A Quinta Grande é uma propriedade situada no lugar de Meleças, no concelho de Sintra. Era uma exploração agrícola de que se conhecem referências em documentos muito antigos. As suas terras produziam com abundância, por serem férteis, e disporem de água para regadio proporcionada pela Ribeira da Jarda que a atravessa.
A quinta foi urbanizada, restando da sua antiga função uma estreita faixa junto ao curso de água. Nesta zona são visíveis as ruínas dum forno destinado ao fabrico de cal. Para a cozedura do calcário o forno teria de seraquecido com a queima de lenha, possivelmente obtida nas proximidades.
No local ainda se detectam vistosos sobreiros e carvalhos negrais de pequeno porte.
A avenida que termina na quinta designa-se "dos carvalhos", reminiscência da existência, não há muito tempo de árvores daquela espécie. Quem sabe se alguma lenha para o forno não seria cortada deste arvoredo?
Como testemunho dessa época resiste um Carvalho de porte grandioso que descobrimos por acaso no local.O seu robusto tronco serve de suporte a rede dum galinheiro, instalado sob a sua copa. Ridícula utilização duma árvore notável.
O carvalho plantado na berma do caminho perto do acesso à Estação Ferroviária de Meleças, do lado da Rinchoa, percorrido diariamente por centenas de pessoas apressadas, talvez por isso passe despercebido.
Pela sua altura cerca de 15 metros e diâmetro do tronco, terá mais de 200 anos.Apesar de umas pernadas secas, o seu aspecto vegetativo é bom.
Este "distinto" carvalho negral, sobrevive a curta distância duma grande urbe, sendo ummonumento deveria ser considerado de interesse público, para figurar num roteiro das ÁRVORES MONUMENTAIS de Sintra. Devido as suas grandes ramadas àsua folhagem espessa o carvalho simbolizava um Templo vivo, porque convida a permanecer e meditar sob a sua sua sombra. O carvalho era para os antigos, a ÁRVORE.
Quem sabe se este não será o derradeiro exemplar do que deve ter sido um frondoso carvalhal? Merece ser admirado e conhecido, deixamos por isso, registo para memória entretanto, é mais um motivo para frequentar um local de bucólica beleza antes que o "progresso" o confine a casario e a uma estação de comboios na chamada, linha do Oeste Português.
Quando foi implantado o Regime Republicano, em muitas localidades de Portugal o poderpertencia a autarquias lideradas por autarcas Republicanos. No concelho de Sintra, as eleições de 1909 deram a vitória ao Partido Republicano em diversas localidades. Uma delas foi Rio de Mouro, para a Junta de Paróquia.
O Código Administrativo, em vigor o de 1896 chamado "de Hintze Ribeiro" por ter sido promulgado durante o governo daquele politico estipulava:
"A junta de paroquia compõe-se de três vogais nas freguesias de população não excedente a 1000 habitantes e de cinco vogais nas de população superior".
Rio de Mouro tinha uma junta com o número máximo de vogais, presidia à junta o Pároco, os vogais eram eleitos. As eleições deviam ser feitas no mês de Novembro, é curioso, faz agora 100 anos decorria, igualmente uma campanha autárquica. Uma das competências da Junta de Paróquia, referia-se ao "estabelecimento" ampliação supressão e administração de cemitérios fora da capital do concelho".
Este devia ser um problema a carecer de urgente resolução, a junta conseguiu soluciona-lo, conforme lápide existente no Cemitério local.Um dos mais influentes Republicanos, Cupertino Ribeiro proprietário em Rio de Mouro da fábrica de estamparia e, grande comerciante em Lisboa deveria ter contribuído para a realização da obra, porque foi feita por subscrição pública.
Politicamente, Rio de Mouro, teria um eleitorado propenso à mudança nas escolha dos seus representantes. A República tomou o poder antes da revolução o alargar a todo Portugal. Passado um século, o pensamento de Magalhães Lima permanece actual:
"O que fui e o que sou é acima de tudo, um apaixonado do ideal republicano, e nesse sentidonunca hesitei ante qualquer sacrifício a fazer. Quero morrer digno de mim mesmo. Penso hoje como pensei sempre: que a República tem de ser servida com isenção e por isso lamento profundamente a vaga de ambições, de vaidades e de mercantilismo que ameaçam subverter a sociedade portuguesa, esperando na hora do meu desaparecimento poder repetir a celebre frase de Pericles dirigida ao seu batalhão sagrado «se alguém mudou, não fuieu».
A cidadania que a República sempre defendeu como imperativo, nunca como hoje precisa de ser exercida pela maioria dos portugueses que são Republicanos pois vivemos numa República e aceitamos as suas instituições.
Albarraque é um lugar da Freguesia de Rio de Mouro no Município de Sintra. Tem o encanto das antigas Aldeias rurais e o seu centro histórico, de acordo com o regulamento do Plano Director Municipal em vigor, deve ser preservado. No casco antigo está a interessante ermida dedicada hoje em dia a Santa Margarida; todavia não terá sido sempre assim.
Segundo Pinho Leal (1879)..."A formossíma aldeia de Albarraque a 3km de Rio de Mouro é povoação antiquíssima, tem uma nascente de águas férrea à qual se atribuem muitas virtudes terapêuticas. Não só por esta circunstância mas para gozarem os ares puros e a amenidade deste sítio vêm aqui passar a estação calmosa muitas famílias ricas de Lisboa. Nesta aldeia está...a capela de N.S.dos Aflitos a cuja padroeira se faz todos os anos uma festa sumptuosíssima.
A sagrada imagem do crucificado é de primorosa escultura e de um valor artístico inexcedível e os povos deste sítio lhe consagram grande devoção". É uma bela representação de Cristo Crucificado executada em marfim sobre uma cruz de madeira, talvez de cedro, porque sendo daquela espécie nunca apodrece nem se corrompe. A escultura impressiona pela perfeição e profunda religiosidade que dela emana, à esquerda com o seu manto vermelho está a imagem do orago Santa Margarida. Todo o conjunto é um valioso exemplo do património da nossa Terra.