino dos prodígios da natureza desde a pequenina folha a mais imponente das montanhas.
O ilustre arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, nasceu na cidade do Porto em 1 de Outubro de 1864 e faleceu em Sintra na aldeia de Paiões em 18 de Fevereiro de 1947, os seus restos mortais repousam no cemitério de Rio de Mouro.
Decorrendo nesta data, o dia dedicado aos sítios a arte e memória que eles encerram, pareceu-nos adequado recordar este nosso conterrâneo e um dos seu projectos, junto ao mesmo passam diariamente centenas de pessoas e no qual nem reparam. Apesar de ter sido o primeiro prédio construído para rendimento que mereceu ser galardoado com o PRÉMIO VALMOR de arquitectura, no já longínquo ano de 1909.
O prédio situa-se na Avenida Almirante Reis, esquina para o Largo do Intendente, na cidade de Lisboa.
Ainda hoje apresenta um aspecto de modernidade e beleza, características do talento de Bermudes. Merece pois ser referido e admirado, como exemplo de algo que sendo singular é intemporal.
foto publcada na "Ilustracção Portuguesa" em 3/5/1909