Agora parece toda a gente, despertou para a importância simbólica e afectiva das antigas estradas de Portugal, por onde antes das " autovias " surgirem com profusão, fluía o trafego rodoviário,
A estrada nacional 118, a qual apelido há muitos anos de " via Ribatejana " porque atravessa toda a lezíria da margem esquerda do Rio Tejo desde inicio em Alcochete, até ao Gavião.
Não tem conto as ocasiões que nela já circulei. O " antigo " caminho para a Pampilhosa da Serra, fazia por aqui, passando pelo celebre cruzamento do Porto Alto, até a Ponte da Chamusca,
Belo percurso por entre vinhedos arrozais e plantações de meloais e melancias. Samora Correia, Benavente ; Salvaterra de Magos, Almeirim Alpiarça e Chamusca, era por íamos passando,
Hoje fiz trajecto de Gavião a Porto Alto, descobri pouco abaixo de Santa Margarida da Coutada, alturas de Constancia o marco quilométrico indicativo da distancia 118 Km,achei engraçado e aqui fica ponto marcante da mítica e sempre pitoresca EN 118.
Dia 18 de Janeiro 2016, com a avançada idade 96 anos , faleceu Drª Maria Almira Medina, figura grada da cultura e empenho cívico do Município de Sintra.
Natural da Figueira da Foz, passou maior parte da extensa e profícua vida, em Sintra, onde dirigiu de 1983 a 1991, o Jornal de Sintra, fundado por seu pai ,António Medina Junior.
Licenciada em Filologia Românica pela faculdade de letras da Universidade de Lisboa, exerceu actividade de professora, jornalista,escritora, poetisa,pintora , ceramista, caricaturista.
O professor doutor Miguel Real, no tributo prestado a esta personalidade de eleição,em acto realizado ontem na Casa Museu Leal da Câmara, Rinchoa,, patrocinado pela Câmara Municipal de Sintra e Junta de Freguesia de Rio de Mouro,afirmou aquele prestigiado escrtitor , Maria Almira Medina é pouco conhecida , porque repartiu a brilhante actividade criativa e talentosa por dominios muito diversos, e não prestou atenção a publicação e difusão da sua obra.
Sem dúvida merece seja divulgada para ter relevância merecida.
Encontrei no Jornal de Sintra de Fevereiro 1959, caricatura de Teixeira de Pascoais, da autoria de Maria Almira, que ilustra o poema " CREPÚSCULO " daquele poeta. Deixo sem comentários imagem onde o talento da mulher genial está patente.
A localidade de Pêro Pinheiro, no Município de Sintra, terra de produção e transformação de rochas ornamentais , canteiros e empreendedores do ramo,além desta particularidade , habitada por gente, com actividades social política e cívica relevantes.
Os operários das oficinas e fábricas de cantarias, varias ocasiões,reivindicaram de modo activo melhores condições de vida.Mesmo no tempo da ditadura, ocorreram greves.A repressão foi dura, e Pêro Pinheiro nesse tempo, das poucas povoações em Portugal, não tendo a categoria administrativa de vila ou freguesia, estava dotada de posto da Guarda Republicana.
Este ambiente social , também fez alguns dos empresários, da zona, assumir atitudes de compreensão e apoio a problemas sociais delicados.
Uma empresa da aldeia de Morelena, com pedreiras no casal do Condado,relativamente a pessoa do Padre José Felicidade Alves, prior da paróquia de Santa Maria de Belém em Lisboa, afastado do sacerdócio em Novembro de 1968 , pelo Cardeal de Lisboa D. Manuel Cerejeira, por defender mudanças na igreja, e pregar contra a guerra colonial.
Opositor do regime ditatorial do Estado Novo , preso pela policia política PIDE. Quando libertado, passou privação por dificuldade conseguir emprego adequado.
Nesse transe ,a empresa de Pêro Pinheiro,admitiu-o como responsável do serviço de pessoal, apesar de tal gesto ser considerado hostil pelo poder de então.
