Retomando temática do anterior post; em 1935 na extinta Assembleia de Sintra, funcionou na Vila Velha de Sintra, Tude Martins de Sousa, proferiu notável conferência , mais tarde editada pela Comissão de Iniciativa e Turismo de Sintra, e onde segundo José Alfredo da Costa Azevedo meu querido amigo e correligionário entre outras curiosidades podemos ler :
O Casal de Paiões , em Rio de Mouro foi aforado em 1504, reinado de D. Manuel I, por dez quarteiros de pão meado,dois carneiros , bolos , um pucaro de manteiga e QUEIJADAS, para o Convento de Santo Eloi.
O Casal do Cotão também em Rio de Mouro, foi aforado em 1585, já no domínio espanhol , reinado de Filipe II de Espanha e primeiro de Portugal.
O foro eram dez quarteiros de pão meado de trigo e cevada,três galinhas, um alqueire de grão, a pagar por Santa Maria de Agosto doze bolos,doze ovos e um carneiro, a pagar pela Páscoa, e mais DOZE QUEIJADAS.
Como pretendia demonstrar, aqui fica prova em Rio de Mouro, já existiam no seculo XVI, queijadas rústicas, por certo diferentes das " finas " da actualidade, mas mesmo assim queijadas. O resto nem vou perder tempo a responder...
Quem havia dizer? Foi demonstrado por Tude Martins de Sousa, conforme relata o meu saudoso amigo e ilustre Sintrense José Alfredo no seu volume III das velharias de Sintra.
Vou deixar por hoje as queijadas, focando a personalidade de Tude de Sousa. Natural da antiga vila da Amieira,concelho de Nisa,ao tempo Priorado do Crato, veio ao mundo em 1874 precisamente século e meio.
Filho de gente humilde,revelando inteligência superior ; a patroa da casa onde a mãe trabalhava como domestica, sendo pessoa abastada tomou a cargo a educação da criança; frequentou o Seminário de Portalegre, no entanto, sentindo falta de vocação, para a vida eclesiástica,abandonou essa via.
Continuou estudando, concluiu com grande e brilhante sucesso formação de Regente Agrícola na Escola de Coimbra,trabalhou depois como ecónomo no estabelecimento correccional de jovens delinquentes em Vila Fernando, Elvas.
A vida no campo atraiu-o sempre, por isso concorreu sendo seleccionado para coordenar plano de reflorestação da serra do Gerês, tarefa levada a cabo com competência e dedicação exemplares.
A acção pedagógica desenvolvida junto das populações permitiu ultrapassar animosidade ao desenvolvimento dos trabalhos. A permanência no Gerês, durou uma década.
O Parque Natural da Peneda Gerês existe hoje,um dos obreiros maiores foi Tude Martins de Sousa.Como preito e agradecimento, Governo da Republica deliberou em 1927, atribuir o seu nome ao parque existente na Vila das termas do Gerês.
Republicano assumiria 1912, direcção da Colónia Penal de Sintra, a frente da qual se manteve até aposentação em 1944.
O trabalho realizado neste estabelecimento foi de gabarito merecendo louvores não só em Portugal,mas também, no estrangeiro nomeadamente Estados Unidos, e Inglaterra. Tal seria o eco que vinham especialistas a Sintra estudar, métodos de trabalho da Colónia Penal , para imitarem nos respectivos países.
Integrou a comissão encarregue de criar a Colónia Penal agrícola de Alcoentre, onde a exemplo de Sintra concretizou projecto exemplar.
Ao seu labor ficou associada a recuperação da Escola Agrícola da Paiã, hoje concelho de Odivelas.
A proximidade com a família que o ajudou na infância e juventude , manteve-se até ao fim, é por esse facto que Tude Martins de Sousa, vem a frequentar Rio de Mouro.
Adães Bermudes, arquitecto autor e construtor de centenas de edifícios escolares, já ao tempo dono de quinta em Rio de Mouro, recebeu encomenda da escola primária de Gafete, custeada pelo barão do mesmo nome, parente da benfeitora do nosso biografado.
Assim, conheceu senhora da família Cambournac, natural do lugar do Papel da freguesia de Rio de Mouro com quem viria a contrair matrimónio na igreja paroquial de Nossa Senhora de Belém em 1908.Testemunha presencial o Barão de Gafete, falecido na era de 1920.
