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Tudo de novo a Ocidente

Carvalhal revisitado ou um carvalho "frente e verso"

Na quinta grande de Meleças o que resta do seu antigo carvalhal, resume-se actualmente a pouco mais do que um  magnifico carvalho negral, durante muito tempo utilizado para apoio da rede do galinheiro que "prosperava" sob a sua copa. No presente apresenta  pujante aspecto vegetativo, resultante de ter acabado o galinheiro e a ocupação, ilegal do terreno circundante. Há um pormenor visível no tronco da árvore, consequência do uso dado à sua casca. A parte do tronco  virada para onde estava o aviário, instalações de outros animais, coelhos e curral de cabras, apresenta uma incisão de tamanho significativo devido á extracção da cobertura do caule.

Este facto deve estar relacionado com a curtimenta das peles de animais abatidos pelo antigo "inquilino" do espaço. A casca de carvalho adicionada no processo de curtir peles, devido as suas qualidades adstringentes contribui para a separação das gorduras e secagem mais rápida do "pelame". A revisitação do local permitiu-nos esta descoberta, outra utilidade dessa árvore impar: o carvalho. Durante séculos o imenso carvalhal do "prazo" de  Meleças, deveria ter sido um lugar pleno de simbolismo e simultaneamente fonte de riqueza dos habitantes do termo dos concelhos de Sintra e Belas. 




O Pão de Meleças

As terras de Meleças, no termo de Sintra eram férteis, boas produtoras de trigo. Relacionado com esta característica, o escritor Pinto de Carvalho- Tinop (1858-1936), no livro "LISBOA D`OUTROS TEMPOS-II OS CAFÉS, publicado em 1899, escreveu:

"O botequim do Marcos Filipe foi um do primeiros cafés de luxo de Lisboa. Estava ao canto do Largo do Pelourinho (hoje Praça do Munícipio) na loja que tem os números 23 e 24, e é ocupada pela drogaria da viúva Serzedello. (...), o botequim foi estabelecido depois do terramoto, a solicitação do Marquês de Pombal, que reconhecia a importância deste elemento de vida pública nos grandes centros populosos. O estadista, para vencer a contumácia do fundador da casa, foi lá,no dia da inauguração, almoçar chá e torradas com manteiga feitas de pão de Meleças, um lugarejo saloio cerca de Belas a confecção destes almoços ligeiros constituía uma especialidade dos velhos botequins lisboetas".

O "picante " da história é que um dos principais fornos de Meleças, para a cozedura do pão estava instalado na quinta do Scoto, propriedade do Marquês, como era seu apanágio não dava ponto sem nó. A existência da industria de panificação na localidade, devia-se também à abundância de lenha nas redondezas utilizada no aquecimento dos fornos. Para obter a farinha,laboravam azenhas e moinhos de vento, por nós referidos em apontamentos anteriores. A drogaria citada por Tinop, mais tarde, deu lugar a um grande armazém de ferragens, J.B. Fernandes entretanto desaparecido. No presente está ali instalado um Banco....

O afamado pão de Meleças tinha modo de preparação diferente do "pão saloio", durante o século XIX, na primeira metade do século XX, vendiam-se em Lisboa, os dois tipos de pão. O forno mais importante de Meleças, devia situar-se no sítio ainda conhecido pelo Vale do Forno, incluído da área inicial da quinta do Scoto. O território que estamos referindo pertenceu até 1950 á Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, concelho de Sintra. Muitos dos emigrantes em S.Paulo, no Brasil estabelecidos com negócios de confeitaria e padaria, segundo a Professora Maria Isilda Santos de Matos, na tese "A luta pelo Pão", acerca da labuta dos portugueses por uma vida melhor no século XIX, anunciavam na imprensa paulista, fabrico e venda do pão de Meleças. Chegou longe uma das delicias da nossa terra. 



Foto retirada do Blog:mesamarcada.blogs.sapo.pt

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