Aldeia de A-da-Beja, na actualidade integrada no Concelho de Amadora, no distrito de Lisboa pertenceu ao Concelho de Belas até 1855, quando este foi extinto, em resultado da reforma administrativa promulgada por Passos Manuel. Depois dessa data, foi anexada ao concelho de Sintra, do qual foi separada em 1979 ao ser criado o municipio Amadorense. A aldeia está implantada num local, de onde se disfruta amplo panorama, que abarca grande parte da cidade de Lisboa e arredores, incluindo o estuário do rio Tejo,e a Serra da Arrábida na margem sul do mesmo rio.
Os terrenos circundantes eram apropriados para a cultura de cereais. Como consequência da abundancia de água, existiam quintas bastante produtivas de hortaliças e frutos. Lembrando este aspecto, ainda hoje deparamos na rendondeza com nomes realacionados com o precioso líquido: Fonte das Avencas, Fonte Santa entre outros. A aldeia, sendo uma povoação que tinha limites, com a Freguesia de Benfica, termo de Lisboa suscitou durante séculos a cobiça de alguns poderosos, que tentaram, por vezes incluir o sítio na lista dos seus domínios; para vincar a quem devia ser atribuia a posse, o nome do povoado surgiu como afirmação de pertença. Os factos são os seguintes:
A Infanta D. Brites, mãe de D. Manuel I, Duque de Beja deixou algumas das suas propriedades as freiras do Convento de Nossa Senhora da Conceição daquela cidade alentejana, entre elas o rendimento da Igreja Matriz da Vila de Belas, e as terras onde surgiu a Aldeia objecto deste apontamento. Sempre que era referido primeiro o casal e depois a aldeia, era costume dizer: "é das de Beja", significando que pertencia as monjas do citado convento. Com o andar do tempo ficou A-da-beja, que diga-se de passagem deve ser único em Portugal.
O ilustre arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, nasceu na cidade do Porto em 1 de Outubro de 1864 e faleceu em Sintra na aldeia de Paiões em 18 de Fevereiro de 1947, os seus restos mortais repousam no cemitério de Rio de Mouro.
Decorrendo nesta data, o dia dedicado aos sítios a arte e memória que eles encerram, pareceu-nos adequado recordar este nosso conterrâneo e um dos seu projectos, junto ao mesmo passam diariamente centenas de pessoas e no qual nem reparam. Apesar de ter sido o primeiro prédio construído para rendimento que mereceu ser galardoado com o PRÉMIO VALMOR de arquitectura, no já longínquo ano de 1909.
O prédio situa-se na Avenida Almirante Reis, esquina para o Largo do Intendente, na cidade de Lisboa.
Ainda hoje apresenta um aspecto de modernidade e beleza, características do talento de Bermudes. Merece pois ser referido e admirado, como exemplo de algo que sendo singular é intemporal.
foto publcada na "Ilustracção Portuguesa" em 3/5/1909
O abastecimento de água no concelho de Sintra e designadamente na Rinchoa, somente foi resolvido depois de 25 de Abril de 1974, contrariamente ao que muitos opinam, a falta de água era um dos problemas da Rinchoa. Para ilustrar esta afirmação, atentem-se no que escreveu Leal da Câmara,em Setembro de 1944:
" Quando se abrem os jornais de Lisboa e se lêem, diariamente, os mais aflitivos pedidos de água, para as povoações,constata-se que a falta de água, em determinadas regiões é quasi normal e, devemos dar-nos quasi por felizes, quando em uma povoação ainda exista qualquer água que abasteça o público.
É o caso da Rinchoa, apesar de mal abastecida, possuía o precioso líquido que escorria da fonte pública, onde o povo ia com as suas bilhas, buscar a fresquíssima água que vinha canalizada em leito de telhas e pedras desde o seu longínquo nascimento, atravessando quintais particulares e descendo até à fonte, situada na parte mais baixa da velha povoação.
O tempo foi correndo e as rústicas canalizações iam-se partindo. Outras vezes, era uma pedra que desmoronava sobre o canal por onde corria a água, e esta não podendo deslizar, na sua tranquila marcha para a fonte, perdia-se pelas terras, formando, ela mesmo, novos canais e perdendo-se pelas ribanceiras próximas.
Nestes momentos, faltava a água na fonte pública gritava-se,e a comissão de iniciativa local, ia a Sintra reclamar prontas providências que eram, quasi sempre dadas pela mesma forma,mandando um cantoneiro sondar o canal por onde vinha a água e desentulhar o local onde alguma pedra tivesse desabado, impedindo o bom movimento do fio de água.
E a fonte pública, voltava a correr com aquele som cristalino e doce que o poeta Mayer Garção definiu - A tranquila música das fontes...