Tude Martins de Sousa, convidado, por Leal da Camara, participou congresso regionalista efectuado no casino da Rinchoa, em 1944, com tese onde defendia aproveitamento agrícola da charneca entre o Cacém e Sintra.
Viveu enquanto responsável da Colónia Agrícola Penal de Sintra, em casa da função depois da reforma residia na Amadora onde faleceu a 16 de Julho de 1951.
Mais uma personalidade de prestigio e relevo nacional e internacional,ligada a Sintra e Rio de Mouro,merece ser conhecida assinalando 150º aniversário do seu nascimento.
Manhã polvilhada por uma chuva miudinha,vulgo molha tolos; aqui para nós talvez haja sido sido tolice com tais condições de tempo fazer a caminhada habitual, valeu a pena sabem porquê ?
Num determinado ponto do percurso,ali por alturas do sitio de Ouressa,no caminho do antigo Cacém de cima, deparei na esquina do ultimo prédio curva de uma artéria com aspecto de ser pouco; concorrida placa toponímia coma inscrição.
RUA
MANUEL
FRANCISCO SERRA
Futebolista ( 1935.1994 )
Num ápice veio a memória longínquo tempo da minha juventude, década de 1960 . Havia iniciado meu percurso da vida laboral, terminado o ensino curso industrial nessa antiga " universidade proletária ", a Escola Industrial Marquês de Pombal , em Lisboa primeiro em Alcântara , depois em Belém na Rua das Casa de Trabalho.
Dispondo de fundo de maneio próprio , era frequentador assíduo dos bilhares do Café Nilo, em Benfica, aonde chegava facilmente utilizando , carreira 29 de autocarros da Carris que serviam o bairro dos funcionários da cadeia de Monsanto, o forte; aonde meu pai foi guarda prisional.O Bairro adoptivo era Benfica.Ai encontrei alguma vezes velhas glórias do SLB, que apesar de não ser o meu clube, simpatizava com eles, Caiado, Cruz , Ângelo, Aguas, este ultimo , havia sido meu vizinho quando morei no Bairro do Tacha,actualmente actualmente Buraca, Os jogadores iam ao café Nilo porque o " lar do Benfica" como então se dizia ficava no sitio das Pedralvas, ali perto.
Mas entre os jogadores que falávamos e encontrávamos estava o Serra, defesa brilhante do tipo se passa o homem não passa a bola. Sabia que vivia no Cacém ao tempo freguesia de Rio de Mouro . Granjeou nomeada, mas pouco bafejado pela sorte.
Não sabia, existia no Cacém uma rua com seu nome. Abandonou o futebol de alta competição cedo, teria 27 anos, depois regressou ao clube de origem Atlético Clube do Cacém. O fim de vida seria trágico,sem emprego condigno vivia na quase indigência.
Morreu assassinado em plena via publica em frente da sede do Atlético do Cacém, com tiro de caçadeira, disparada por um primo, ao que dizem motivado por desavenças familiares relacionadas com partilhas.
Descanse em paz , infortunado Serra, grande defesa, e futebolista digno. Aqui para nos a placa deveria registar, a seguir a referencia a sua condição de velha Glória dos meus rivais mas que saúdo e respeito Sport Lisboa e Benfica ou simplesmente SLB.
Terça-feira segundo algumas crendices é dia aziago.Assim parece ter sido no distante 1943, quando proprietário residente no seu Casal da Serra, uma das grandes quintas, da localidade da Rinchoa freguesia de Rio de Mouro, município de Sintra,resolveu deslocar-se até um forno de fabrico de cal, numa zona ainda distante da sua casa.
Decidiu fazer percurso a cavalo; ao transpor a via do caminho de ferro,na passagem de nível sem guarda, onde termina actualmente rua dos Girassóis, por motivo desconhecido ,talvez, distracção não pressentiu comboio de mercadorias sendo abalroado pela composição que ali circulava com velocidade; o cavalo foi trucidado, cavaleiro caiu sobre a maquina, só quando o maquinista chegou a estação das Mercês deram com o corpo inanimado.
