"Semanário regionalista - Independente ",slogan que ostentava no cabeçalho o prestigiado periódico,JORNAL DE SINTRA; paladino defensor dos interesses do Concelho,decurso da ditadura Estado Novista, sempre lembrou os ideais republicamos, instituídos em Portugal, pela revolução de 1910, mesmo nas circunstancias mais dificeis.
Em 1957, época de confronto entre partidários das liberdades democráticas, e Salazaristas da linha dura, situação essa no ano seguinte motivou a candidatura do Marechal Humberto Delgado.
A propósito da comemoração do 5 de Outubro, Jornal de Sintra, publicava na primeira página :
Basta ler texto,para ficarmos convictos do republicanismo do Jornal de Sintra, e ao mesmo tempo, admirarmos a inteligência e sagacidade do seu director, contra ventos e mares, desafiando a censura pévia , escrevia : " VIVA A REPÚBLICA ", brado então de indole "subversiva "; e lembrando regime vigente, apesar de tudo, era republicano.
Frequentemente ouço referir personalidades com trabalho meritório em diversas áreas do conhecimento, e de algum modo tem ligação ao Município de Sintra, e uma das freguesias ; Rio de Mouro.
Adães Bermudes,renomado arquitecto, natural da cidade do Porto, residiu em Paiões sepultado no cemitério paroquial Riomourense.
Leal da Câmara ,nascido em Pangim , antiga colonia portuguesa de Goa, viveu na Rinchoa, onde existe a casa museu, legado que deixou, recheado de pintura e caricaturas de sua autoria, de incontestável valor.
Não questiono lembranças destes ou outros vultos ligados por qualquer elo a Rio de Mouro, ou melhor dizendo a Sintra.
Há indubitavelmente vulto cimeiro do panteão das glórias pátrias , nasceu e se fez homem em Rio de Mouro, continua injustamente esquecido.
Francisco Carrasqueiro Cambournac,dia nascimento, 26 Dezembro de 1903, na Quinta da família, no lugar do Papel, então freguesia de Rio de Mouro.
Baptizado na Igreja de Nossa Senhora de Belém, matriz da freguesia, dia 27 de Março de 1904.Um dos padrinhos seu tio paterno , médico Desiré Cambournac, em honra do qual, dado nome uma avenida na sede do Concelho.
Francisco Cambournac, destacou-se no campo da malariologia;membro fundador do Instituto de Combate a Malária,situado em Aguas de Moura, Marateca , concelho de Palmela, distrito de Setúbal.
Este estabelecimento, integrado no Instituto Nacional de Saúde Pública Dr. Ricardo Jorge,tem hoje a designação de Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas " DOUTOR FRANCISCO CAMBOURNAC ", como homenagem ao insigne Sintrense.
Nosso patrício primeiro português nomeado director da OMS, Organização Mundial de Saúde, para o continente africano, exerceu esse cargo durante dez anos com dedicação competência e brilhantismo.Graças a isso paludismo foi controlado e erradicado de diversas regiões Africanas.
Em 1978 , recebeu o prémio Leon Bernard, criado em 1937, pela Sociedade das Nações, destinado premiar, trabalhos de excelência no domínio da Saúde Publica a nível mundial.
Francisco Cambournac, professor universitário,director do prestigiado Instituto de Higiene e Medicina Tropical, de Lisboa, merece homenagem nacional ainda tarda.No topo da Avenida Desidério Cambournac, logo a seguir a rotunda Acácio Barreiros, proponho se erija busto de igual destaque do seu tio, avenida mude para "AVENIDA DOS CAMBOURNAC " sem querer superiorizar qualquer deles.
Igualmente a Câmara Municipal deveria atribuir nome de Francisco Cambournac, artéria importante no Município, ou então, futuro hospital concelhio seja denominado " HOSPITAL DOUTOR FRANCISCO CAMBOURNAC ". Foto do insigne sábio humanista.Deixo sugestão considero justa e apropriada,como atesta noticia inserta no Jornal de Sintra 29 Dezembro 1957
O concelho de Sintra,com área cerca 319 quilómetros quadrados, estende-se por uma vasta região, confinando com os concelhos de Mafra, Loures, Odivelas Amadora,Oeiras, Cascais e Oceano Atlântico,
Nos limites com alfoz Mafrense , de " conventual memória ", terra onde decorre acção, do romance do genial José Saramago ; alturas da aldeia de Santa Susana, ao longo da estrada nacional 247, Sintra - Ericeira, encontramos topónimo singular : Arneiro de Arreganha.
