Em fevereiro de 2011,num "post" inserido neste espaço ,dissertamos acerca do Rio dos Veados,e recordamos um funesto acontecimento ocorrido nos finais do século XVIII,no qual perdeu a vida um "vizinho",quando pretendia atravessar o rio, usando um passadouro existente ,por fatalidade caíu na torrente perecendo afogado;na ocasião o curso de água,devido as chuvas corria caudaloso.
Pesquisamos nas nossas fontes voltamos ao local ,agora podemos afirmar:no sítio onde o facto decorreu,está actualmente uma ponte construída sobre manilhas, galgável em caso de cheia.A foto foi obtida a jusante,o caminho que podemos observar na direçcão ao lugar da Estribeira,situado a montante,indica ter sido ser aqui, um ponto de passagem do concelho de Sintra para o de Cascais.Na margem direita do Rio dos Veados fica a freguesia de Rio de Mouro (Sintra), na esquerda a freguesia de S.Domingos de Rana(Cascais).
Acerca do caminho de ferro do Oeste, muito haverá a descobrir. Quando surgiu a ideia da sua construção,enunciaram-se um conjunto de considerandos,na base dos quais ,aquela linha seria imprescindível para o desenvolvimento do País,conforme despacho de 21 de Agosto de 1884 assinado por António Augusto de Aguiar,aqueles considerandos,eram de índole,económica, social.turística e militar.Parte do teor daquele documento,é o seguinte:
"considerando que esta via férrea é destinada a ligar parte do país ao norte do Tejo com a capital do reino,quando estiver interrompida a linha do leste pelas inundações.Considerando igualmente que o serviço internacional para Espanha e norte dos Pirineus,se fará no caso de estar interrompida ,pela linha de Torres vedras.Além disso em caso de guerra esta via férrea terá de prestar serviços importantíssimos para a defesa militar do reino e da capital,por ser meio de comunicação mais seguro para o transporte de tropas e de material de guerra,para Lisboa e para as províncias do norte,dando igualmente melhor comunicação e mais fácil acesso as linhas de defesa da capital,que a torna uma LINHA FÉRREA ESPECIAL na rede de viação acelerada do reino.Considerando que a linha férrea de Lisboa, Torres Vedras à Figueira da Foz,é destinada a servir uma das zonas mais povoadas e produtivas do reino".E exemplificava "A vila das Caldas que além de ser muito industrial e comercial,possue um dos melhores estabelecimentos termais da Península,Leiria capital dum distrito susceptível de grande desenvolvimento.Figueira da Foz praia das mais concorridas do País.As importantes matas que o Estado administra entre o Porto de S.Martinho e a Figueira da Foz,serão atravessadas pelo caminho de ferro"(fim de citação).
A ideia concretizou-se,quando se executou o troço de Alcântara em Lisboa á vila torrejana,previa-se passagem pela vila de Sintra, dali seguiria para Torres Vedras, servindo a zona dos mármores de Pêro Pinheiro.As forças vivas de Sintra não queriam o caminho de ferro próximo,a classe dirigente local,vislumbrava na facilidade de acesso "invasão" de estratos populacionais diferentes da burguesia e nobreza,habituais visitantes da urbe.Vingou este ponto de vista. A linha a partir da estação do Cacém,continuou na direcção de Torres Vedras,afastando-se da sede do concelho de Sintra,apesar disso, construíram-se neste concelho, diversos apeadeiros e estações: MELEÇAS,TELHAL,SABUGO,PEDRA FURADA.Durante um século a linha do oeste, como passou a ser conhecida ,teve papel de relevo na rede ferroviária nacional.Infelizmente o carácter especial que no começo lhe atribuíram foi esquecido,hoje(2013) é percorrida por pouco tráfego,as estações ,ostentam sinais de abandono,e "ar saudoso"dos comboios e do bulício dos passageiros.A estação do Sabugo,na imagem, ilustra isso.Deveria ser preservada, tem pormenores construtivos de interesse histórico e de "arqueologia ferroviária",as sua instalações,talvez aproveitadas para dar a conhecer esta" linha especial "traçada ao longo da costa ocidental de Portugal.
Escrevemos a algum tempo, um apontamento acerca da praia e região da Comporta das suas condições de salubridade, local propício à proliferação de mosquitos, como consequência da existência de grandes arrozais na zona. Desejamos referir, outra particularidade interessante relacionada com a herdade. O acesso rodoviário, à povoação da Comporta fazia-se a partir da vila de Grândola, concelho em que está integrada. Esta situação manteve-se até ao inicio da urbanização de Tróia, promovido pela empresa Torralta, no começo dos anos 70 do século XX.