Transportado no comboio para Sintra,onde no hospital local foram prestados primeiros socorros, dada gravidade do estado saúde, seria levado em ambulância, pelos bombeiros da Vila ao Hospital de São José em Lisboa, em cuja sala de operações viria a falecer no dia seguinte.
O protagonista deste trágico acontecimento, vivia no Casal da Serra, na companhia dos filhos e irmã,tinha 74 anos ,sendo viúvo.
Personalidade relevante da sociedade do seu tempo; importante industrial, capitalista, accionista de diversas empresas, a data falecimento integrava os conselhos fiscais do Banco Lisboa e Açores, Companhia Previdente ( seguros e metalomecânica), Companhia Nacional de Navegação, (CNN), entidade que durante trinta anos até 1922, deteve monopólio das rotas marítimas de passageiros e mercadoria para as colónias.
Elemento destacado da vida social, presidia a Assembleia Geral do Atneu Comercial de Lisboa, colectividade da qual era sócio nº1. Republicano, maçon chegou a Presidente do Conselho geral da Ordem.Filantropo nunca regateou auxilio a quem considerava merecedor de ajuda.
Natural de Viseu,nasceu em 1869, seus pais iriam viver para Arganil, quando tinha dois anos de idade.
Devotado amigo da Rinchoa, idealizou para a sua propriedade, tratamento urbanístico idêntico ao da Quinta Grande,executado por Leal da Camara. Avenida dos Cedros ficou preparada para ter seguimento para o Casal da Serra.
Havia garantido financiamento bancário para o empreendimento a que denominou : "cidade jardim".O tempo de guerra e seu passamento vieram causar entrave, que se revelaria insanável.
Januário António de Almeida, deixou três filhos herdeiros, que no inicio anos 50 do século passado venderiam os terrenos da quinta a entidade antecessora da Urbanil, que mais tarde seria construtora da urbanização da Rinchoa.
O repentino desaparecimento deste empresário seria determinante para a deriva que do ponto de vista urbanístico seguiram na Rinchoa.
A memória de Januário de Almeida perdeu-se, da opulenta quinta onde residiu, ficou nome da Rua do Casal da Serra, uma das artérias da urbe.
Gostava sinceramente da localidade,contrariamente aos seus amigos endinheirados, normalmente escolhiam para ultima morada cemitério dos Prazeres em Lisboa, mandou construir jazigo no cemitério paroquial de Rio de Mouro, onde seria sepultado.
No trabalho árduo de "plantar" árvore genealógica da nossa família,encontramos no ramo virado ao sul para lados do Alentejo, um nosso bisavó, natural da freguesia de São Miguel do Adaval,concelho de Redondo,como alguns gostam de completar, distrito de Évora.
Sabíamos data de nascimento , e partida da vida presente.O assento de baptismo indica sem margem para erro, local onde o fizeram cristão:
" Aos vinte dias do mês de Janeiro de 1878, nesta paroquial igreja de S. Miguel do Adaval,baptizei um individuo do sexo masculino a que dei o nome de IGNÁCIO,nasceu no monte da herdade da Madeira Velha, desta freguesia as 6 horas da noite do dia 27 Dezembro próximo passado,filho legitimo de José Jacinto, natural da freguesia matriz da vila do Redondo, e Gertrudes Maria, natural da freguesia de Nossa Senhora de Machede, concelho de Évora".
Era nosso desejo meu e da minha mulher,visitar a orada onde decorreu "baptizo" do estimado antepassado.O tempo urge decidimos por viatura ao caminho.Dia quente, depois de pouco mais de uma hora de estrada chegamos recanto alentejano, densamente cultivado com olivais e vinha, estranhamente sem pássaros esvoaçando.
Procuramos, passando pelo sitio onde deveria estar o templo, e nada.Em desespero de causa, perguntamos, na aldeia de Santa Suzana do Redondo,a simpática senhora, onde podíamos achar a igreja.
Infelizmente a novidade não foi a que desejávamos, porque igreja, ou antes a capela, agora está em propriedade privada, não sendo acessível.
Do povoado do Adaval, nem ruínas, a capela restaurada, avista-mo-la no topo de uma colina cujo acesso está vedado por robusto portão colocado no inicio do caminho para lá.
Investiguei, a freguesia seria extinta em 1932, sendo anexada a matriz de Redondo, fizeram inventário do recheio do templo e tudo entregue a fazenda nacional.
