FEIRA DAS MERCÊS HÁ SETENTA ANOS.
Irá realizar-se no período tradicional a feira das Mercês, ex-libris da região saloia, retratada com mestria por Leal da Câmara.
Durante décadas, certame atraía milhares de visitantes oriundos da capital e área circundante. A construção do caminho de ferro, permitia transporte fácil de multidões. A feira além dos aspectos económicos associados a venda de produtos e transacção de gado vivo, era mostra do aspecto social do país. Ali afluíam mendigos de todo Portugal, aproveitavam as enchentes e pediam esmola exibindo as mazelas e miséria.
A situação era de tal modo grave e confrangedora em 1947 a policia de segurança publica, no âmbito da repressão da mendicidade decretada pelo governo da ditadura Salazarista, procedeu a grande operação de "limpeza" dos pedintes que as centenas povoavam o caminho desde o apeadeiro ferroviário até ao recinto da feira.
Os detidos foram levados em camionetas ao asilo da Mitra situado no Poço do Bispo em Lisboa, para serem enviados para as terras da naturalidade, Salazarismo entendia que cada terra deveria acolher seus mendigos para "limpar" Lisboa dessa chaga social.
A noticia publicada pelo Diário de Lisboa de Domingo 20 de Outubro, informa nas Mercês só ficou a mendiga, Mariazinha, cega e paralitica, natural da zona, todo ano exercia "pedinchice", junto a passagem de nível das Mercês, devidamente autorizada.