Antiga importância industrial do núcleo urbano do vulgarmente referido como Rio de Mouro Velho, no concelho de Sintra, pouco resta. Ruinas de lagares de azeite, e vinho, reminiscências da importância agrícola, da região em tempo não muito distante; onde chegou existir sindicato da lavoura.
Sobressaindo na paisagem, altaneira chaminé da fabrica de tinturaria e estamparia, laborou desde 1771, até anos vinte do século passado.
As casas do bairro operário, ladeando antiga estrada de Lisboa-Sintra, completam lembranças do tempo, onde maioria da população residente na localidade ganhava parco pão, trabalhando arduamente, na fabrica, auferindo, como afirmou o dono do estabelecimento fabril, " salários baixíssimos ".
Memória, vestígio relevante, da história da nossa terra, merece; não sendo possível, adquirir o local onde se encontra, seja pelo menos, feito levantamento fotográfico,e inventariadas as características construtivas, como legado as gerações vindouras
Quando falamos em produção de vinhos no concelho de Sintra, o mais populoso da área metropolitana logo a seguir a Lisboa, vem a memória a região demarcada de Colares, todavia a importância vinícola, não se restringia ao rincão colarejo.
Antigamente o território sintrense produzia quantidade importante de vinho, destinado abastecimento da capital do País e também exportação. A qualidade do mosto digna de nota, permitiu existência de numero significativo de produtores. Uma zona rica em vinho, freguesia de Rio de Mouro, incluía terrenos actualmente integrados nas freguesias de Agualva-Cacém e Algueirão Mem-Martins.
Historiadores como Pinho Leal e Esteves Pereira, reportam essa característica. O ilustre republicano Ribeiro de Carvalho, na quinta do Zambujal situada no Cacém, produzia vinhos em qualidade e quantidade. Na quinta de São Pedro, onde está o hipermercado Continente, Cemitério paroquial de Rio de Mouro na encosta do eucaliptal do Monte da Parada, estavam plantadas videiras da casta sanguinhal. A vinha manter-se-ia até a década 50 do século XX, quando a pressão urbanística começou a "arrasar" tudo.
Sendo verdade, parece lendário. Numa antiga casa quinta em Rio de Mouro Velho, tive ensejo de constatar a justeza da história: lagar de pedra, pipas de grande capacidade, utensílios para engarrafamento, diversos apetrechos relacionados com a faina vitivinícola guardados em espaçosa construção propositadamente erigida para adega, atestam a antiga actividade "báquica". Nas freguesias urbanas do concelho de Sintra o terreno foi chão que já deu uvas.
A ocidente as novidades não cessam de nos surpreender…
O senso comum associa certas imagens a um determinado contexto geográfico. Em Portugal, se pensarmos no Outono e nos vinhedos, o pensamento dirige-se para o Douro, Bairrada e Alentejo, onde se encontram, a maioria das vinhas do país. É uma apreciação redutora das cores do Outono matizado pelas folhas das videiras.
No Algarve, que significa “Ocidente" em Árabe, porque era o oeste do Andaluz medieval, o Outono também origina paisagens de grande beleza, onde as parras vão mudando de cor e enfraquecendo até que os ventos fortes do Inverno as lancem ao chão.
O Algarve é uma região adequada à produção do vinho, infelizmente, durante séculos as suas vinhas foram perecendo até que em meados do século XX com a constituição de adegas cooperativas, se iniciou um lento mas consolidado processo de recuperação dos vinhos algarvios.
Nos nossos dias, as áreas de Lagos, Portimão, Guia e sobretudo em Lagoa, é possível encontrar explorações agrícolas que laboram vinhos de qualidade. Uma das melhores vinhas do Algarve propriedade de um conhecido cantor pop inglês está plantada, na freguesia da Guia, concelho de Albufeira produzindo os vinhos para a adega do cantor.
É uma vinha com dezenas de hectares disposta numa colina, virada ao oceano, além de bom vinho oferece-nos um quadro outonal que muitos não imaginam possível no Algarve.
Sob o luminoso e azul céu algarvio o Outono é também uma estação esplendorosa.
Nas bermas da estrada de Colares, em particular na Várzea, junto à Adega Regional, existem numerosos plátanos de provecta idade e porte altivo que dão ao percurso um ar agradável em qualquer estação do ano.
A Adega Regional de Colares, foi instituída em 1930 como medida para se proteger a qualidade do vinho de Colares, que no dizer de Ferreira Lapa "era o vinho mais francês que possuíamos".No entanto, para aumentar a sua graduação os produtores misturavam-lhe aguardente transformando um bom vinho numa mistela...
Ao tempo da construção da Adega já existiam os plátanos frondosos que hoje podemos admirar desde a ponte da Várzea até ao Banzão no caminho da "Praia". São exemplares centenários nos quais os automobilistas apressados nem reparam.
A sombra destas árvores protegeu a fermentação de muitos "caldos" de boas colheitas que estagiaram dentro da Adega. Merecem pois que brindemos à sua saúde esperando no futuro sejam devidamente apreciados.
Para isso no local deveria colocar-se um painel informativo, chamando à atenção para estas imponentes árvores.
Os plátanos da Adega Regional de Colares são um dos "monumentos vivos" que povoam o Município Sintrense.
Um verdadeiro ex-líbris da antiga e nobre Vila de Colares...