Curiosamente, quando decretaram fim administrativo do Adaval, faleceu bisavô IGNÁCIO, na idade 54 anos, dizem vitima de doença do coração, talvez cansado, triste, não só por vida de trabalho árduo,mas também ter assistido ao fim da terra onde nasceu , donde teve de "abalar".
Tudo acaba, neste mundo, este bisavô da nossa árvore, porque estamos a contar um pouco da sua história, não morreu ainda.
Quanto ao desaparecimento de parte do passado do Alentejo isso já não tem remédio; são contas dum outro rosário.
No dia 20 do passado mês de Abril,faleceu aos 95 anos de idade, na cidade de Lisboa insigne arquitecto,que hoje evocamos.
Considerado, justamente, dos mais distintos arquitectos portugueses,são de sua autoria construções relevantes representativas da arquitectura da modernidade, existentes no concelho de Sintra.
Exemplos edifício da agência da Caixa Geral Depósitos na Vila de Sintra; em de Rio de Mouro são do seu "risco",a fabrica de embalagens,situada na quinta grande Rinchoa, perto da antiga passagem de nível do caminho de ferro do oeste em Meleças. Esta realização seria galardoada com prémio Raul Lino em 1968.
O edifício da faculdade de engenharia do campus da Universidade Católica Portuguesa, em Rio de Mouro é de sua autoria.
Os projectos do bairro social no sitio do Pego Longo, freguesia de Queluz - Belas, assim como mercado de Rio de Mouro, são igualmente deste arquitecto.
Merece ser conhecido, e as suas realizações admiradas, não só no universo Sintrense , mas também em todo o lado onde o seu talento e labor deixaram marca.
Realçar importância para investigação histórica, conhecimento do significado dos topónimos, será sempre adequado. Vou referir exemplo interessante, que encontrei casualmente,na localidade de Albarraque.
Na proximidade das artérias denominadas, Sidónio Pais, e Álvaro Vilela, deparamos, Rua dos Cortinhais. Conheço idêntica designação de vias publicas em Tábua e, Pampilhosa da Serra, no território do concelho de Sintra,além da referida julgo não existir outra.
Cortinhais deriva de palavra latina, significando hortinha, pátio de quinta, tapada, horto ... Este toponómino aparece sempre associado a uma grande exploração agrícola.
Seria terreno emprestado pelos senhores da terra aos servos; para assim disporem de pequenas courelas destinadas a cultivo próprio e a criação de animais, local onde podiam ter redil capoeiras , pocilga, curral.
Nas cercanias da Rua dos Cortinhais em Albarraque , ainda existem quintas, devem ter origem na divisão de uma antiga "quinta grande".
Apresentei num encontro de história local de Sintra, testemunho da utilização de escravos negros,no amanho das terras na região de Rio de Mouro, na primeira metade do século XVIII.
Perto da Rua dos Cortinhais , existe uma Rua das Mulatas.Sem duvida nesta como nas outras localidades referidas; cortinhais surgiu de modo similar tendo mesmo significado. E pronto...
Na área metropolitana de Lisboa (AML),existe numero razoável de ribeiras correndo em espaços urbanos densamente povoados, praticamente secam durante período da estiagem.
Reportando território do municipio de Sintra, situação merece ainda maior atenção. Esta zona até década 1930,foi considerada de paludismo endémico.
Orfanato escola Santa Isabel em Albarraque, freguesia de Rio de Mouro,quando da construção destinaram local de isolamento doentes portadores sezões palustres; consideradavam ao tempo, picada dos mosquitos em infectados seria meio de transmissor da doença para pessoas saudáveis.
Surgiu agora, na imprensa, que devemos precaver possibilidade do dengue passar de maleita importada para doença, originada no nosso território.
Conhecido facto , Portugal ser zona onde o paludismo chegou ser uma praga, alertamos para necessidade encetar campanha de prevenção contra proliferação de mosquitos nas ribeiras e charcos são verdadeiros "viveiros" de insectos.
Deveriam monitorizar caudal daquelas para impedir formação de pegos ou charcos quando escasseia água.Nestes casos promover limpeza das ribeiras e drenagem dos pegos.
