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Tudo de novo a Ocidente

A Iluminação pública eléctrica quando chegou não era para todos

A hegemonia de tipo "feudal" que caracteriza o relacionamento da "Vila" de Sintra com os demais aglomerados populacionais do território concelhio, tem assumido no decorrer do tempo várias facetas,no entanto,todas demonstrativas de alguma sobranceria,da parte do poder municipal,para com os munícipes contribuintes, residentes no termo dela.

Um exemplo ilustrativo do que dissemos, está relacionado com a iluminação pública. Este melhoramento chegou à sede do concelho, ainda no final da monarquia, cerca de 1908, todavia às diversas povoações, para além de Sintra só aconteceu algumas décadas depois. Foi o caso da Rinchoa segundo o Jornal de Sintra: "no dia 25 de Outubro de 1936 inaugurou-se a luz eléctrica naquela localidade". Quase trinta anos depois da "vila". Curiosamente ainda se encontram ao "serviço", diversos postes utilizados desde então para suporte dos condutores eléctricos, cujo traçado ainda aéreo como há cerca de 75 anos, se observa em várias zonas da urbe, um testemunho é o poste colocado a meio da  rua da Capela. Muito boa gente continua a pugnar denodamente pelo centralismo municipal, saudosa do senhor D. Miguel I, mesmo depois de comemorado o primeiro centenário da República Portuguesa. Temos Luz, isso é que importa!

 

LUA-DE-MEL DE ADÃO E EVA EM SINTRA: CONTADA POR LEAL DA CÂMARA

Leal da Câmara além de talentoso pintor, possuía um sentido de humor mordaz e caustico, sempre presente nas suas intervenções públicas. Para a palestra proferida em 1944, no âmbito do Congresso da Rinchoa, tendo como temática o desenvolvimento do Concelho de Sintra. Numa comunicação sobre a "história dos transportes para Sintra" escreveu:

 

 

"Sabem V.Xªs que o Adão, quando casou com a Dona Eva, resolveu, após o copo de água ir passar a lua de mel para um recanto sossegado, com maus caminhos, más estradas, má limpeza e outras faltas de arranjo. Hesitou, como era natural, pois tinha muito por onde escolher, mas Jeová, talvez por judiaria, disse-lhe; vai para Sintra e seu concelho. E ele assim fez. A primeira dificuldade foi o processo de deslocação, mas Adão, espírito dinâmico e inventivo criou o primeiro transporte que a humanidade conheceu: O Pédibus calcantíbus, realmente  a obra ficou de tal forma perfeita que desde então até hoje, o andar a pé, é ainda o uso de muita gente, embora com pequenas alterações que vão desde a sandália até á sola de borracha. Assim aquele ditoso casal meteu pés a caminho...e vem por aí fora a gozar a paisagem (...).

Chegaram finalmente a Sintra. As exaltações sucederam-se: isto é um paraíso, isto é o verdadeiro Éden, aqui é que vai ser o Jardim da Europa; isto vai ser a verdadeira sala de visitas, etc, etc.

Os de lá espantados com tanta admiração, fizeram um raciocínio rápido, isto é assim, então não é preciso fazer mais nada. E desde então até hoje, salvo pequenas excepções, tudo se mantém, como homenagem, a tão ilustres visitantes".

 

Uma crítica contundente, ao imobilismo e à snob indiferença que alguns sectores da sociedade da vila de Sintra, durante dilatadas épocas, trataram tudo quanto era inovação. Leal da Câmara, sátiro incorrigível não perdia oportunidade de zurzir "as gloriosas tradições do paraíso sintrense", como ironicamente, denominava aquele tipo de comportamento.Talvez por isso, a governança da vila pouco afecto dedicava ao Mestre, e à sua obra.A foto mostra a rua do Palácio valenças em 1964...

 

HISTÓRIAS DO PALÁCIO DA VILA DE SINTRA

A imagem cenográfica do Palácio de Sintra, ex-líbris do nosso concelho, fotografada centenas de vezes por dia ao longo de todo o ano, está difundida por todo o mundo, porventura muitos dos que se encantam com a silhueta das gigantescas chaminés, não fazem ideia das histórias tristes ocorridas naquel Palácio Real ao longo dos séculos.

De todas elas destaca-se, em nossa opinião, a relacionada com D. AfonsoVI que a maioria do Portugueses, já ouviu falar. Em resumo os factos foram os seguintes:

D. Afonso casou em 1666, com a princesa Dona Maria Francisca Isabel de Sabóia, em 2 de Novembro de 1667, aquela senhora entrou no convento da Esperança em Lisboa, donde pediu a nulidade do casamento, afirmando que o mesmo não se consumara por inabilidade fisica do Rei. O casamento foi anulado depois dum escabroso processo, findo o qual a princesa de Sabóia casou com o cunhado, o Infante D. Pedro.

