Nos limites das actuais freguesias de Massamá e S. Marcos, no concelho de Sintra um pouco abaixo do que foi a "fábrica de papel", deparamos com uma ponte, bastante concorrida denominada "PONTE DOS OSSOS". É um nome "arrepiante" de trazer ao pensamento funestos presságios,e levar-nos a admitir que por aquelas bandas algo de sinistro teria acontecido.Todavia não é caso para tanto! Esta passagem está na orla da que durante a idade média foi uma importante coutada real. No outro lado da montanha de S. Marcos fica o Rio dos Veados, o que demonstra ser,antigamente, a zona povoada de caça grossa. Assim RIO DOS OSSOS e PONTE DOS OSSOS, derivam da permanência, durante séculos, nestas paragens de URSOS. O nome medievo deste animal era OSO,como ainda hoje em Castelhano.O nome da ponte resulta directamente do plural OSOS, por corruptela deu OSSOS.
Devemos concordar afinal é um nome bem divertido, se imaginarmos que por aqui devem ter deambulado os antepassados corpulentos do ZÉ COLMEIA da nosa infância.
Foi notícia o caso protagonizado por um cão, que acompanhou a sua dona até ao Centro de Saúde, aqui em Rio de Mouro - Sintra, quando a senhora se dirigia a uma consulta. Infelizmente a sua protectora não voltou, pois entretanto faleceu. Jamais franqueou a porta de saída. Desde então o animal aguarda noite e dia que a sua dona volte. Apercebendo-se do facto alguns vizinhos do bairro decidiram cuidar do cão, até uma casota já lhe foi proporcionada, o animal de vez enquanto, vai até ao sítio onde a dona residia mas volta sempre para onde a viu pela última vez, e continua a sua vigilia que enternece todos.
É uma história que demonstra que o cão é de sem dúvida o melhor amigo do homem. Eu tive um cão que morreu em Maio de 2010. Era um bom e leal companheiro, ainda não me habituei ao seu desaparecimento, confesso que de vez enquanto ainda vou até aos locais por onde o passeava na esperança do ver surgir na curva da rua, e correr para mim. Mas isto não é notícia é... saudade, e esta como escreveu a minha filha Sofia: "é a memória do coração". O meu Paco, só vai morrer, de facto quando o meu deixar de bater.
Recentemente lemos uma execelente reportagem no Jornal I, dedicada à boa mesa do nosso concelho, com incidência na Freguesia do Cacém e onde justamente se chama a atenção para o facto de embora muita gente continue a chamar "dormitórios" aos nossos bairros, também em matéria de oferta gastronómica, não estamos a dormir, é tempo dos vizinhos de Lisboa e doutros munícipios saberem onde comer barato com sabor e qualidade, designadamente: pregos e bitoques.
Seria imperdoável que como Sintrense há mais de três décadas e "utente" da "rota do prego e do bitoque" não esclarecesse, que esta especialidade tem como berço a Freguesia de Rio de Mouro, onde o restaurante "Arco Iris" fundado há cerca de cinquenta anos, assumiu desde o inicio a condição de detentor da melhor chapa e excelente matéria prima para pregos e bitoques. Por ali passaram a maioria dos que foram abrindo os seus negócios no ramo, graças ao que aprenderam naquela casa. Na nossa opinião o Arco Iris continua a presentear-nos com os melhores pregos do universo gastronómico. No entanto é justo assinalar que noutros locais este alimento de "faquires" se serve, igualmente muito bem. Sem esquecer que o pão dos pregos é fabricado na Rinchoa, em diversas padarias e pastelarias, uma das quais, ainda utiliza lenha para aquecer o forno. Tudo conjugado faz com que, Rio de Mouro deva ser considerado como Zona Demarcada do Prego e do Bitoque, única em Portugal. O Arco Iris situa-se, junto á estação ferroviária, é frequentado por muitas pessoas entre os quais o nosso ilustre conterrâneo famoso actor, grande apreciador de pregos e bitoques. O corte da carne, a chapa de aço inoxidável ampla e sempre impecavelmente limpa, o molho de cerveja, o allho esmagado, o batimento prévio da carne com martelo apropriado antes de ser grelhada, o pão aquecido barrado com manteiga para albergar a dita, tudo feito á vista do cliente, assim surge o prego. O bitoque é servido no prato, com molho de cerveja e batata frita em separado. O título tem razão de ser, e se duvidam experimentem, estas deliciosas iguarias da mesa sintrense. Bom apetite.
O terramoto de 1755, foi uma calamidade que se abateu sobre o País todo. provocando centenas de milhares de mortos e prejuízos incalculáveis. Na vlla de Sintra, o acontecimento foi descrito pelo pároco da freguesia da Vila,nos termos seguintes:
"Neste calamitoso tempo no primeiro dia do mês de Novembro de 1755 anos em que a Igreja Nossa Mâe manda celebrar a solenidade de todos os santos, visitou Deus os pecadores no rigor da sua justíssima ira; tremeu a terra pelas nove horas e três quartos do dia com tal violência que pareceu queria sacudir de si todos os mortais. Destruiram-se todos os ediícios desta antiquissima vila, e de quasi todo o Reino de Portugal. Cairam os sagrados templos, e com tão geral confusão e agonia acharam muitos miseraveis, primeiro o horror da sepultura, que o último estrago da morte. O terror a consternação e desalento deixaram de pouco melhor condição os que sobreviveram, a quem os campos serviram de asilo, e humildes choupanas de habitação, e a infinita misiricórdia de Deus de verdadeira e única consolação."
Quando passamos por um periodo de grandes dificuldades, convém recordar aqueles que com afirmações de boçal incúria, denigrem Portugual e os Portugueses, que 50 anos depois do terrível terramoto, tivemos as invasões francesas e o abandono da classe dirigente que fugiu para o Brasil. Em 1822 a independência daquela colónia. Depois a guerra civil (1828-1834), que provocou feridas que duraram anos a cicatrizar: a bancarrota no final do século XIX, a mudança de Regime em 1910, a participação a 1ª guerra mundial, a ditadura do 28 de Maio de 1926, o Estado Novo, a guerra colonial (1961 -1974). Superaramos tudo, sem ajuda de ninguém, e ainda ouvimos dizer que temos tido uma "rica vida".
É bom lembrar isto, e a memória dos nossos antepassados, porque nos mostraram que Portugal abana e cai, mas acaba sempre por se REERGUER, por maior que seja o abalo.