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Tudo de novo a Ocidente

"AGUA DE ALBARRAQUE"

Em 22 de Abril de 1918, Albert Beauvalet requereu licença para explorar a nascente de água minero-medicinal, situada na freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra a qual atribuiu a designação que serve de titulo ao nosso apontamento.

A pretensão foi colocada à discussão pública, e convidavam-se todas as pessoas a quem a referida concessão pudesse prejudicar, apresentarem as suas reclamações no Ministério do Trabalho, dentro do prazo de sessenta dias a contar daquela data.

Curiosamente o Edital era assinado, pelo Chefe de Repartição, Manuel Roldan y Pego. Os protagonistas do facto tinham ambos apelidos estrangeiros, será que já ao tempo os "nacionais" andavam distraídos quanto as riquezas naturais de Portugal?!...

Não sabemos ao certo se o projecto resultou, nem em que local seria a fonte, Albert Beauvalet, era engenheiro de nacionalidade francesa, entusiasta do automobilismo, sócio e dirigente do ACP (Automóvel Clube de Portugal), também piloto de corridas. Ao seu dinamismo como empresário ficou a dever-se a construção duma das primeiras grandes garagens para automóveis, em Lisboa na Praça dos Restauradores no sitio que  hoje é o hotel Eden e onde foram as cavalariças dos Condes de Castelo Melhor. Podemos afirmar que em termos de curiosidades esta nascente foi um "manancial".

LEMBRAR JOSÉ CUPERTINO RIBEIRO JUNIOR (1848-1922)

Membro do Directório incumbido pelo congresso republicano realizado em Setúbal em 1908 de concretizar a Revolução, Cupertino Ribeiro filiou-se no Partido Republicano Português aos 18 anos. Tornou-se graças ao seu esforço e habilidade para o negócio num rico comerciante industrial e gestor, cuja bolsa esteve sempre aberta para ajudar a causa da República. Nasceu em Pataias concelho de Alcobaça , e faleceu em Lisboa na sua casa na Rua Braamcamp no dia 11 de janeiro de 1922, data desconhecida, que aqui divulgamos finalmente.

Implantada a República foi eleito deputado a Constituinte, sendo posteriormente Senador. Cupertino Ribeiro, ambicionava ser Ministro das Finanças do  Governo Provisório, tendo sido preterido em favor de Sidónio Paes, conotado com a ala radical e jacobina do Partido Republicano, contrariamente Cupertino sempre se colocou ao lado dos moderados, tendo aderido ao Partido Unionista de Brito Camacho, em oposição ao PRP, partido que dominou a cena politica nacional a partir de 1910. Cupertino Ribeiro era proprietário da Fabrica de Estamparia e Tinturaria de Rio de Mouro,Sintra Comprou uma das mais importantes quintas da localidade, a Quinta da Ponte que remodelou e onde construiu uma ampla moradia, frequentada pela melhor sociedade lisbonense do tempo,a quinta passou a ser conhecida por Quinta do Cupertino. Junto da mesma, e frente á fábrica mandou edificar um bairro para os operários.

Contribuiu com a avultada quantia de 35.000$00, para a construção do cemitério paroquial, iniciativa da junta republicana de 1909-1911 eleita, em parte devido à sua influência. Com as divisões surgidas no seio do movimento republicano depois de 1910, os radicais tomaram conta da junta e Cupertino Ribeiro, desiludido, terá desistido da ideia de mandar construir o seu mausoléu no cemitério da terra que tanto amava.

Vendeu a fábrica, transformada pelo novo dono em local de tratamento de curtumes, actividade causadora de poluição acentuada do rio, e cheiro nauseabundo de que os habitantes se queixavam,nomeadamente os moradores da povoação de Francos situada a jusante da "curtimenta".

O seu funeral realizou-se para o cemitério lisboeta, dos prazeres, sendo a sua urna depositada, no jazigo da família Ferreira Braga, parentes da sua viúva D. Adelaide. Foi acompanhado até a última morada pelos amigos de sempre entre eles: o general Correia Barreto ministro da guerra, Inocêncio Camacho governador do Banco de Portugal, Tomé de Barros Queiroz, Guilherme Graham destacado capitalista,  muitos comerciantes importantes como Ramiro Leão, e também pelo antigo pessoal da fábrica que lhe devotava sincera estima.

Em catorze de Janeiro a Junta de Freguesia de Rio de Mouro reuniu em sessão ordinária, na qual não foi feita qualquer referência ao desaparecimento de Cupertino Ribeiro, a maioria era do PRP, para que não restassem dúvidas que o gesto foi deliberado, o presidente referiu "só se devem tratar dos interesses da freguesia arredando-se de qualquer nota politica", quer dizer nada de falar no falecido. Cupertino Ribeiro, que tanto se orgulhava da vitória da lista republicana nas eleições de 1909 em Rio de Mouro, recebeu no fim aquilo que os políticos desavindos distribuem como ninguém: vil desprezo a  quem deviam estar gratos. 

Completa-se este ano o 90º aniversário da sua morte, figura de relevo nacional, merecia que o facto se assinalasse, assim este singelo depoimento é um contributo para que efeméride seja lembrada. 

 

 

Foto de José Cupertino Júnior, 1910

RENASCER DA NATUREZA

Na área metropolitana de Lisboa, a grande pressão urbanística nos anos 70 a 90 do século XX, provocou impactos ambientais, que pareciam irreversíveis. O Município de Sintra foi um dos que mais sofreu com o tipo de ocupação desenfreada do solo.

Felizmente a partir de finais dos anos 90 graças a aprovação do primeiro PDM (plano de urbanização municipal), e medidas complementares que se tomaram, como melhoria da rede de esgotos, separação efectiva de águas residuais das águas pluviais, limpeza e tratamento das linhas de água, designadamente a regularização dos leitos de cheia a consolidação dos taludes, das ribeiras a situação foi melhorando.

O resultado está à vista, aos poucos a fauna própria dos cursos de água está de volta. Os "patos bravos" como eram conhecidos os construtores civis que sem quaisquer preocupações estéticas ou de protecção da natureza, foram os "obreiros" do urbanismo que ainda temos. Agora estão a ser substituídos pelos verdadeiros patos selvagens que frequentam as águas das nossas ribeiras  de novo próprias para os seus mergulhos e "passeios". A foto  obtida em 5 do corrente, em pleno meio urbano, um pouco abaixo do local onde a água que vem da vertente da Fonte de Nossa Senhora das Mercês, que brota junto da capela do mesmo nome,entra no antigamente designado rio das enguias, aqui existiu uma represa que deu nome á quinta "da prêsa", a imagem mostra um razoável numero de palmípedes que nadavam nas águas com que as últimas chuvadas fizeram encher a ribeira, toda esta "ninhada",visivelmente satisfeita, é observável a partir da entrada do Centro de Saude de Rio de Mouro.

A capacidade de renovação da natureza é imensa, por muito mal que os néscios façam, a situação pode reverter-se. Oxalá suceda o mesmo com a situação social e politica para onde nos conduzem...

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