Este episódio ,ilustra a visão do poeta Manuel Alegre. " há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não ".
Foto de icone de Pero Pinheiro, aqueduto Morelena- Base Area da Granja do Marquês
Situada num sitio ainda hoje pouco povoado, a capela de Santa Eulália,é templo cuja denominação, vista a sua imponência deveria ser igreja.
Integrada na freguesia de Santo Estevão das Galés, outrora pertenceu concelho dos Olivais, a orada foi edificada em 1466, por um tal Diogo Vasques
Em 1466, reinava D. Afonso V, nascido no Paço da Vila de Sintra em 1432.
Dom Afonso V, além das conquistas africanas, assumiu a coroa de Castela e Aragão, e da Catalunha por ser descendente de D. Pedro infante de Portugal , rei de Aragão.A padroeira de Barcelona é Santa Eulália, cujas relíquias se conservam na catedral daquela cidade.
Quem sabe intenção de Diogo Vasques ao custear a edificação da orada, e querer para padroeira a mártir Aragonesa, não foi acto premeditado para agradar ao Rei " Africano "?
Sem dúvida a escolha do local onde ficou a " casa " de Santa Eulália. teve também a preocupação de marcar e " guardar " , limites territoriais, como prova marco existente , junto ao cruzeiro, defronte da entrada principal da capela.Igualmente interessante constatar tudo se encontra num importante cruzamento de vias de comunicação, simbolicamente apropriado para construir edifício santificado, convidativo a oração.
No exterior da capela na arcada, existe pia de água benta, raramente encontramos no exterior das igrejas tal artefacto.
A capela de Santa Eulália, actualmente , resultado do quase ermo onde continua , a quem observa, suscita , sentimento de perplexidade e algum espanto.
Situado no centro da antiga freguesia de Almargem do Bispo, o lugar de Alfouvar é rincão fertilíssimo na produção de horticolas, e " poiso " de antenas para recepção de comunicações via satélite.
A raridade do topónimo, despertou a minha curiosidade. A aptidão agrícola, parecia indicar origem óbvia. Alfouvar teria surgido do vocábulo, " alfobre ", que significa : canteiro,viveiro onde se criam plantas,lugar onde se produz grande quantidade de qualquer coisa. se era evidente,fiquei de pé atrás e decidi aprofundar estudo.Ainda bem.
Há pouco num documento , relativo aos bens da igreja matriz de Santa Maria de Loures, deparei informação segundo a qualao priorado daquela igreja, pertencia prédio rústico,denominado casal de Alfavaiar, ou Alfouvar , sito nos limites da freguesia de Almargem do Bispo, concelho de Sintra.
O documento é de inicio do seculo XX, Alfouvar , é conhecido pelo nome actual desde século XVII, sendo assim designação Alfavaiar é anterior; deve ter sido essa a inicial,
Alfavaiar, provem de Alfavaca, erva, utilizada para confeccionar licores, e usada na medicina com fins terapêuticos pelas suas propriedades estimulantes e antiespasmódicas; na cozinha é apreciado condimento,a alfavaca, não é nem mais nem menos que " SEGURELHA ".
Assim, Alfouvar é corruptela de alfavaiar, como demonstrei, em " lato senso" campo de segurelha.Feito...
A Quinta e palácio da Regaleira, situados na Vila de Sintra, são as referencias ocorrem rapidamente , quando falamos do Dr. Carvalho Monteiro.Onde se admira belíssima e singular capela.
Todavia no Município de Sintra, deparamos com outro património ,igualmente relevante , que chegou aos nossos dias graças aquele filantropo e culto capitalista.
Em carta de 27 Março 1947 remetida ao Director Geral da Fazenda Pública, o Conservador do Palácio Nacional de Queluz, informava o lustre de Veneza, ultimamente adquirido por essa Direcção Geral,foi ontem transportado para este palácio , e já se encontra montado na sala das Açafatas.
