Os sítios nunca deixam de ostentar nem que seja somente pelo topónimo, factos importantes da história.
No Município de Sintra, numa as suas mais remotas, " fronteiras " existe povoação conhecida por nome de significado ainda oculto ; que desejava, " decifrar": Mastrontas . Pertence a união de Freguesias de Almargem do Bispo, Montelavar e Pêro Pinheiro .
Embora durante séculos,estivesse integrado no alfoz de Montelavar.Mastrontas; situada perto de Negrais, zona territorial onde se demarcavam antigas circunscrições ,Cheleiros, Mafra, Alcainça e "Cintra ".Este facto obrigava a quotidianos cuidados para impedir possíveis usurpações de terrenos alheios.
Mastrontas,foi cabeça de " vintena ou vintana " onde residia o juiz dela, A vintana de Mastrontas , compreendia no Século XVIII, segundo memórias paroquiais de 1758, os lugares de Mastrontas, Vale de Figueira,Serrados, Santa Eulália,Covas de São João, Alfouvar de Cima , Feteira,Cabeça,Anços,Barreiros,Ribeira dos Tostões,Ribeira do Farelo.
Como podemos constatar, alguns daqueles lugares, não pertencem já ao concelho de Sintra, o que corrobora a relevância de Mastrontas , local onde residiam " vigilantes " guardiões dos marcos e mastros que sinalizavam estremas concelhias desde a idade medieval.
Mastrontas significa : área dos " marcos " e " mastros " , Na localidade residiam pessoas zeladoras das propriedades dos senhores das terras fossem eles do feudo ou do trono. Alias, o termo " tronar " quer dizer : " estar em posição dominante, " exercer grande influencia ", imperar ". Mastrontas, terá sido em tempo coevo . " "Mastronas " ; por corruptela acabou na forma actual.
A linha do oeste, passa por aqui, onde há até, uma passagem de nível, observando a linha na direcção a Mafra e Malveira,vemos logo a seguir a Mastrontas , grande curva, e a ferrovia desaparece de repente, " engolida " pelo arvoredo do bosque. Simbolicamente também a antiga relevância do povoado se esfumou nos meandros da História.
Ruinas de " passada " inportancia que esta casa em ruina na beira da estrada para aldeia demonstra
A construção de edifícios , normalmente destinados a habitação, que durante as décadas de 1960 e 1990, desenfreadamente ocupou muito do solo do Município de Sintra , provocou desaparecimento do arvoredo , que cobria encostas e vales , onde foram surgindo , a praga do loteamento " lote a lote " .
Felizmente. aqui e acolá, resistiram exemplares da flora nativa, alguns dos quais apresentam agora , porte e robustez merecendo por isso, ser conhecidos. Na encosta da Rinchoa, sobranceira a estação ferroviária de Rio de Mouro, encontramos um roble da espécie, " negral " avaliar pelo diâmetro do tronco, amplitude da copa será , porventura quase centenário.Cresce junto a caminho, concorrido, merecia fosse colocada informação chamando atenção; quem passa , talvez não repare, e... não se admira o que não se conhece.
O santuário em honra de Cristo- Rei, edificado em Almada , Área Metropolitana de Lisboa, foi inaugurado , em 17 de Maio de 1959, com a presença do Senhor Presidente da Republica , Almirante Américo Rodrigues Tomás.
O acto revestiu-se de grande solenidade e fé, centenas de milhares de pessoas assistiam e participaram nas cerimónias.Além de outos momentos solenes , houve um que marcou indelevelmente . quem teve oportunidade de participar, segundo repórter do Jornal de Sintra , acompanhou o evento; Hino Nacional , entoado pela multidão , o maior coro jamais " formado " para cantar a Portuguesa, transformou-se no mais sentido e emocionante episódio da solenidade.
Não esqueçamos, naquele tempo toda a gente era obrigada a saber o " hino " de cor e salteado. assim não seria surpresa amplitude e fervor do canto da multidão.
