Sintra foi berço de gente ilustre: reis, militares, navegadores, artistas, políticos e também missionários. Merece ser referido, uma glória da Companhia de Jesus,na saga de difundir no Oriente a fé cristã.
A igreja paroquial de Rio de Mouro, mandada erigir em 1563, por iniciativa do cardeal Rei Dom Henrique,personalidade próxima das actividades dos Jesuítas.Talvez, devido a essa particularidade encontramos no século XVII,vários jovens naturais da freguesia de Nossa Senhora de Belém , do lugar de Rio de Mouro , que ingressaram na Companhia fundada por Santo Inácio de Loyola.
Destacou-se dessa plêiade de jesuitas , Diogo Vidal , Padre formado no noviciado de Lisboa. Partiu para o Extremo Oriente em 1684,com destino a Macau,onde vivia em 1692.Dali deslocou-se a Tonquim no sul da China, em 1694,nomeado vigário daquela cidade por ordem do bispo de Macau D. José Casal.
Passou inúmeros perigos e sacrifícios ,nas viagens para difundir o evangelho, e converter ao cristianismo gente daquelas paragens.Regressando a Macau,e desde Maio 1698, ensinou teologia no seminário da diocese.
Partiu posteriormente para Goa. Veio a Portugal , depois a Roma sede da Companhia, voltou para Extremo Oriente.Na viagem de retorno a Roma do Oriente (Goa),o barco entrou nas terríveis calmarias equatoriais, sem vento a nau, permaneceu a deriva no golfo da Guiné, passageiros adoeceram, quase todos,alguns faleceram , incluindo o Padre Diogo Vidal, fim de Maio ou principio de Junho de 1704, não havendo certeza da data.
O nosso conterrâneo viveu e morreu com fama de santidade, durante a vida procurou ser sempre justo e bom cristão, segundo rezam as crónicas.
Diogo Vidal , nasceu a 23 de Abril de 1660, , baptizado 6 de Maio do mesmo ano, na igreja paroquial de Rio de Mouro, cerimónia presidida pelo pároco Sebastião Duarte;era filho de Domingos dos Santos e Maria Silveira,viu pela primeira vez a luz do dia no lugar das Serradas, foram padrinho, Simão Fernandes de Albarraque, e madrinha, sua irmã Mariana Silva.
Rio de Mouro ,pode orgulhar-se deste filho, Sintra deve honra-lo,e ser apontado como exemplo a seguir.Contribui para seja mais conhecido, cumpri o meu dever.Deixo imagem do lugar do nascimento de Diogo Vidal
Sitio denominado do "papel", no Município de Sintra pertence na actualidade a freguesia de Agualva Cacém , no entanto até década 50 do século passado, durante centenas de anos fazia parte integrante da freguesia de Nossa Senhora de Belém , em Rio de Mouro.
O nome deriva do estabelecimento fabril,possivelmente construido no século XVIII, destinado ao fabrico de papel, utilizando, restos de tecidos.A partir dessa data curso de água banha o local passou a designar-se " Ribeira do Papel ".Curiosamente os primeiros operários da "fábrica",eram oriundos da Vila da Lousã, perto da cidade de Coimbra, onde existia desde o Século XVI, fábrica que fornecia papel a universidade de Coimbra.
Em 1818, fábrica pertencia a Joaquim Pedro Quintela do Farrobo, 2º Barão de Quintela , mais tarde Conde de Farrobo, grande capitalista e proprietário, dissipou em festas e luxos , fortuna descomunal.
Fabrica havia sido comprada pelo pai,Joaquim Pedro Quintela, primeiro barão de Quintela.A instalação fabril esteve na posse do Conde Farrobo, até seu falecimento. Em 1869, os bens foram vendidos em hasta pública, resultado da falência total do conde.
As instalações do "Papel", seriam adquiridas por Pierre Joseph Alfred Cambournac, que iria transformar a fábrica, numa estamparia mecânica e tinturaria a "Tinturaria Cambournac" a qual laborou até depois de vinte cinco de Abril de 1974. Isso é outra história.O numero de operários da Cambournac, chegou a ser tal a Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses CP, instalou apeadeiro do Papel, situado na passagem de nível do mesmo nome, estrada Cacém,Massamá, destruído quando das obras de alargamento da via férrea , e destinado a servir a fábrica.
A gratidão gesto demonstrativo de grandeza de carácter, quem sentindo ter sido tratado de modo justo e humano,por outrem, acha dever publicitar o facto dessa forma difundir tratamento dispensado,
Na vila de Sintra principio do século XIX,viveu personagem influente rico e poderoso,elemento da elite sintrense,desempenhou diversos cargos de relevo na "governança" . Vereador , capitão de ordenanças, e porventura algum outro.
Em Janeiro de 1801,porque havia conseguido arrematar as "jugadas" do concelho, personalidade ainda mais destacada.
Jugadas, tributo,pago anualmente em espécie ( milho , trigo, centeio,linho, vinho ), pelos cultivadores das terras agrícolas; normalmente , difícil de pagar tendo em conta a inconstância da produção das terras.Sendo pesado ónus , era como "canga" ou jugo na vida dos pobres agricultores daí o nome ,
Concessionário daquelas jugadas,deveria ser pessoa de sentimentos humanitários, fazer fé em anuncio,publicado, no jornal GAZETA DE LISBOA ,numero III, sábado 24 de Janeiro 1801.Cujo conteúdo era: " Os lavradores e seareiros do termo e vila de Cintra,noticiam que o actual arrematante das jugadas da mesma vila, João Clímaco dos Reis, tem animado e fomentado a agricultura, não vexando aos que por esterilidade lhe devem os direitos, tendo além disso,fiado muitos móios de pão, e franqueado o preciso aos que o necessitarão para as lavouras.este procedimento humano singular no seu género, é digno de publicidade pelo belo exemplo que oferece".
Tratou-se genuíno acto de gratidão e agradecimento merecidos por parte do povo ,ou laudatória mandada publicar, custeada pelo próprio, para conseguir arregimentar apoios a sua actividade política ?Nunca o saberemos...