A cidade de Queluz, integrada na " construção " autárquica denominada União de Freguesias de Queluz - Belas, Município de Sintra,não há muito tempo albergava palácios e vistosas moradias de famílias importantes, ricas e poderosas da nossa sociedade.
Durante algumas décadas destacou-se, família Almeida Araujo.Habitou palácio existente no terreiro do Palácio Nacional, traseiras da Pousada Dona Maria I, actualmente, residência oficial de Sua Exª General Chefe do Estado Maior do Exército.Inicialmente conhecido como "palácio Pombal " por ter sido mandado edificar,pelo segundo Marquês daquele título.tal qual escrevi neste "sitio" a 2 de Fevereiro de 2017.
A mansão seria adquirida aos herdeiros do Marquês,por volta de 1880 pelo abastado proprietário, capitalista e filantropo, Joaquim Palhares de Almeida Araújo, quem o Rei D. Carlos outorgou, no ano de 1898 titulo de Visconde de Almeida Araújo , mais tarde, 1901, Conde da mesma designação.O palácio passou a ser conhecido por " Almeida Araújo " .
O visconde pouco tempo residiu em Queluz, deixando usufruto para familiares.A habitação permanente era no imóvel sua propriedade, situado na Rua Luz Soriano , n-º 67 , na cidade de Lisboa,residência onde em 30 de Outubro 1898, nasceu, até a data, único descendente Carlos Augusto de Franco de Almeida Araújo, sua mãe Herminia Augusta Franco, filha do Visconde de Falcarreira, senhor do Palácio onde está Instituto Italiano de Cultura em Portugal , e casa do Ribatejo,na esquina das ruas do Salitre e Vale do Pereiro, na capital.
Curiosamente no assento de baptismo não consta Joaquim Palhares Visconde Almeida Araújo.O 1º conde, Almeida Araujo faleceu 24 Novembro de 1909 na Rua Luz Soriano. Sucedeu no titulo Carlos Augusto,cujo óbito ocorreu a 1 Outubro 1918,também na morada onde havia nascido.Sabemos os títulos nobiliárquicos foram abolidos pelo governo da República, apesar de haver quem pretenda usar o titulo , de jure e de facto,falecendo sem geração, o derradeiro Conde de Almeida Araújo, foi Carlos Augusto Azevedo Franco de Almeida Araújo,assinalo aqui centenário da sua morte, recordo ligação a Queluz. O serviço público do blog, fica , uma vez mais, demonstrado
O último apontamento escrevi, revelei importância do Casal do Almarges ou dos Porqueiros. A última designação ainda existe na toponímia da freguesia onde moro, curiosamente perdeu-se ideia da antiga importância daquela propriedade.
No conturbado período do inicio do século XIX, abastado negociante e comerciante por grosso na praça de Lisboa, António Francisco Machado, arrematou em hasta pública, no decorrer de processo polémico, pela quantia de 6.500 mil reis a propriedade.
Os herdeiros do anterior proprietário contestaram em tribunal tentando provar, o valor era baixo, com argumento, o arrematante ser comendador da Ordem de Cristo: rico e poderoso, teria usado esse poder para comprar o "prédio " muito em conta.
A avaliação feita demonstrava rentabilidade do "Casal": compunha -se de casas nobres, pátio, lagar de vinho, com vara e peso de cantaria, cavalariças, palheiros e oficinas, pomares de frutas de espinho e caroço, três grandes tanques de nascentes privativas obra de muito valor, uma fonte de agua férrea, aprovada para exploração, terras de semeadura, oliveiras, um grande forno de cal, grandes matos, onde se retirava lenha para aquele e grande pinhal.
Terras de semeadura, produziam anualmente, dezasseis a vinte moios de pão sendo doze de trigo, dois de cevada e dois de milho, moio equivalia a 60 alqueires, o alqueire em média eram 14 litros. A vinha produzia regularmente, cada colheita 4 pipas de vinho de 100 almudes cada (cerca de 2500 litros), o olival em ano de safra produzia duas pipas de azeite.
Além de tudo isso, casal abundava em erva e alguma cevada verde, o forno da cal, produzia quatrocentos, moios de cal. Segundo a querela judicial contra o arrematante os queixosos ,avaliavam a propriedade em 15.000 reis.
A compra seria sancionada, por herança de António Francisco Machado, passou ao filho, Policarpo José Machado, nascido em Lisboa em Julho de 1796 e falecido a 21 Dezembro de 1875.
Policarpo Machado, aumentou imenso a fortuna herdada: a rainha dona Maria II, outorgou titulo de Visconde de Benagazil, nome do seu latifúndio, na zona de Alcácer do Sal, ainda subsiste actualmente.
Os filhos do Visconde, subdividiram o casal, venderam a diversos proprietários, um deles Cupertino Ribeiro, grande comerciante, iria adquirir a fábrica de estamparia de chitas, a Filipe José da Luz, o qual também comprou propriedades do visconde próximo de Setúbal.
Policarpo José Machado, mandou construir para recreio palácio denominado de "Benagazil" fora de portas, junto ao actual aeroporto Humberto Delgado, palácio, durante tempo utilizado como creche dos filhos de funcionários da TAP, adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, é sede de confederação de cooperativas agrícolas.
Quando no primeiro andar do numero 189 da Rua da Madalena, bairro central de Lisboa, faleceu visconde de Benagazil, desapareceu e jaz no cemitério dos Prazeres, derradeiro grande proprietário agrícola da Freguesia de Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro, termo de Sintra.
Pouco tempo depois, começaria a surgir a mancha da urbanização desenfreada que iria varrer vestígios da ocupação secular dos solos que agora aqui relembrei.