Vento do progresso, sinais dos tempos, outra era, que quiserem chamar,verdade no município Sintrense, principalmente no meu bairro da Rinchoa acontecimentos próprios da época de grandes mudanças, surgem ao dobrar da esquina.
A meio desta semana,perturbada pelas noticias,alarmantes da epidemia de gripe, igual a outras anteriores, agora baptizada com designação esdrúxula, com objectivo de infernizar ainda mais a vida dos Portugueses, deveras amargurados pela próxima entrega da declaração de impostos; dizia, quando sem pressa aproveitando sol tímido da manhã, aproximava-me da secular sobreira da Calçada da Rinchoa. que procuro visitar amiúde, deparei pintado na parede de vivenda em obras de restauro esta " legenda " :
Na língua universal da globalização em curso, ai está sem margem para dúvida indicação inequívoca, onde " consertar " motor da carripana.
Quem sabe não vão despontar por aí, estabelecimentos semelhantes, exemplo dos abundantes alojamentos com outras designações ? No comments
No inicio da " primavera marcelista " assim designada porque o sucessor de Oliveira Salazar, na presidência do conselho de ministros, Marcelo Caetano, num gesto de tímida abertura do regime ditatorial do Estado Novo, ia permitindo aqui e ali alguns gestos justificativos daquela.
Em Fevereiro de 1968, a conceituada Vida Mundial, revista semanal de grande tiragem, lida por sectores progressistas da sociedade de então, dedicou capa a Ferreira de Castro, um dos mais prestigiados escritores portugueses, nunca renegou ideais da democracia e da liberdade.
Ferreira de Castro amou Sintra, como poucos, havia legado um ano antes seu espólio ao Município de Sintra, de que resultaria o importante museu com seu nome existente na Vila. quando faleceu em 1974 pouco depois do 25 de Abril, seria sepultado como desejou na Serra de Sintra,
No testamento escreveu se não fosse possível ser enterrado na Serra, deveria sê-lo no cemitério de Rio de Mouro, local considerava ser o mais adequado para continuar contemplar a maravilhosa montanha que o fascinava.
Para recordar ocorreu-me dedicar este texto, porque seu admirador e leitor assíduo.
Na anarquia "produtiva" do meu arquivo encontrei, inserida no Jornal de Sintra nº891 datado de 18 Fevereiro 1951 curioso apontamento:
Nesta data a localidade do Cacém, fazia parte da freguesia de Rio de Mouro e a de Agualva, da freguesia de Belas.
A freguesia de Agualva-Cacém seria instituída pelo decreto - Lei nº 39210 de 15 Maio 1953. A análise da estatística é interessante porque permite aquilatar as mudanças verificadas na actividade da prestimosa instituição, ao longo de setenta anos,
Nem sei quantas vezes já transpus a pé e de automóvel a ponte da várzea de Colares na estrada de acesso a praias do litoral Sintrense, principalmente, a das Maçãs , ou a " Praia " designação durante décadas se usava.
Para os Sintrenses, antigamente, ir a praia era tão só a das Maçãs.
Confesso ter ideia obra rodoviária actual seria mais vetusta, que realmente é. Afinal tal qual conhecemos, a ponte abriu ao tráfego no dia 6 de Julho 1969, sábado; assim sendo cumpriu-se meio século, daquela efeméride no passado 2019 . na ocasião noticia de primeira página no Jornal de Sintra:
Oxalá continue durante muito tempo cumprir função de permitir acesso rápido e seguro a " Praia ".
Na falésia grandiosa da costa litoral sintrense, no tramo entre Cabo da Roca e a estrema com vizinho concelho de Cascais, ficava um forte militar integrado no sistema defensivo da barra do Rio Tejo.
Dissemos ficava porque no sitio da Direcção Geral do Património lemos : " Na actualidadeapenas se conservam alguns troços e parte da abóbada, e do paiol elementos por demais escassos de uma tão importante fortificação da nossa costa a ocidente de Lisboa ".
O que resta da antiga construção foi declarado imóvel de interesse publico, por decreto-lei nº 28/82 D.R. 1ª serie nº47 Este documento altera anterior designação de " Fonte da Roca " como erradamente se chamava, para " Forte da Roca ", fixando definitivamente o nome actual.
A edificação inicial é do seculo dezassete. Numa ocasião calcorreei caminho com intenção de visitar o sitio, segui vereda a partir da aldeia da Azóia ; ia só estava muito vento retrocedi; talvez ainda lá irei um dia ; quem Sabe ?
Num antigo mapa deparei com indicação do forte.
Planta original do forte guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Por diversas ocasiões tive oportunidade de falar acerca do significado do topónimo, que hoje escolhi, e designa localidade da freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra: Paiões. O topónimo deriva de "pão" nome popularmente atribuía ao trigo, sendo terra fértil para a cultura daquele cereal, onde se cultivavam extensas propriedades, a aldeia ficou conhecida por: "terras de muito e bom pão" - Paiões.
Se dúvida restasse, no cimo da povoação, encontramos um amplo terreiro onde seria local da debulha, e secagem do pão. Apesar de actualmente servir de sitio de pastagem de equídeos.
O caminho de acesso aquele local, é apropriadamente designado de:
Quando a investigação é cuidada, quase sempre os resultados são certos. Aqui não há dúvida.
Ocasionalmente encontrei documentação referente a actividade da Igreja Lusitama, ramo dissidente da Igreja Católica Romana, desenvolveu profícua actividade em Rio de Mouro no final do século XIX. No relatório de actividade daquela instituição publicado, curiosamente, 4 de Fevereiro de 1895, podemos ler :
Para não ser fastidioso resumo o documento, deixando a matéria relevante para compreender influência da instituição na vida social e política da localidade:
A filarmónica da Sociedade União Primeiro de Dezembro, numa atitude de inequívoco afrontamento, com pároco, Católico Romano, abrilhantou festa dos "dissidentes ".
Reparemos no facto das crianças terem recebido um lenço e uma camisa, vestuário produzido pela fábrica de Estamparia e Tinturaria de Rio de Mouro, propriedade de Filipe José da Luz, importante e rico membro da elite local.
Afinal vitória de 1909 do Partido Republicano nas eleições de paróquia em Rio de Mouro, além da influência política do republicanismo, ficou dever-se, também. a conflito de índole religiosa, facto até agora desconhecido.
Progresso implica algumas vezes não só modificações de índole tecnológicas,igualmente alterações no meio ambiente , certas ocasiões em sentido menos humanizado e acolhedor.
As obras na linha ferroviária de Sintra, que se arrastaram ao longo de três décadas, permitiram construir via, estações mais funcionais, também "modernistas " como se pode constatar com gare ferroviária de Rio de Mouro / Rinchoa.
Vista de fora a estação impressiona pelo aspecto vanguardista arejado , infelizmente , no interior espaço reservado aos passageiros, está longe de ser que foi, antes da modernização, segundo Jornal de Sintra seria :
Muito diferente da actualidade, ninguém defende qualquer entrave ao progresso e mudança, todavia tudo o poderia ser preservado deveria ter sido. Lanço apelo a quem deve e pode fazer , tudo se conjugue no sentido da gare ferroviária de Rio de Mouro / Rinchoa, no município de Sintra , volte a ser "estação florida ". Oxalá !