A situação geográfica, determinou a ocorrencia da denominação.O vocábulo arreganhar , além de outros , significa também , tremer ou encolher-se por causa do frio.
Sitio alcandroado no cimo de cumeada batido por ventos fortes de todos os quadrantes, silhuetas de vários moinhos de vento, são testemunhos.
Arneiro é terreno pouco produtivo; Arneiro de Arreganha, de modo simples quer dizer, local frio e estéril.
Parece as previsões meteorológicas indicam para a próxima semana acentuada descida de temperatura; se não tivermos cuidado, podemos ficar arreganhados, imaginemos no Arneiro da Arreganha, vai estar " barbeiro " danado.
A ignorância é atrevida, não canso de repetir, é frequente deparar com tiradas demagógicas do género: "naquele tempo era bom", querendo realçar as virtudes da ditadura Salazarista, onde afinal tudo seria justo e perfeito.
Felizmente é fácil demonstrar a verdade dos factos, de então, e reafirmar apesar de todos os defeitos e insuficiências, Portugal apresenta actualmente níveis de desenvolvimento ímpares; se algo ainda falta, é a erradicação de resquícios de mentalidades, formatadas ao longo de décadas de obscurantismo, ausência de liberdade e Democracia.
No Jornal de Sintra nº 1528, de 30 Junho 1963, deparei-me com noticia relativa à localidade de Rio de Mouro, no Município Sintrense do seguinte teor:
Numa fase de vigor do regime ditatorial, Dr. Oliveira Salazar na frente do governo, dirigindo pessoalmente a Guerra Colonial, Rio de Mouro localidade às portas de Lisboa, onde dia após dia chegavam cada vez mais moradores, muitos fugidos da miséria que então caracterizava o meio rural do nosso País. Fazendo fé na noticia apesar de tudo, conseguiu passar o "crivo" da censura, as carências eram de toda a índole, de tal modo "se intercedia junto das entidades competentes" para conseguir cabina telefónica, pública. Não foi há tanto tempo assim, ainda nem passaram 60 anos. Para os saudosistas do Estado Novo, nesse tempo tudo era bom...
Conhecer história das pequenas comunidades é importante para se compreender a evolução social e política do País.
Quem actualmente habite, ou passe , pela localidade de São Marcos, pertencente ao Município de Sintra, União de Freguesias São Marcos- Cacém, onde moram mais de uma dezena de milhares de pessoas; não faz ideia ainda há menos de cinquenta anos, a então diminuta população viveu dia memorável, segundo Jornal de Sintra nº 1891 de 11 de Julho 1970 :
Num dia daquele mês pelas 21 horas Presidente da Câmara Municipal de Sintra Sr. António Pereira Forjaz, acompanhado de alguns vereadores, pelo administrador do Bairro de Queluz. e técnicos das Companhias Reunidas de Gaz Electricidade, distribuidora de electricidade no Concelho, foram recebidos com aplausos de muito publico, salvas de foguetes e morteiros ; imediatamente se procedeu a ligação da corrente eléctrica.
Depois pelas ruas já iluminadas, cortejo dirigiu.se ao Largo da Sociedade Recreativa , onde numa tribuna construida para o efeito se realizou sessão solene comemorativa da inauguração.
No final nos salões da Sociedade foi servido beberete de honra as individualidades presentes.
O presidente da Junta de Freguesia de Agualva Cacém , lembrou agora ficavam a faltar em São Marcos , abastecimento de água ao domicilio , rede de esgotos, e .. a substituição da ponte ligava, São Marcos a estrada Caxias - Cacém. Estas aspirações seriam concretizadas, só depois de 25 Abril 1974.