Isto acontecia sempre assim, excepto em anos de grande estiagem, como aconteceu há uns bons doze anos em que a água desapareceu, por completo, por mais sondagens que se fizeram. (grande seca ocorrida em 1932-1933, nota do autor).
Mas os moradores muliplicaram-se e, justamente na parte da Rinchoa por onde seguia o pequeno veio de água, cada qual fez o seu poço, colocando por cima deles um potente aeromotor que aspira a água e, houve até quem fizesse essa captação, tão perto do veio de água que abastece a fonte pública, que esta secou,por completo".
Este testemunho do grande impulsionador da expansão da Rinchoa demonstra que a água na Rinchoa era um bem escasso. Da localização da fonte resta uma rua com o nome RUA DA FONTE, inscrito numa placa, infelizmente vandalizada. Esta artéria liga a Calçada da Rinchoa com a Rua da Capela,
Mais uma "lenda" que se desfaz, tínhamos razão sobre a origem do topónimo Rinchoa quando escrevemos, no primeiro "post" deste já longo dialogo com quem nos visita, que o nome do nosso bairro não deriva do facto de ser um local de água abundante, pelo contrário. Não é a percepção que consolida uma ideia, mas sim o conhecimento, e este exige pesquisa e estudo,e são estes a base do que gostamos de partilhar convosco.
Quando no apontamento que escrevemos acerca do Rio dos Veados, referimos a azenha da Louceira a propósito dum acidente ocorrido na zona durante o século XVIII, do qual resultou o afogamento do moleiro da "moenda";desta restam umas ruínas na margem esquerda do curso de água, no entanto, das obras hidráulicas realizadas para permitir conduzir o caudal necessário a movimentação das mós ainda é possível observar um açude implantado no leito do rio.
Curiosamente esta construção está situada num local onde confluem os limites dos concelhos de Sintra, Oeiras, e Cascais e também os das freguesias de Rio de Mouro, Porto Salvo e S. Domingos de Rana. A partir daqui o ribeiro passa a denominar-se Ribeira da Lage, tomando o nome do povoado um pouco abaixo na direcção da foz.
Relembremos que se dá o nome de açude "a uma construção de terra, pedra, cimento, etc. destinada a represar águas a fim de que sejam usadas na geração de força, na agricultura ou no abastecimento, pode também, designar-se por represa". O da Louceira é de pedra e está bem preservado, como se observa na foto.
Pela envolvente e localização seria um sítio ideal, para construindo uma ponte pedonal, integrada nos caminhos adjacentes, possibilitar a abertura de um percurso para caminhadas,não só estreitando as relações de vizinhança dos moradores das redondezas, mas também observar o açude. Daqui lançamos um apelo aos Presidentes das Juntas de Freguesia citadas, para que em conjunto estudem a melhor solução para que o AÇUDE DA LOUCEIRA, possa ser visitado, trata-se duma queda de agua que parece impossível,mas existe bem no centro dos três concelhos mais urbanizados de Portugal. Oxalá, um dia seja uma realidade este desejo.
Na Freguesia de Belas, concelho de Sintra, existe um sítio onde desde tempos imemoriais e segundo a tradição, se tem procedido a trabalhos de pesquisa e extracção de minerais preciosos. O local denomina-se Monte Suímo, a sua situação é a que consta no mapa que ilustra este texto.
De acordo com uma descrição do seculo XVIII (1741), um pouco da sua história é a seguinte:
"No termo desta vila (Belas), há um monte minado por baixo chamado comummente as Minas do Suímo; é bastantemente cavado; entrando-se nele com luz,com o reflexo dela parece que está a gruta armada, e guarnecida de galões de ouro, que forma uma vista muito agradável". No século XVI as minas eram propriedade da mãe do Rei D. Manuel, a Infanta D.Brites,que as deixou por herança aquele Monarca.
Actualmente o Monte Suímo está integrado no perímetro militar da Serra da Carregueira, deste modo a visita ao sítio não é possível. As lendas que se contam acerca das minas, são suficientes para despertarem o interesse de muita gente, que adoraria poder frequentar o local. Quem sabe se devidamente desentulhado, com acompanhamento de guias qualificados e salvaguardando o carácter castrense do Monte, talvez pudesse surgir ali uma atracção turística, susceptível de gerar receitas que por certo, ajudariam à manutenção dos aquartelamentos e do campo de tiro da Carregueira? Além disso como a altitude desta elevação é de cerca de 290mts, do cume deve avistar-se um magnifico panorama, sobre a Serra de Sintra e o mar.
Na impossibilidade duma observação "in loco", oxalá consiguamos despertar a curiosidade dos leitores.