Passam hoje 121 anos que eclodiu no Porto a primeira revolução Republicana, sufocada pelo regime de então com grande violencia.Em várias Freguesias do Concelho de Sintra,existem ruas com nome "31 de Janeiro" em memória daquele acontecimento histórico,percursor do 5 de Outubro de 1910.O ilustre Republicano Alexandre Braga (1871-1921),insigne orador proferiu na Assembleia Nacional Constituinte em 1911,um brilhante discurso onde a dado passo referiu:
"Saudemos todos a cidade de Lisboa terra gloriosa da vitória e do triunfo.Saudemos todos, o seu incomparável civismo.a sua fé inquebrantável o seu espirito de sacrifício sem par.Saudemos todos a cidade mãe da REPUBLICA, a cidade coração da IDEIA,que no poderoso bater das suas pulsasações levou a todos os cantos de Portugal,pela propaganda intensa dos seus homens,a palavra da boa nova e de salvação.Saudemos com ela os precursores da vitória,OS NOSSOS POBRES MORTOS DO 31 DE JANEIRO,saudemos o Porto,que em desespero e em luto os viu morrer e em todos os lances da batalha esteve sempre ao nosso lado com denodada coragem e intrépida resolução.
E evocando as figuras desaparecidas na névoa indecisa da morte, recordando os dolorosos tempos de desespero e incerteza ajoelhemos em espirito,piedosos e recolhidos sobre a terra sagrada em que repousam os nossos irmãos de armas, a quem a vida não quis dar a suprema e consoladora alegria de assistirem ao triunfo da IDEIA,e aqueles que para a fazerem florir,regaram com a sua seiva generosa o solo da Pátria,e morreram sem saudade sem lágrimas e sem pena, colando à terra, ensopada no sangue das suas vidas o último beijo de amor de esperança e de fé"
Quando alguns por incultura e falta de amor á REPUBLICA,querem banir da memória do Povo a efemeride do 5 de Outubro de 1910,lembrar os heróícos lutadores do 31 de Janeiro, é não só um dever de cidadania,mas também, um grito de alma dizendo: a IDEIA é imortal.
No Outono de 1887, no lugar do Sabugo na Freguesia de S.Pedro de Almargem do Bispo, Município de Sintra decorreu um evento bélico que teve grande impacto na opinião pública da época, e porque se reveste de interesse, passamos a contar:
Para adestrar os efectivos militares, e preparar os soldados para um situação de guerra, foram realizados exercícios militares, que não decorreram da melhor forma, segundo relato da época: "O que se verificou no exercício do Sabugo, foi verdadeiramente extraordinário a começar pela maneira incompetentíssima como se manifestou a Administração Militar, que não soube cumprir os mais elementares preceitos das funções que tinha de desempenhar. E a prova disso são factos seguintes:
No Sabugo, as forças que representaram o inimigo não tiveram abastecimento de qualidade alguma durante cerca de quinze horas que ali permaneceram. Imagine-se que esta famosa Administração era encarregada de desempenhar as suas funções em tempo de guerra?!
O Sabugo foi um SEDAN (batalha onde a Prússia derrotou a França e ficou prisioneiro Napoleão III), para o exercito Português, onde só faltou e felizmente, não haver mortes a lastimar.
No Sabugo tudo aconteceu por incúria. Todos sabem que as tropas francesas sofreram revezes, entre outras coisas, por causa da sua administração militar, que forneceu BOTAS COM SOLAS DE PAPELÃO. No Sabugo o fornecedor de Infantaria 23 com quartel em Coimbra, e do qual algumas praças participaram no exercício, forneceu BOTAS COM SOLAS DE CASCAS DE ÁRVORES".
Parece que a corrupção que nos aflige já vem de longe. Para cumulo o tempo também não ajudou porque durante todo o exercício e depois dele choveu sempre. Este episódio ilustrou a falta de organização e fragilidade das forças armadas de então.
A foto é da Estação do Sabugo que, está edificada, nos terrenos onde os factos ocorreram.
Jacome Ratton foi um industrial e empresário agrícola que nasceu em França em 1736, e faleceu em 1820 ou 1821 em Lisboa. Naturalizou-se Português tendo sido um dos mais dinâmicos participantes na politica de desenvolvimento económico promovida pelo Marquês de Pombal.
Ratton teve a intenção de construir uma fabrica de chitas, que não concretizou. Nas suas "Memórias"escreveu:"Desvanecido o projecto da fábrica de chitas, lembrei-me de estabelecer uma de papel fino, parecendo-me ser igualmente proveitosa, senão de maior utilidade. Fiz para este fim um estudo particular naquela arte, (...) fui ver uma pequena fábrica de papel inferior, que julgo existir ainda no rio do papel, adiante de Queluz, na estrada que vai de Lisboa para Sintra, a qual trabalhava com uma só tina, e por pilões em razão da falta de água; por cujo motivo me não fez conta". Esta fábrica situava-se onde hoje está o edíficio desactivado da tinturaria Cambournac, visível do IC19 na curva do "papel".
Ratton iria realizar este seu projecto construindo a fábrica de papel em Tomar.Curiosamente no concelho de Sintra, em Rio de Mouro, seria instalada em 1790 uma fábrica de estamparia de chitas,sobre a qual publicamos uma artigo na revista SINTRIA I-II (1) 1982 -1983, intitulado "A Fábrica de Estamparia e Tinturaria de Rio de Mouro e o Inquérito Industrial de 1881". Este estabelecimento fabril laborou até aos anos trinta do sec. XX, o que restava do edifício foi demolido em 1982. A foto que publicamos está inserta no nosso trabalho,atrás referido, o qual tem sido utilizado por gente sem escrúpulos que não indicam a autoria quando copiam o texto para os seus "escritos". Finalmente a casa onde viveu Jacome Ratton em Lisboa é actualmente sede do Tribunal Constitucional: o Palácio Ratton.