Os sítios em muitos casos foram designados, de acordo com o nome de baptismo dos primitivos proprietários das terras onde se situam.Em diversas regiões de Portugal deparamos com exemplos,que confirmam essa característica.No concelho de Sintra, área Metropolitana de Lisboa,encontramos alguns casos.
Na zona dos "mármores" assim denominada devido a prevalência desde tempos antigos da actividade de exploração e transformação de rochas ornamentais "lioz" e mármore, encontramos topónimos, "Pero Pinheiro" "Coutinho Afonso" ,"Casal do Vistas"entre outros; originados nos nomes dos primeiros donos das terras. Pero Pinheiro é corruptela medieva, que alterou a designação inicial de Pedro para Pero.
Coutinho Afonso, igualmente, nome de donatário.No território destes topónimos deparamos outro interessante, relacionado com o modo como os "senhores", arrendavam as terras, e cobravam o pagamento das rendas."Quarteiras", local onde os camponeses recebiam pelo labor, a quarta parte das colheitas anuais recolhidas.Este topónimo encontra-se em outras regiões de Portugal, sempre na orla ou no interior de grandes propriedades latifundiárias. A toponímia permite descobrir curiosidades singulares.
Um dia não muito distante, larguei o carro, e decidi calcorrear a pé o caminho de Almornos e Almargem do Bispo, localidades situadas no extremo norte do Município de Sintra, na área Metropolitana de Lisboa, em Portugal.
Era um final de tarde soalheiro e calmo com temperatura agradável propicia á marcha, a paisagem do sítio de cariz campestre, bordeando o caminho renques de sobreiros, vestígios da vegetação outrora dominante, que sucessivas arroteias necessárias a preparação de terras para cultivo ou pastagem, reduziram drasticamente.
A meio do percurso, deparamos na berma da estrada uma pedra trabalhada tendo na face virada para a faixa de rodagem, esculpida uma singela cruz. Curiosamente preservada, apesar de estar depositada sobre o chão não foi removida ou furtada do local. Será certamente uma pedra de "peso".
Humilde e centenário Cruzeiro perpetuando facto digno ser recordado, ocorrido naquela "solidão". A pedra ostenta gravada a efeméride 8/9/1905, e apela a um P. A. (pai nosso e avé maria) por intenção de alguém que neste ermo terá entregue a alma ao Criador. Os danos causados por accão das intempéries, o "cotão" que cobre o bloco não deixam ver claramente a inscrição.
Talvez as autoridades autárquicas, responsáveis pelo o conjunto das Freguesias de Almargem do Bispo, Montelavar e Pero Pinheiro, decidam mandar restaurar esta "memória". Essa operação, tornando-a mais visivel, facilmente despertaria a atenção de quem passa. A importância dos monumentos não se mede aos "palmos". Enquanto a situação nao se alterar a "companhia" quotidiana será o sobreiro plantado no outro lado da estrada, que "mitiga " o olvido.