Uma das primeiras decisões foi a completar a ligação do lado de Alcácer do Sal, que findava junto à povoação da Carrasqueira, onde chegam os limites da Herdade da Comporta. Parecia pretender-se fazer da propriedade uma espécie de rincão inacessível, ao comum dos cidadãos.
Rasgado o traçado da rodovia da Carrasqueira à Comporta ,o acesso a partir de Alcácer, tornou-se o mais utilizado. Este facto possibilitou melhor conhecimento de uma das maravilhas destas paragens:O PORTO PALAFÍTICO da Carrasqueira, conjunto de estacas que suportam um passadiço, permitindo caminhar sobre a água,até ao sítio de amarração dos barcos. Local idílico de beleza singular fruto não só das condições naturais mas também da acção dos pescadores do rio Sado, cujo engenho e argúcia, para vencer as marés do rio deu origem á construção dum ancoradouro, exemplo de património cultural, único em Portugal. Descer o Sado até à cidade de Setúbal de barco com os pescadores, é uma experiência inolvidável.
Escrevemos no anterior apontamento,acerca dum vetusto castanheiro,derrubado por recente intempérie.Lamentamos a ocorrência,não referimos porque é conhecimento universal , como a maoria das árvores , esta morreu de pé.
Acaso feliz tivemos oportunidade de assistir ao desenlace final, para o castanheiro , consequência do seu derrube pela ventania.Quisemos partilhar com quem nos "visita".Os troncos do espólio arbóreo mostram,a saúde que o castanheiro apresentava;confirma-se o velho ditado:para morrer não é necessário estar doente.Castanheiro da jarda, o teu tempo acabou assim...
Nas civilazações ancestrais,nomeadamente na China o castanheiro ,era relacionado com o oeste,ocaso,e ao outono.Considerado como uma árvore
providencial,porque o seu fruto a castanha,servia de alimento que ajudava a minorar a míngua alimentar do inverno.
Um pouco por isso no nosso cantinho do ocidente,as castanhas são assocadas ao tempo frio e invernal,"o homem das castanhas",o S.Martinho e outras ,manifestções tradicionais,celebram-se com castanhas e vinho novo,espécie de lenitivo de um tempo cinzento,apesar do santo ter verão,"privativo" o verão de S.Martinho, um capricho meteorológico,próprio da latitude onde nos situamos.
O castanheiro é associado aos climas frescos e chuvosos.Em Portugal por esse motivo encontramo-lo, até, nas alturas de Monchique no Algarve.Segundo o Professor Orlando Ribeiro ,que escreveu,uma parte importante da sua obra em Vale de Lobos no Munícipio de Sintra onde possuía, casa e morou largas temporadas;o Concelho de Sintra,é uma espécie de fronteira entre o norte e o sul de Portugal.O mestre afirmava que aqui começava,verdadeiramente o sul.Um dos elementos que servia como argumento era o facto dos últimos soutos estarem nas montanhas sintrenses.
Um pouco por toda a geografia desta região deparavamos com castanheiros,foram desaparecendo,quer por incuria e ganância do homem ,quer por causas da natureza ,como os vendavais.Neste dia de S.Martinho recordamos um velho castanheiro secular ; existia junto á ribeira da jarda. Tombou em resultado de recentes tempestades.Fica a imagem para memória futura,uma bela árvore desaparecida.
Neste desgraçado tempo de incúria imbecil que sem pudor alguns alardeiam,mentindo com a maior desfaçatez,acerca da situação do Paìs,o povo carregando uma "cruz" cada dia mais pesada,vergado por cortes nos rendimentos , gemendo sob carga tributária,própria dum sistema feudal,manifesta comportamento estranho,pois não se compreende, face a tal tratamento se não indigne, manifestando legitima revolta.Qual o motivo?
Deste ocidental cantinho,tentámos desvelar o mistério;de análise,em análise chegamos á conclusão, sofre dum mal antigo: "o mal de São Lázaro",esta patologia ,segundo,Leão Meireles(1886),origina a sensação de estar" proscrito da sociedade,olhado por todos com receio e horror,o leproso é sempre um nostálgico,evitanndo quanto pode os olhares do público, em que julga ver sempre comentários,à sua miséria".
A elite dominante,voltou a fazer reaparecer a lepra.Resta-nos o consolo que apesar de horrível a doença, não é contagiosa.Como ilustração deixamos o portal da capela de São Lázaro,situada em S.Pedro de Sintra,no interior da qual se podem observar, simbologias relacionadas com a a assistência aos necessitados , designadamente, o pelicano...