A propósito da desgraçada pandemia, alastrando em boa medida pela incompetência de quem devia cuidar debelar o mal, sem conseguir.
Assistimos a plêiade de "entendidos " , sem qualquer fundamento lançam labeu,acerca periferia de Lisboa, concretamente, concelho de Sintra, traçando cenário onde segundo tais luminárias pulularia multidão de indigentes, espécie lumpemproletariado;esquecendo, por exemplo na Freguesia de Rio de Mouro, desses terrificos sitios, está sediado , colégio classificado em segundo lugar, do País a nível do ensino básico , frequentado por crianças , desta freguesia e restante concelho sintrense, netos dos aqui moramos há dezenas de anos, e aonde aprenderam os pais.
As escolas publicas no concelho e freguesia estão igualmente bem colocadas no ranking.
Os preconceituosos esquecem deliberadamente, facto do casco urbano da capital cada vez mais " oco " de moradores indígenas, conter zonas problemáticas social e economicamente, em grau superior as apontadas por tais "excelências".
Nestas bandas está crescendo nova realidade; surgindo tempo , pós-pandémico.
Antes muito antes do vinho do Porto aspirar ser sol engarrafado , já vinho de Colares, afirmava esse designio em 1936 No caminho do Ocidente sempre fomos precursores
Continuai a vossa lenga-lenga; vozes de burro não chegam ao Céu.
Além muito além da caricatura, dos " pierrots " tristes figuras de carnavais melancólicos, Leal da Câmara, procurava elevar-se pela espiritualidade, ao escol dos escolhidos.
Na sua moradia da Rinchoa, porque a casa é templo do homem, deixou na parede, inscrita na singeleza de coração aberto, mensagem cifrada de conteúdo sublime
SURSUM CORDA !
Significa clamor de uma alma que aspira a imortalidade.É a divisa dos hierarcas que trabalham pela ascensão do espírito. É a palavra de um chamado, quer ser dos Eleitos.
Encimando a porta de serviço, para entrada no pátio quadrangular, dois corações, coroados.Não se trata nenhum adereço folclorico, nada relacionado com Rinchoa e Mercês. Sim ,significação oculta do ternário sagrado de Saint Martin, Liberdade, Igualdade, Fraternidade; anterior a Revolução Francesa; a liberdade e igualdade, constituem o direito , isto é a justiça, no entanto só terão valor se forem coroadas, pela fraternidade, ou seja pela bondade, o mesmo que amor ao semelhante.Leal da Câmara, um génio. Não passo daqui porque é necessário terminar .
O vinho de Colares, foi e em minha opinião, continua ser néctar, merecedor ser apreciado; sem dúvida,uma das " maravilhas " do Município de Sintra, o melhor vinho do extremo ocidental Europeu.
Ainda há 90 anos a fama do ramisco colarejo, era de tal monta, alguns concursos promovidos pelos Jornais,ressaltavam facto de um deles seria caixa de vinho da região demarcada de Colares.
Neste tempo de pandemia, confinado, aborrecido, para ocupar utilmente tempo , vou tentando, " limpar " arquivo de velharias amarelecidas pelo tempo.
Deparei com " novidade " interessante partilho neste espaço, triste não poder brindar com legitimo e " ramiscal " copo de vinho de Colares.
Malgrado, saudando quem visita o blogue, deixo curiosa nota que ilustra o texto. A nossa.
A casa onde morou Leal da Câmara na Rinchoa, Concelho de Sintra, e hoje alberga a Casa Museu, com nome do artista, é construção de cunho esotérico.
Nela podemos encontrar , elementos simbólicos,influencia da sua formação ocultista,pitagórica,cabalista,de astrologia, e maçónica.
Morada do " padre mestre ", a choupana como gostava de referir,foi idealizada para ser o centro do mundo, " fantasista"; Leal da Câmara, tantas ocasiões imaginou.
O edificio, tem pátio, fechado em forma quadrangular, e porta orientada ao nascente ,oriente ou levante,quadrante onde nasce a verdadeira luz.
No centro do quadrado existe canteiro, ajardinado em volta de um poço,simbolicamente, fonte, da inspiração e da vida.
Sobre a porta principal colocou um quadrado perfeito , não qualquer numero, nele está inscrita a cruz, ou seja Cristo ,rodeado pelos 4 evangelistas, e 4 animais do Apocalipse, como sabemos , escrito por São João Evangelista, o do Solstício, certeza, a luz vencerá as trevas.
O quadrado, servindo unicamente para desenhar figuras, também quadradas, simboliza rectidão, o respeito as leis e regulamentos, mensagem velada de que, " aqui tudo será justo e perfeito ".
Fico por aqui, revelações não devem ser definitivas nem completas. Obra nunca estará concluída
A vertiginosa marcha do tempo,leva consigo recordações,de sitos eventos,acontecimentos, sem darmos por isso,estabelecimentos comerciais durante décadas,utilizamos, de repente, por qualquer motivo,encerram, ficando cada dia mais ténue memória deles,
Vem a propósito de casa comercial do ramo da papelaria e livraria, brinquedos elásticos , botões... que durante décadas fez parte do quotidiano da Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra.