Alertar população para cuidados, com rega de plantas ornamentais ao ar livre ou em interiores , não deixando acumular agua nos pratos de suporte dos vasos porque é propicio a ecolsão de mosquitos.
Também chamar atenção, para receptáculo de latas de conservas, fundos de garrafas de vidro, e outros similares, abandonados nos espaços públicos , para não deixar reter agua das chuvas; isso aumenta condições proliferação da mosquitada.
Estamos perante problema de saúde publica exigindo atenção e colaboração de todos. Depois não digam que não avisei...
Na calçada da Rinchoa, existe ainda hoje estabelecimento comercial integrando conhecida rede de supermercados.
Quando vim morar para a Rinchoa, naquele sitio estava vacaria, que alguns moradores procuravam para adquirirem leite. Onde é agora a rua das urzes,era possível admirar imponente renque de cedros centenários, davam ao sitio ar peculiar,marcando ao mesmo tempo antiga alameda de acesso a casa dos senhores da quinta do casal da serra.
A rápida urbanização da zona fez surgir, a partir de 1975, conjunto de prédios e estabelecimentos comerciais.
O primeiro mini mercado da Rinchoa, foi propriedade do Sr. Ribeiro,beirão de Castelo Branco, morava vivenda no inicio da rua da choupaninha, entretanto, demolida,o seu " mini" ficava onde actualmente são escritórios de conhecida imobiliária, aí funcionou depois um banco falido no escaldo da derrocada do BES.
Voltando ao supermercado, inicialmente, ali funcionou um de nome, FIM DA LINHA, resultado de investimento de compatriotas vindos das colónias africanas no seguimento da descolonização , popularmente referidos por "retornados".
Foi melhoramento significativo para abastecimento da população.
A seguir o supermercado passaria designar-se POLISUPER. Com este nome durou alguns anos. Seria posteriormente adquirido pelos proprietários da actual superfície.
Curiosamente, objectivo económico inicial mantém-se; apesar de actualmente existir na Rinchoa profusão significativa de negócios indenticos,este supermercado pela localização e fácil acesso continua a ser procurado pelos moradores do bairro. Oxalá seja para manter.
Estamos em tempo de comemoração do 50º aniversário da restauração do regime democrático, em Portugal em 25 Abril 1974.
Habito em Rio de Mouro, curiosamente,mesmo numero de anos,talvez seja interessante,revisitar a história do burgo, apelando para a memória e servindo de referencia estabelecimentos com pelo menos idêntica longevidade, fazendo por isso parte da memória colectiva.
Começo por local foi centro da cavaqueira da localidade: café Mourinho,situado na Praceta Sacadura Cabral, hoje alindada e acolhedora, não comparável a que existia quando vim morar para a Rinchoa nos idos de 1973.
O sitio onde está o café é conhecido por bairro da estação ou dos aviadores,esta ultima designação porque as ruas e avenidas tem nome de pessoas relevantes na história da aviação universal.
O Mourinho como era citado foi sempre café de bairro,naquele tempo mais café e menos tasca como parece ser hoje.
O estabelecimento com mesas e cadeiras confortáveis convidativo para tomar um café ou degustar pequeno almoço com galão ou célebre quarto de Vigor, assim chamavam as garrafas de menor capacidade (0,25l) do leite daquela marca, delicioso, produzido em Odrinhas no nosso concelho numa fábrica já não existe.
O que distinguia o Mourinho era a clientela, depois do 25 de Abril 1974, constituída maioritariamente a partir do meio da manhã por donas de casa que concluídas as tarefas matinais iam ali para espairecer.
Dizia amigo já desaparecido, o Mourinho era o comboio de quem não ia para Lisboa. Na verdade nos comboios a força das pessoas embarcarem todos dias a hora da tabela, e escolhendo as mesma carruagem criavam laços afectivos muitas vezes iam além das amizades com as companhias quotidianas das viagens.
No café parece sucedia o mesmo; um pouco ironicamente referiamos de forma mordaz, este ou aquela são " gajos " do Mourinho.
O Mourinho faz parte do imaginário daqueles que foram passando por Rio de Mouro, ou ainda por cá andam .Há muito que não vou lá.Talvez volte lá antes, quem sabe , acabe por encerrar.Oxalá não suceda