D. Afonso VI, foi recluso durante seis anos no Castelo de Angra nos Açores, e depois no Paço de Sintra, dez anos, vindo a falecer em 12 de Setembro de 1683, quando ouvia missa na capela do Paço. A desgraça do desditoso Rei entrou no imaginário popular, de tal modo que no século XIX, circulava um poema de autor anónimo, relacionado com este episódio, cujo teor é o seguinte:

 

Eu fui livre,fui rei e fui marido

Sem reino,sem mulher,sem liberdade,

Tanto importa não ser,como haver sido:

  

A Portugal só deixo esta verdade,

 

A meu irmão só deixo este memento

Este é de Afonso VI o testamento

 

Ironicamente, D.Afonso VI passou para posteridade com o cognome de VITORIOSO, o que não deixa de ser uma partida do destino, tendo nascido em 21 de Agosto de 1643, viveu 40 anos, dezasseis dos quais prisioneiro sem culpa formada, deixando no lagedo de um dos monumentos mais visitados de Portugal a marca do seus passos, como lembrança da clausura a que o condenaram, por interesse do Estado, e do seu irmão.

 

                                                           

A ORIGEM DO NOME QUELUZ - UM NOVO SIGNIFICADO

Queluz...

...é uma cidade do concelho de Sintra, que engloba as freguesias de Queluz, Massamá e Monte Abraão, foi elevada  à categoria de cidade nos anos noventa do século XX.

No preambulo do documento que lhe dá aquela distinção, são feitas algumas referências às possíveis origens do nome de Queluz; e afirma-se o que é conhecido, Queluz, segundo David Lopes e José Pedro Machado resulta da junção dos vocabulos arabes câ-vale, e Llûa-amendoeira, daí Queluz seria " O Vale das Amendoeiras".

É também referida a possibilidade de que Queluz derivaria, de montanha da luz -hoje Monte Abraão, hipotético lugar de adoração ao sol.

São conjecturas com um cunho erudito, fantasiosas demais, para serem facilmente aceites, deste modo, tem se gerado controversia sobre isso.

A toponimia,e a microtoponimia, exigem um estudo apurado de cada local, para se evitarem generalizações, e afirmações lendárias, porque a resposta está no terreno, e cada sitio é um caso...  

"Vale da Amendoeira" é um nome, bonito sem dúvida, mas, se fosse verosímel esta hipotese, deveria existir, amendoal, almendroal, amêndoa... próximo do vale, e não se verificando, é dificil de entender.

 

 

As outras possibilidades, de luz e relação com o culto solar, são demasiado abrangentes, porque existem, muitos locais onde isso se verificava, e o toponimo do sítio, não está relacionado. É dificil de provar, pode ser que tenha sido, mas é outra lenda.

É possível que, a origem do nome, seja mais prosaica, e entendível, se for tido em conta, o meio envolvente, onde Queluz se situava.

Queluz, foi sempre um local, de grande beleza, e ameno clima. Exercendo algum fascinio, sobre os nobres da Corte, que nela foram edificando as suas quintas ao longo dos séculos.

Na Quinta confiscada ao Marquês de Castelo Rodrigo, foi construído o Palácio Real de Queluz, onde D. Maria e sobretudo D. João VI, gostavam de permanecer. D. João, Regente do Reino, adorava Queluz, e tinha decidido elevar a aldeia a vila, com o nome de "Vila Nova do Principe da Beira", o que não se concretizou, por causa das invasões francesas, e consequente retirada da Familia Real para o Brasil.

No Palácio de Queluz nasceu D. Pedro que foi Imperador do Brasil e Rei de Portugal, curiosamente morreu no quarto onde nasceu...

Queluz ficava como hoje, no caminho de Lisboa para Sintra, cujo trajecto era das Portas de Benfica, Amadora, Queluz, Agualva, Rio de Mouro e Ramalhão.

Antes de se alcançar Queluz, durante séculos, ficava um local insalubre e miseravel, "Porcalhota", que era uma espécie de "burrieira" isto é local de paragem dos burros, que transportavam cargas para a capital. Porcalhota era de facto uma terra, objecto de todas as "chacotas", de aspecto sujo e paupérrimo.

Como contrapartida a isto, passada a Porcalhota, deparava-se ao caminhante um sítio limpo e arejado, cheio de cor, atravessado por uma ribeira de águas cristalinas (o jamor), bordejada de hortas e azenhas e, as encostas das margens cobertas de sobreiros e carvalhos de que resta a pequena amostra da "matinha ", casas e quintas  solarengas, enfim um local onde tudo luzía, daí dizer-se que era ali  "que luz", isto é, se distinguia, que fazia muita vista, vistoso, de grande importância,  por contraponto à "Porcalhota", nasceu o sítio que luzía...QUELUZ.

Esta deve ser a origem deste topónimo único na nossa Toponimia. E passados séculos se transformou na progressiva urbe de Queluz. 

 

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