O sopro devastador da ventania que derruba árvores, arrancando-as do solo ou partindo-as, com a facilidade de quem dobra um junco, parece em certos casos com carinhoso desvelo, poupar as mais humildes plantas, ao contrário do que faz "com carvalhos austeros e cedros religiosos". (Eça de Queiroz).
Os prejuízos causados pelo último grande temporal, derrubando milhares de árvores, em parques e jardins de todo o concelho de Sintra, orçam em milhões de euros.
No entanto, por desígnio misterioso, o sopro iracundo do vento, deixou incólume um pequeno pinheiro nascido no telhado duma casa desabitada, situada em pleno bairro de S. Pedro da Vila de Sintra, fronteiro a um conhecido restaurante à primeira vista, poucos se atreveriam admitir que resistisse, sem tombar a exemplo do que sucedeu com inúmeras árvores nas redondezas.
O vento nem sempre tudo leva, o pinheiro lá continua. Neste caso dos fracos reza a história!
Uma rara "associação" entre dois tipos de árvores de tipo muito diferente, pode constatar-se na alameda dos cedros que ladeiavam a antiga entrada da quinta de Fitares, na Rinchoa que tinhamos tratado em anterior "post":
O facto conta-se, de modo simples. Há muito tempo, num dos grossos troncos de um dos cedros, germinou uma palmeira, que já apresenta um aspecto vegetativo razoável. Com os temporais que ultimamente assolaram Portugal, causando grandes estragos no concelho de Sintra, onde a ventania derrubou centenas de árvores, muitas delas de grande porte e provecta idade. No local de que estamos a reportar-nos, as ramadas dum cedro, foram partidas e tiveram de ser cortadas. Destes trabalhos resultou que sem a copa um cedro ostenta agora sobre o seu imponente tronco a palmeira, o conjunto é uma raridade, prova que na natureza tudo parece possível. A foto dá disso uma ideia. Quem passa não repara quem sabe, depois desta notícia, talvez se torne curiosidade.
Vem a propósito o poema Toada de Portalegre, de José Régio. "A cada raminho novo que a tenra palmeira deitar, será uma alegria".
O Cabo da Roca, a ponta mais ocidental do continente europeu proporciona sempre imagens de grande beleza em qualquer ocasião. Durante o Inverno, quando o vento sul impele as ondas do mar contra as escarpas e o céu coberto de nuvens, acentuam o perfil da montanha da qual faz parte. O barrão como as gentes de Sintra designam a: "roca " que quase sempre assinala o horizonte do promontório, nestas circunstâncias é ainda mais visível. Esta particularidade é a origem do nome do Cabo da "Roca".
Com os votos de Boas Festas, deixamos uma perspectiva do mesmo, visto da Praia do Guincho no dia 19 do corrente.