A urbanização da Rinchoa, idealizada por Leal da Câmara e concretizada através da empresa por ele constituída "A Realizadora" tem particularidades de traçado que devem ser realçadas.
Em 1944, quando do congresso de "Mem-Martins e Rinchoa-Mercês" foi aprovada uma recomendação para que fossem dados às "ruas, nomes de árvores e flores".
Esta resolução do congresso tem sido respeitada até hoje e a Rinchoa é talvez o único sitio de Portugal onde não se atribuem nomes de pessoas nem de datas à toponímia das ruas.
Quem sabe, fruto das conversas aos serões, no Casal Saloioi, entre Leal da Câmara e os seus amigos, pessoas estudiosos do esoterismo, na Rinchoa há ruas, com aspectos e nomes com um toque de mistério.
A Avenida dos Plátanos tem plantados nas suas bermas trinta e três árvores daquela espécie e não foi por acaso porque há espaço suficiente para mais....
Num dos topos da Avenida dos Plátanos fica a Avenida dos Carvalhos, no outro a das Acácias e no meio formando a mais longa Avenida da urbe a dos Choupos.
Estes pormenores fazem da Rinchoa uma povoação singular: o seu nome, as ruas, e agora até a localização que possibilita aos seus moradores a utilizarem duas estações de caminho de ferro modernas e funcionais:
Nas bermas da estrada de Colares, em particular na Várzea, junto à Adega Regional, existem numerosos plátanos de provecta idade e porte altivo que dão ao percurso um ar agradável em qualquer estação do ano.
A Adega Regional de Colares, foi instituída em 1930 como medida para se proteger a qualidade do vinho de Colares, que no dizer de Ferreira Lapa "era o vinho mais francês que possuíamos".No entanto, para aumentar a sua graduação os produtores misturavam-lhe aguardente transformando um bom vinho numa mistela...
Ao tempo da construção da Adega já existiam os plátanos frondosos que hoje podemos admirar desde a ponte da Várzea até ao Banzão no caminho da "Praia". São exemplares centenários nos quais os automobilistas apressados nem reparam.
A sombra destas árvores protegeu a fermentação de muitos "caldos" de boas colheitas que estagiaram dentro da Adega. Merecem pois que brindemos à sua saúde esperando no futuro sejam devidamente apreciados.
Para isso no local deveria colocar-se um painel informativo, chamando à atenção para estas imponentes árvores.
Os plátanos da Adega Regional de Colares são um dos "monumentos vivos" que povoam o Município Sintrense.
Um verdadeiro ex-líbris da antiga e nobre Vila de Colares...
A meio da Calçada da Rinchoa, saindo do jardim onde foi erguida a memória a Leal da Câmara existe um conjunto de cedros alguns dos quais têm mais de cento e cinquenta anos.
Os seus troncos estão parcialmente enterrados no talude levantado para suster as terras quando das obras da urbanização em 1974.
Esta alameda é o que resta da antiga entrada, da Quinta de Fetares , que no século XVIII, era um casal, pertencente há Vintana do Algueirão", como se pode ler nas Memórias Paroquiais de Sintra de 1758.
Fetares : terra de fetos, passou por corruptela oral a "Fitares", como hoje se designa um dos bairros da Rinchoa.
Perto destes cedros existia até aos princípios dos nos 70, uma vacaria, último vestígio do que teria sido o " Casal de Fetares " , ultimamente conhecido por "Casal da Serra".
Estes cedros, vetustas árvores, merecem ser preservadas porque sobre as suas ramagens muita gente já passou e muitos trabalhos se realizaram; à sua volta por acção do homem, construiu-se o que se vê...
Fazemos votos, para que continuem a resistir por muitos anos mais, neste caso pode aplicar-se a máxima "As Árvores morrem de pé".
Afinal temos património, é preciso é conhecê-lo...
Aqui o homem conseguiu como em poucos lugares do mundo um compromisso ideal entre a natureza e a acção humana.
Em todas as estações do ano Sintra oferece-nos cenários de beleza impar:
Na Primavera com as brumas os ventos e o verde da folhagem e as flores, fresca e fria no Verão com o murmurio das águas das suas fontes balsamo para os poderosos do reino que fugiam à canicula de Lisboa.
Mas é no Outono e no Inverno que Sintra nos recebe doce e amena, sendo esta época do ano aquela em que é a mais apetecivél desfrutar da sua traquilidade. Para muitos a rainha das estações do ano em Sintra é o Outono, quando pelas encostas da serra o amarelo dourado das folhas das arvores matiza a paisagem.
A luz do sol transparente e o ar quieto e fresco, transmitem-nos uma sensação de paz que convida à meditação; perante um quadro que só vendo se pode sentir. O Outono em Sintra é uma dadiva da natureza que se nos oferece, generosa e bela, como em nenhum outro sitio de Portugal.
A Rinchoa é um dos locais mais apraziveis do concelho de Sintra. Apesar das "tropelias" urbanisticas mantem um encanto e uma atmosfera limpida e luminosa, que fizeram dela, durante decadas lugar de veraneio e repouso de muitos lisboetas.
Ainda há gente que recorda a pensão Maria Teresa, situada onde hoje está a agencia da Caixa Geral de Depositos, e desse tempo é também a Fonte do Rouxinol, que se abriga sob a ramada duma sobreira frondosa. Arvore que tem cerca de 200 anos e está localizada na Calçada da Rinchoa.
A Junta de Freguesia nos anos 90 do seculo XX, depois de termos chamado à atenção para este "monumento vivo", mandou construir um recinto para convivio e lazer junto ao seu admiravel tronco.
A sobreira da Rinchoa e o salgueiro ao seu lado formam um conjunto de arvores que pelo seu porte e idade têm de ser conhecido de todos. E serem classificados de interesse publico colocando-se junto a eles, informação que desperte a atenção dos transeuntes.
Os Rinchoenses merecem que seja preservada e protegida a sua secular sobreira porque é uma das memórias que restam do coberto florestal do sitio.