UMA FONTE QUE O ESQUECIMENTO SECOU
Na beira da antiga estrada de Lisboa a Sintra, por alturas onde se construiu uma superfície comercial de artigos de desporto e lazer, e que hoje em dia é um troço de via sem saída, paralalela ao itenerário complementar nº19, está uma formoso chafariz de duas bicas as quais há muito não vertem o precioso lìquido, pelo que, talvez seja desapropriado designá-lo assim...
Segundo uma inscrição colocada na frontaria, foi construído em 1781, curiosamente no mesmo ano que começou a Feira de S.Pedro. Quantos caminhantes descansaram nos bancos que ladeiam a fonte? Por certo muitos almocreves permitiram que os seus animais de carga aqui bebessem.
Quem sabe se muitos negócios de "Travessia" não se fizeram aqui, visto ser um ponto de paragem antes de entrar nos limites da Vila de Sintra?
Sabemos que no dia 27 de Setembro de 1787, uma quinta feira de "céu sereno e sol brilhante", passou por este sítio William Beckford que registou esse facto no seu "Diário". O chafariz tinha importância na época pois todos mapas dos arredores de Lisboa o assinalam.
Hoje ninguém repara nele, apesar de estar devidamente cuidado deveria ter uma informação sinalética indicando "CHAFARIZ DO SÉC. XVIII". Daí o interesse em conhecer "esta obra para utilidade pública" mandada executar pelo "Senado da Câmara de Cintra".
Análise do conteúdo da "memória" é uma "lição" de História. Da fonte já não jorra água e dificilmente voltará a jorrar, acrescer a este facto o esquecimento a que está votado foi uma causa determinante para ter secado. Mas contra isto se promovermos a sua divulgação como testemunho importante da nossa memória comum, faremos "simbolicamente" que das bicas volte a brotar o conhecimento que tal como a água serve para "matar a sêde".