Sem mais delongas, deixo excerto da crónica publicada no numero 1316 , 26 Maio 1959 do JORNAL DE SINTRA.
Amiúde ouvimos " só morremos quando chegar a nossa hora ", afirmação pretende realçar a probabilidade de sobrevivermos a uma catástrofe, mesmo quando tal parece impossível. No dia 1 de Fevereiro de 1947, trágico acidente de aviação , causou consternação na cidade de Lisboa e arredores , neste caso , região de Sintra- Cascais com efeito:
O sobrevivente , jovem empresário francês deslocava.se a Portugal neste voo procedente de Paris via Bordéus, para visitar familiares residentes em Cascais, salvou-se graças a rapidez do proprietário de uma pedreira em laboração próximo do local , na zona de Peninha, assistindo a queda do aparelho que explodiu ao embater num penhasco da serra, motivado pela cerrada neblina, e falta de gasolina ; impedido de sobrevoar Espanha, teve de seguir rota mais longa junto a costa. Acorreu , verificando haver alguém vivo, transportou no seu automóvel ao hospital de Cascais onde graças a cuidados de médicos e enfermeiros foi possível salvá-lo. Acrescento informação preciosa, o único sobrevivente , tinha 23 anos e... era saudável.
Treze anos depois, visitou Portugal acompanhado da esposa , foi degustar uma típica caldeirada a restaurante na Azóia, no caminho para o Cabo da Roca, confessou a um Jornalista que o reconhecera, por causa de uma foto que a revista " Século Ilustrado " publicara quando da tragédia ; facto de estar ali nada tinha a ver com qualquer visita ao local do desastre. Mais declarou , continuava a viajar de avião sem qualquer receio
Está mesmo certo : só morre quem tem de morrer , como diz o povo, Aqui parece ter sido " milagre ". Quem sabe ?
No Município de Sintra , viveram e deixaram a sua " marca " insignes cidadãos , alguns injustamente esquecidos ou pouco conhecidos , cujo exemplo de vida merece ser destacado.
Um deles, o padre franciscano , Fei Agostinho da Mota, de nome secular Joaquim ,natural da freguesia de São Pedro de Cerva, concelho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real, Trás - os- Montes, nasceu em 5 de Julho de 1875, faleceu na cidade de Lisboa em Outubro de 1938.
Homem de carácter e dilatada cultura eclesiástica e profana, orador de grande eloquência, os sermões que proferiu são considerados ao nível de Padre António Vieira.Jornalista director da revista franciscana " A Voz de Santo António " publicada em Lisboa de 1895 a Maio de 1910 .
Fundou na década 1920, a secção masculina, cidade dos rapazes, do orfanato escola Santa Isabel, situado em Albarraque Rio de Mouro - Sintra, cujas instalações definitivas seriam construidas em 1942 , mediante projecto do arquitecto António Lino.
Agostinho da Mota em discurso proferido nas instalações do orfanato perante altas individualidades do Estado, no Dezembro de 1935, referiu falando do orfanato " Eis a nossa obra. É pouco ? É muito ? É bastante ? É o suficiente ?
É pouco para quem trás dentro da Alma o ardor e a paixão,do infinito. É muito para quem já fez tudo o que devia fazer. É bastante para quem mais não pode fazer. Mas não é o suficiente para quem vê e sente as mais tristes realidades da vida , das quais as primeiras vitimas são precisamente as criancinhas, que se contam por milhões. e concluiu "Vós tornastes possível uma obra impossível, Consolidai-a. fortificai-a aumentai-a eternizai-a ". Nesta ocasião recebeu das mãos do Senhor Presidente da República Oscar Fragoso Carmona a Grã Cruz da Ordem de Mérito.
A obra continua de pé e sólida agora debaixo da protecção da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. e cada vez mais devemos honrar e dar a conhecer o homem que a " sonhou " Padre Agostinho da Mota