São Marcos , a 15 quilómetros do centro de Lisboa, apresentava este rol de carências. O restante Portugal, uma dor de alma, isto no inicio da década 1970. O Estado Novo foi uma desgraça para Portugal e os portugueses , e ainda há gente a incensar a ditadura.
Amiúde tenho ouvido perguntar: "onde estava em 1969?" - a propósito de se completar o 50º aniversário daquela efeméride...
Sem desejar qualquer polémica, nem discorrer acerca da minha "estadia" de então, encontrei no meu acervo arquivístico, informação relevante demonstrativa do estado de atraso que concelho de Sintra apresentava na época. O Jornal de Sintra nº1858, noticiava em três colunas, na primeira página, o importante melhoramento em execução por iniciativa da Junta Autónoma das Estradas (antepassada da actual Infra-estruturas de Portugal). Pretendia-se, como podemos observar na foto, reconverter o local onde durante muitos anos funcionou o matadouro Municipal, demolido precisamente em 1969.
O proveitoso trabalho realizado no Largo do Matadouro, na curva para Ribeira de Sintra, era relevante e necessário para permitir melhor fluidez e segurança do tráfego automóvel, muito intenso, sobretudo no Verão.
Assim ia "andando" o Município de Sintra, às portas da capital do Império, imaginemos nas distantes terras do interior do País, como seria?!
Jornal de Sintra, nº 1528 de 30 Junho 1963, na primeira pagina, inseria a noticia.
Sem qualquer outra informação, facilmente depreendemos ter sido "cuidado e zelo " da comissão de censura, sempre vigilante para não causar alarme, como então se dizia.
Aconteceu, resumidamente, o seguinte :
Dia vinte e três de Junho,uma terça-feira. cerca das 17 horas e vinte minutos, na estação de São Domingos de Benfica, já demolida, situada junto a Mata de São Domingos, a seguir ao edificio dos Pupilos do Exercito; comboio rápido procedente do Rossio com destino a Amadora, chocou com traseira de comboio de mercadorias 12 vagões , carregado de cal parado na estação.
O maquinista do rápido, não respeitou sinal vermelho da sinalização. Resultado três mortos e 42 feridos alguns deles em estado grave.
O estrondo do embate, silvo estridente de sirenes das ambulâncias dos bombeiros, anunciavam ter havido tragédia.
Vivia com meus pais no Bairro dos Guardas, no Forte de Monsanto, não muito distante da estação, por isso corri para lá, pude observar cenário horrível. muita gente a sangrar, gritos, de pessoas presas nos destroços; o rápido seguia lotado, até admira numero de vitimas mortais , não ter sido logo maior, porque alguns feridos,acabariam por falecer nos hospitais.
Ao ler a " local " do Jornal de Sintra, facilmente se compreenderá a " mordaça " existia no Portugal Salazarista, até para " calar " as desgraças.
O largo principal aldeia de Albarraque, freguesia de Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro, município de Sintra, ostenta designação de:
Simples recordatória de alguém, na qual não foi colocada qualquer informação acessória, ajudando identificar porquê da homenagem. Infelizmente por detrás da atribuição do nome está motivo trágico e muito triste, no seu tempo comoveu Portugal Inteiro.
No dia 16 de Outubro de 1966, um domingo, realizou-se na Praça do Campo em Lisboa, uma corrida de touros, organizada por iniciativa do grande aficionado, João de Castro, cujo produto revertia a favor do Orfanato Escola Santa Isabel, sediado em Albarraque.
O cartaz da corrida, composto por figuras destacadas do universo tauromático, entre elas novilheiro espanhol, famoso Paco Camino.
Um cavaleiro do cartel, Joaquim José Correia, popularmente conhecido por "QUIMZÉ", natural de Évora, residente na Cova da Piedade, no entanto, vivia também no concelho de Sintra, onde os pais possuíam propriedades, nas quais os seus cavalos eram assistidos, sob orientação de um amigo. conhecida personagem do mundo taurino.
Na corrida "Quimzé" montou o melhor cavalo da sua "quadra" denominado de:Tirol.