Relembro o Palácio Nacional de Queluz , foi destruído parcialmente,por pavoroso incêndio a 4 de Outubro de 1934. De imediato dado inicio a recuperação do monumento , ao longo dos anos o Estado adquiriu, obras de arte e mobiliário para completar o recheio, que também recebeu valiosas doações de particulares.
Em 25 de Novembro pelo visto data muito profícua da nossa história recente, no distante 1946,um comerciante de Lisboa,em carta ao Director Geral da Fazenda Publica,informava:
" sou proprietário de riquíssimo lustre de Veneza, autentica peça de museu, único em Portugal, que pertenceu ao Exmº Sr. Dr. Carvalho Monteiro ( Milhões ) E de um efeito deslumbrante , completamente colorido. Tem 14 braços de iluminação ". Propunha a venda da peça , pela quantia de 65.000$00,por considerar poderia interessar para um palácio do Estado.
Mandado avaliar o lustre, além de concordância relativamente a beleza e raridade,fizeram contra proposta de compra por 45.000$00, que viria a ser aceite pelo vendedor.Inicialmente os serviços estatais,pretenderam instalar o lustre no Palácio das Laranjeiras, recentemente adquirido.
Felizmente venceu a ideia de colocar no Palácio Nacional de Queluz. Quem visitar o magnifico monumento, poderá admirar na sala das Açafatas da Rainha. o lustre veneziano " rasto Luminoso " do senhor da Regaleira , António Carvalho Monteiro, popularmente citado em função da sua opulenta fortuna, " Monteiro dos Milhões ".
Numa urbanização no Município de Sintra, concretizada na década de 80 da anterior centúria, desejaram os promotores, idealizar uma praça na qual se instalou um medidor de tempo, aproveitando a luz solar e sombra por ela desenhada.
Talvez a ideia principal tivesse sido colocá-lo no centro do empreendimento e ficar como marco para memória futura dos seus moradores, lembrando importância do tempo na vida humana. Pretendia-se "medir" para realçar a qualidade finita do tempo humano, que se conta em séculos, e o divino na eternidade.
Santo Agostinho definiu tempo como: "imagem móvel da imóvel eternidade". Talvez estas congeminações fossem possíveis se o projecto do relógio de sol, não tivesse ficado "tolhido" na sombra dos altos prédios circundantes da praça. Neste caso, falou mais "alto" o lucro da obra do que o regalo do espírito.
Assim sem sol o "medidor do tempo" parece a vela de imaginário veleiro, encalhado num mar sem água nem porto.
Já demonstrei a origem sintrense do petisco culinário "prego".
Esta particularidade permite desde há um século que o Município de Sintra, possa ser considerado território onde os pregos e bitoques são servidos e confeccionados com esmero inquestionável.
Desde o "primeiro" Arco-Íris em Rio de Mouro, foram surgindo disseminados por toda a geografia de Sintra, estabelecimentos onde a degustação dos pregos e bitoques é igualmente possível, com a mesma qualidade e proveito.
O "Rui dos Pregos" estabelecido em Rio de Mouro, no Cacém, em Odrinhas e até nas docas de Lisboa, é conjunto de "balcões" onde saborear o sintrense petisco é regalo para a vista e para o paladar.
Sou assíduo cliente no "Rui dos Pregos" do Cacém, aliás mais próximo de Rio de Mouro que do centro da vizinha freguesia. O serviço é sempre impecável, os empregados atenciosos e cordiais, permitem que semanalmente cumpra o ritual de saborear "pregos" qual "faquir".
Diversa da " cinéfila " esta é uma discreta " ventana " adorna a parede de solarenga construção no remanso de pacata povoação do alfoz sintrense.
O ferro forjado protege , portadas de madeira centenárias que garantem a privacidade do interior.
A burguesia e nobreza de antanho,com quintas e moradas " nos saloios ",eram ciosas das suas propriedades e defendiam-nas da indiscrição dos caminhantes, daí abundarem exemplos como da imagem.