Voltamos de novo à ermida de Nossa Senhora da Piedade da serra edificada perto da aldeia do Sabugo, freguesia de Almargem do Bispo, para completar o "post" de 4 de Abril de 2008.
Nos fins de semana, celebrações de casamentos continuam aumentado. Não só a beleza, dignidade do templo facilidade de acesssos e estacionamento, paisagem grandiosa abrangendo simultaneamente Serra de Sintra e oceano atlântico; mas também recinto destinado a eventos próximo, podem explicar este facto. Á Senhora da Piedade aflue gente de toda a área da grande Lisboa. Durante muitos anos foi uma "orada", onde acorriam as populações unicamente da região saloia, residentes nos concelhos de Sintra, Loures, Cascais e Mafra.
A devoção a Nossa Senhora da Piedade, genuinamente popular arreigada nas classes mais desfavorecidas. Tal particularidade, explica a concorrida romaria realizada anualmente em Agosto. A feira franca de tempos idos, decorria em conjunto com a festa religiosa.
A situação geográfica, no coração do concelho de Sintra, rodeada pelas freguesias de Rio de Mouro, S. Pedro de Penaferrim, S. Martinho e Santa Maria e S. Miguel contribuia para facilitar a comparência de muita gente.
O local de culto, tem dimensões superiores a capela, no entanto inferiores as de uma igreja; decoração e recheio "sacro" denotam procupação de marcar diferença relativamente, as ermidas circundantes.
As imagens do templo parecem seguir aquele objectivo. A veneranda imagem de Nossa Senhora da Piedade; réplica digna e simples da "Pietá". Talvez obra dum santeiro da região. O conjunto reflecte sentimentos nobres recatados e crédulos das populações que no século XVIII, decidiram construir o templo. Esta obra singular do património religioso sintrense, merece uma visita.
A notícia apareceu,outra a adicionar a identicas de igual teor.Anuncia-se uma restruturação,efemismo de possível encerramento,relativos a fábrica de transformadores,existente há muitas décadas no Sabugo,freguesia de Almargem do Bispo ,concelho de Sintra.Duzentos postos de trabalho em risco.Unidade fabril, do parque industrial do Sabugo,no qual laboravam diversas fábricas que foram fechando. Unidades destinadas a fabrico de fogões esquentadores,fundição,metalúrgicas,etc.Os operários afluiam diariamente, movimentando a estação de caminhos de ferro da aldeia.Os estabelecimentos fabris escolheram localizar-se onde fosse possível encontrar mão de obra barata e "dócil", porque muitos eram também agricultores a tempo parcial.Auferindo salários razoáveis,apareceu uma "aristocracia operária",com certo nível de conforto ,permitindo proporcionar aos descendentes acesso instrucção diferente dos progenitores.As fábricas entraram no imaginario das povoações. Sucederam-lhe os filhos, depois alguns netos ,a fábrica tinha vindo para ficar , justificava-se "eternizá-la",na toponímia.
As autarquias receptivas á vontade popular delibraram atribuir,á via de acesso ao local de trabalho,RUA DA FÁBRICA.
Com o desaparecimento daquela o nome terá pouco significado.O fomento industrial do salazarismo irrompeu nestas terras do oeste português ,na sequência da adesão de Portugal em 1959 á Associação Europeia de Comércio Livre,EFTA, na designação inglesa.As particularidades referidas e mercado protegido foram "chamariz" que atraíu a Portugal, numero considerável de empresas,a maioria já abandonou o País.No entanto venceu a ideia dum movimento irreversível,as pessoas acreditaram.Não passava de quimera Portugal rural,anafabeto obediente ao "chefe", evoluiu conforme esperado. Ouvimos de novo "loas " ao trabalho agrícola e virtudes da vida no campo.Para bem e para mal este é tempo das cidades,da cultura urbana. Falta "demolir" as paredes que o Estado Novo ergeu. Entre tradição e modernidade a agonia de Portugal continua.Adeus Rua da fábrica.Terminou o teu tempo?...
Desvendamos um enigma acerca das razões que levavam, suas Majestades a procurarem estadias em Sintra. Além das particularidades de beleza e clima ameno da terra, existiam outras igualmente relevantes para rumar à encantadora Sintra. A "porcaria " de Lisboa, como se pode aquilatar por um edital da Câmara Municipal de Lisboa de 1798. O documento dá razão ao escritor Eça de Queiroz, o qual em 1871, no livro"Uma Campanha Alegre (p.186,187) escrevia:
"Lisboa é a cidade mais suja da Europa. A própria Constantinopla, com o torpe desleixo turco, a própria Atenas, com a indolente miséria grega-são mais limpas:e se não fosse o Tejo que lhe faz uma certa toilette, e este sol maravilhoso que tudo a alegre e doura-Lisboa, aqui ao canto, junto ao mar, como um cano, seria a sentina da Europa"
Não admira a escolha de Sintra e seu termo, como local de morada e veraneio da Corte, nobreza e burguesia endinheirada. Primeiro as vilas de Belas Sintra, e Queluz com os seus palácios, depois as" insignes" quintas de Rio de Mouro e Colares. Para fugir duma cidade nauseabunda, nada melhor que o ar lavado, veigas de amena frescura e fertilidade característicos do território a ocidente da capital portuguesa, à sombra encantadora da serra do Monte da Lua ou Sintra. Leia-se com atenção a recomendação da edilidade Lisboeta, e meditemos na desdita para o povo constrangido a viver numa urbe onde varas de porcos "vadiavam" pelas ruas fossando na imundice. Nesta época as capitais europeias, alindavam-se graças a planos de urbanização, concretizados pelos governos respectivos, transformando-se em cidades modernas e salubres. O atraso de Portugal era endémico, as elites dirigentes um espelho da capital do seu império.