Quando lidava um touro "Rio Frio", cavalo resvalou na areia da praça, molhada pela chuva e o cavaleiro caiu sob a montada, sendo depois colhido, brutalmente, pelo novilho, ficou inanimado. Conduzido ao Hospital de São José não resistiu às lesões; faleceu cerca das oito horas da noite, no dia que completava vinte e um anos de idade. Foi grande comoção em todo País, o corpo seria velado por milhares de pessoas na Basílica da Estrela.
A Câmara Municipal de Sintra, por proposta da Junta de freguesia de Rio de Mouro, deliberou atribuir nome do desditoso cavaleiro ao largo "grande" de Albarraque.
Na singeleza da placa toponímica, não se vislumbra a tragédia que serviu de pretexto à sua colocação, fica aqui a sua "explicação".
A Aldeia de Covas, pitoresca localidade da freguesia de Rio de Mouro no município de Sintra, durante séculos apesar pertenceu ao termo da Vila de Cascais, no centro da aldeia, deparamos com o seguinte:
A designação, induz em erro, talvez se tenham lembrado de atribuir o nome por contraponto a outra rua das redondezas: "Rua dos Girassóis", no entanto não penso seja engano...
A Campainha é flor que floresce no fim do Inverno e anuncia a Primavera, simbolicamente segundo Chevalier e Gheerbrant, representa um consolo e uma esperança em dias melhores.
Curiosamente coincide com antigo caminho dos povos da margem direita da "Ribeira de Redemouro ", usavam afim de assistirem a missa e ofícios divinos na igreja Matriz de Nossa Senhora de Belém, visível ao longe. Para os crentes, nada mais apropriado na busca de consolo e esperança que sacramento da comunhão na Santa Missa, daí a justeza das "CAMPAINHAS".
O caminho desenvolve-se entre muros, finalmente desimpedido de ervas e silvado, graças ao cuidado do executivo da Junta de Freguesia de Rio de Mouro.
Um arco coroa as paredes e serve de suporte a levada destinada a rega da opulenta quinta do Pinheiro, a mais importante e antiga da zona.
Azinhaga avança até à margem, onde a ribeira exibe aspecto cristalino e despoluído de tal modo que, quando acompanhado de minha mulher visitamos o local, pudemos observar bando de garças reais! Digo bando porque seguramente seriam mais de uma dezena.
Sítio onde os transeuntes transpunham o curso de água, apresenta actualmente este aspecto.
A corrente cristalina do bucólico recanto, no coração de freguesia densamente povoada, é característica devemos a todo custo preservar, moradores e autarquias para ser possível, continuar fruir encantos da SINTRA DESCONHECIDA guardados como SEGREDOS DE RIO DE MOURO.
Atenção e cuidado, dispensados ao ambiente são o modo eficaz de suscitar interesse para preservar e fruir do encanto das coisas simples que nos rodeiam.
Vem a propósito trabalho de limpeza do talude da margem esquerda da Ribeira de Fitares, efectuado no troço compreendido entre ponte medieval da Rinchoa, situada na entrada do Parque Urbano da Rinchoa, ambas sobre ribeira referida na freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra na Área Metropolitana de Lisboa.
Numa recente visita ao sitio fui surpreendido com aspecto cuidado, desimpedido da vegetação daninha, a imagem documenta:
A remoção do matagal e silvado permite visualizar o caule invulgar do pinheiro bravo existente na ravina.
O tronco quase oculto antes da limpeza, está agora desafogado, vendo a grossura das "pernadas" podemos admitir estar na presença de árvore notável! Com os trágicos incêndios ocorridos na floresta portuguesa, talvez somente no pinhal de Leiria possamos encontrar pinheiro bravo idêntico.
Pelo método empírico determinação de provável idade deste tipo de árvores o "pinheiro bravo da Ribeira de Fitares" terá cerca 80 anos, sendo silvestre é invulgar.
Graças a remoção do coberto vegetal, perigoso e desnecessário, ressurgiu belo exemplar! Caso para afirmar, que deste modo ficou realçada a sua beleza.
A vinte quilómetros do centro da capital do país causa admiração, caso assim. Talvez fosse apropriado, colocar sinalética a referenciar esta árvore, para ser melhor conhecida e preservada.