Na publicação número um deste blog, acerca da origem do topónimo Rinchoa, dei conhecer verdadeiro significado do nome, acabando assim com crendices e suposições baseadas em "palpites", que não passavam disso mesmo!
Convencido da veracidade da investigação, ficava no entanto por esclarecer definitivamente, a dúvida relativa ao porquê Mestre Leal da Câmara nunca havia escrito acerca do significado do nome da urbe a que carinhosamente apelidava "Estado livre da Rinchoa". Como Homem culto, conhecedor de etnografia e etnologia, com certeza saberia o verdadeiro significado do topónimo.
Sendo fantasista, cultor da sátira e do humorismo gostava de atribuir nomes aparentemente irónicos; por exemplo definir a casa onde vivia como "choupana" e gostar que os amigos o considerassem "padre mestre" - isso sei a razão e já comuniquei nesta ocasião.
O Mestre também astrólogo, conhecedor dos fundamentos do "martinismo", gostava de escrever usando metáforas, com a mordacidade de temperamento, cuidava de deixar nos seus quadros sinais simbólicos com mensagens para quem os quisesse descodificar.
Esta particularidade, levou que procurasse, encontrar eventual "mensagem" versando o significado do nome da nossa terra. Ocasionalmente descobri "escondida" na urbanização que idealizou artéria com nome:
Confesso que nunca ouvi tal vocábulo até que passando ocasionalmente, me deparei com aquela placa toponímica; escondida em local pouco frequentado que suscitou curiosidade: Mostajeiro, significa mesmo que "azarola", o prefixo "most" remete para mosto, fermento de vinho novo, fresco. Recordei as brincadeiras onde procuramos encontrar algo escondido, com ajuda de alguém quando estamos afastados do objecto nos dizem: está "frio" fresco ou "morno " etc até descobrirmos .
O significado de "azarola" é arbusto da família das crataegus, a qual pertencem os piltireiros, que são o mesmo que pereira-brava, catapereiro, escamboreiro, pereiro, peniceiro, espinheiro e rinchoeiro.
Os frutos do rinchoeiro são RINCHOAS.
Leal da Câmara, também havia decifrado topónimo, e deixou "pista chadárica" para alguém resolver. Como agora de forma irrefutável se confirmou - "Et voilá".
No dia 16 de Março de 2019 publiquei neste espaço um apontamento acerca da capela da Rinchoa, inaugurada em 1950 pelo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa Dom Manuel Cerejeira, e demolida por incúria camarária e ambição desmedida de promotor imobiliário em data desconhecida. Na altura prometi voltar ao assunto e o prometido é devido!
Este foi projecto do arquitecto Braula Reis, membro do movimento renovador da arquitectura religiosa, em Portugal, a capela da Rinchoa, seria construida em estrutura de betão armado, com paredes exteriores de blocos de tijolo, portas em madeira de carvalho, bancos para os fiéis em castanho, altar e mesa da comunhão em mármore negro de Mem-Martins.
Interior apresentava aspecto seguinte :
Braula Reis, teve colaboração na realização do templo, do escultor Jorge Vieira, autor da imagem de Nossa Senhora de Fátima, orago da capela, executada em cimento e colocada no lado exterior da orada.
Além de Jorge Vieira, também Sá Nogueira colaborou, desenhando 10 vitrais para decoração, 6 com símbolos de Nossa Senhora e 4 com símbolos dos evangelistas destinados à capela-mor:
O autor do projecto, manifestou uma preocupação dominante: conseguir tirar partido da localização do edifício e obter "uma obra pura - uma capela calma e acolhedora". Observando vista exterior do templo, Braula Reis sem dúvida, conseguiu o intento.
Infelizmente nada resta da "obra pura" ignorância e cupidez destruíram tudo.
Fica neste espaço, comemorando ano do septuagenário da sua inauguração, singela lembrança.
Tentando ocupar tempo de clausura domiciliária,seguindo avisos de modo contribuir para tentar conter propagação do vírus gripal,vou arrumando papelada.Tenho serias dúvidas no resultado deste " tratamento ". Não quero ser acusado incumprimento; se ficar convencido da incongruência da medida mando tudo as urtigas e retorno para as minhas caminhadas diárias. A ver vamos.
Voltando a temática inicial, deparei num dos anárquicos dossieres onde deixo esquecidos alguns papéis, pagina do Diário de Noticias de 25 Outubro de 1990,já la vão tres décadas.
Na rubrica SOCIEDADE aquele jornal dedicava página a duas escolas do concelho de Sintra : Secundária de Rio de Mouro, ( Leal da Câmara ) e C+S de Queluz, no Pego Longo. Jornalista dava nota muito positiva ao estabelecimento de Rio de Mouro e chumbava a de Queluz considerando , lástima e exemplo de degradação.
Isso, pretendo aprofundar noutra ocasião; na data referida, como ilustra imagem final deste post , havia chovido imenso , acesso a escola de Rio de Mouro, porque a empresa urbanizadora da Rinchoa, Urbanil, construiu por imposição de alvará, passagem desnivelada sob caminho de ferro, e não havia feito os acessos,a rua ficou verdadeiro pântano lamacento, com acentuados sulcos abertos pelas enxurradas, tornando a circulação impossível. Sempre caia chuva, como na ocasião, muitos alunos da Leal da Câmara, escorregavam, chegando a casa sujos como houvessem praticado qualquer jogo na lama.
Sei bem como era porque as minhas filhas frequentavam a escola na altura, lembro como, de vez enquanto, apareciam no domicilio.
Gosto avivar memórias, para realçar devidamente os trabalhos actualmente as autarquias, Município e Junta de Freguesia estão a executar para endireitar o que nasceu torto.
Esta coisa de " viroses " não é da agora, vem de longe como o aperitivo do anuncio.
Localizado junto via de comunicação, que liga território do Concelho de Sintra, ao de Loures, por isso, importante desde tempos recuados, localizada também perto de cruzamento de caminhos integrado na União de freguesias Almargem do Bispo, Montelavar e Pero Pinheiro; encontramos o lugar de ALVEIJAR.
Os terrenos circundantes férteis, cuidadosamente cultivados, onde se colhem hortícolas de diversas qualidades, para amanho dos solos e transporte dos produtos agrícolas para mercados de Lisboa, era por isso imprescindível ajuda de gado equino, principalmente burros e muares. Sendo animais de tiro e carga, necessitam de cuidados redobrados, na ferra dos cascos e tratamentos de mazelas recorrentes.
Desde remota época, reportavel a dominação árabe, artífice destas matérias denominava-se:al-baitãr as transformações idiomáticas, originaram aparecimento na Idade Média do vocábulo: alueytar. Tal qual em outros casos, também neste, o U deu origem a V e o Y passou a I, assim ficaria Alveitar, por corruptela da pronuncia, o T "caiu" para J, resultando AlVEIJAR cujo significado é: "Aquele que ferra cavalgaduras, e trata doenças dos animais de modo empírico sem conhecimentos de veterinária."Recordemos o antigo oficio de barbeiro ou sangrador, andava de quase sempre de "mão dada" com o de ferrador.
Resumindo local onde existiam instalações de um "tronco da ferra" e exercia actividade o ferrador, está na génese do topónimo.
Resguardado voluntariamente,em casa,procurando seguir instruções de quem sabe,para suster possível contaminação do novel vírus gripal, deu para ler desencontradas soluçoes propostas para construir aeroporto que região metropolitana de Lisboa, tanto necessita, porque Aeroporto Humberto Delgado,usando jargão adequado, está " gripado ".
As várias soluções adiantadas, da Ota,Montijo a Alcochete , passando por Alverca, estão longe ser consensuais. Vai daí, descartando possibilidade de ser instalado na Base Aérea da Granja do Marques, não reunia condições, lembrei-me de outra localização também aqui para as bandas de Sintra.
Onde?Depois de reflexão profunda e aturada ponderação, proponho seja remodelado o aeródromo da Tojeira , perto de Casal de Pianos, na sintrense união de freguesias de São João das Lampas - Terrugem. Perto do oceano, sem aglomerados habitacionais significativos por perto; que eu saiba aves de arribação por ali não abundam, estamos ao abrigo de problemas ambientais,
Não seria muito dispendioso ligar a nova infra-estrutura aeroportuária , por caminho de ferro , a linha de Sintra no interface do Algueirão, igualmente seria fácil construir rodovia até A 16.Enfim ! solução perfeita.
Perto da localização proposta encontramos a Ponta das Ladras, talvez não fosse de todo errado chamar Aeroporto Internacional das Ladras , porque afinal, com tanto estudo, avanços e recuos, ao fim e ao cabo, quem sabe designação da " ponta " talvez seja apropriada para tudo isto ?!
O saudoso e querido amigo, José Alfredo, sintrense ilustre, republicano, democrata, autarca e historiador cuja obra - leitura obrigatória - a quem pretenda conhecer a actividade económica social e política da época contemporânea da Vila de Sintra e seu termo.
Além da faceta de investigador e divulgador da história do nosso Município, foi igualmente, jornalista e colaborador durante muitos anos do Jornal de Sintra, onde "postais da Ericeira" - praia onde veraneava - são exemplo de como de modo simples directo agradável se comunica informação interessante e útil.
Era uma pessoa de apurado sentido de humor, capaz de exprimir com ironia mordaz, situações de algum melindre.
No jornal de Sintra de 1957, data em que completava meio século de vida, publicou contundente comentário,acerca da qualidade do leite fornecido pela União das Cooperativas Abastecedoras de Leite.(UCAL).Entidade que ao tempo detinha o monopólio do fornecimento de leite na Grande Lisboa
Sem mais comentários, brindo a sua memória saboreando uma queijada e bebendo um cálice de vinho de colares branco malvasia.
Antigamente, passeio de automóvel aos fim de semana, percorrendo estradas dos arredores de Lisboa, davam nome de " volta dos tristes " nem sei porque, dado os panoramas até serem alegres e deleitam a vista.
Deixemos isso ; vamos ao assunto, percorri largas dezenas de vezes estrada que liga Sinta a Ericeira, trajecto também englobado na " volta ". Passava junto a igreja da povoação da Terrugem, nunca havia acedido ao interior; coisa que sinceramente desejava , concretizei no ultimo sábado.
A igreja Paroquial de São João Degolado, guarda tesouros belos e singulares, a nave do templo forrada de azulejos seiscentistas proporciona uma sensação de beleza fantástica logo que franqueamos a porta.
O bapistério;arco cruzeiro manuelino da capela-mor,imagens , cima de tudo maravilhosos e reluzentes azulejos,fazem esta igreja maravilhosa; sendo pouco conhecida, merece paragem na Terrugem e uma visita.