Situava-se na Rua do Casal da Serra, próximo da Praceta do Sabugueiro, actualmente o local é ocupado por uma empresa de serviços contabilidade.
A Jonilo assim denominava a casa comercial,onde centenas de então jovens encarregados de educação encomendavam, livros escolares, cadernos e toda material estudantil. O selo do carro, impressos para pagamento de impostos, panóplia vasta de artigos.
As proprietárias senhoras simpáticas, atenciosas,prestavam serviço, de muita utilidade, sabendo resolver problemas de quem como nós só ao fim do dia regressávamos ao burgo , depois de jornada laboral,em Lisboa e outras localidades,
Foi importante a Jonilo, não sei se quem ler este texto se vai lembrar?.
A papelaria como usualmente apelidávamos,irá continuar , até ao fim no nosso imaginário , porque, é parte da história da Rinchoa
Pode parecer verso do grande poeta espanhol António Machado,no entanto além de tudo representa cumprimento da promessa em tempo recuado aqui formulei.
A árvore das mais antigas da freguesia de Rio de Mouro,e também de todo Município de Sintra; velho carvalho negral, tem idade aproximada 400 anos, é o que resta do antigo e frondoso carvalhal da Quinta Grande, propriedade que pertenceu a D, Nuno Alvares Pereira, actualmente, pelo menos na zona onde resiste este "roble " , não sei a quem pertencerá.
A árvore cada vez exibe mais ramaria seca, no entanto estranhamente,apresenta aspecto verdejante e viçoso. Talvez,também aqui as aparencias possam iludir...
Chamei atenção para o valor patrimonial da árvore, parece malhei em ferro frio,mesmo assim, quem sabe?!, alguém com poder leia, este texto e mande cuidar desta bela, imponente e singular espécime, qual tanto admiro; merece ser preservada. Uma vez mais,oxalá seja...
O titulo deste texto,surgiu da lembrança guardo, das conversas da minha infância com alguém que nunca esquecerei; invariavelmente quando referiam algo estava mal e causava prejuízo, respondia com a frase " titular ".
Vem a propósito completar-se meio século; relativamente a Rio de Mouro,Governo autoritário da época,tomou decisão que causou e ainda continua a causar transtornos, aos milhares de portugueses que aqui vivem.
Por essa altura, começou fazer " caminho " a ideia estapafúrdia deveriam privilegiar-se em todos aspectos político e administrativos, localidades sedes de Município, em detrimento daquelas,onde, embora habitassem milhares de pessoas não possuíam aquela categoria.
Em 1970, A freguesia de Rio de Mouro, no Município de Sintra, já densamente povoada, e sendo conhecidos projectos urbanísticos, uma vez concluídos,iriam transformar a nossa terra numa das mais densamente povoadas, não só do concelho de Sintra, mas também de Portugal inteiro.
Sabendo tudo isso, governantes néscios,tomando como termo de comparação,freguesia situada no nordeste transmontano,em declínio,deliberaram privar Rio de Mouro de serviço publico , de registo notariado, funcionava aqui havia dezenas de anos.
O Marcelismo Salazarista, seria exemplo acabado , de quem mandava, não conhecia o País; se conhecesse não faria esta burrice:
No período primeira Republica em Portugal (1910-1926), o relacionamento do poder político com Igreja Católica Romana, seria conturbado e conflituoso. A freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra, não fugiu à regra.
Durante vinte anos, de 1907 a 1927, assumiu direcção da paróquia o reverendo Álvaro Chorão Cardoso Bispo, cujo curriculum eclesiástico, encontrei neste documento:
O texto fácil de ler, dispensa "tradução"; esclarecendo, está escrito desde 22 Janeiro 1905, estava em Rio de Mouro, como "encomendado", isto é nomeado, no entanto data de colocação definitiva, seria ano de 1907.
O padre Álvaro Bispo, deve ter conhecido as "passas" do Algarve, no que toca a convivência institucional e pessoal com os elementos da Junta de Paróquia, e depois também com Junta de Freguesia após criação desta, dirigidas por republicanos radicais, filiados no P.R.P (Partido Republicano Português); vulgo Democrático, liderados por Correia de Freitas - diga-se foram rudes, igualmente, com Cupertino Ribeiro.
Correia de Freitas e companheiros, moveram influencias para demitir o Padre Álvaro, com argumento de que: "Mudou residência para Lisboa, levando o cartório, da freguesia (...), permanecendo em Rio de Mouro somente durante a celebração da missa aos Domingos, o que causa transtornos de tempo e financeiros, ao povo, cada vez que necessita dos seus serviços para uma certidão pelo que solicitam a sua substituição" .
O pároco resolveu morar em Lisboa; não sentia segurança, em Rio de Mouro, dada a hostilidade permanente dos "democráticos".
O povo comparecia em grande número a missa dominical na Igreja Matriz; Padre Álvaro, exímio cantor sacro, celebrava oficio divino, entoando canto gregoriano com mestria e harmonia "divinais", um deslumbramento assistir .
No documento consta, pároco de Rio de Mouro, exerceu , em comissão de serviço, cargo de "capelão cantor" da Sé Patriarcal de Lisboa.
Bem podiam os Republicanos radicais clamar pela exoneração do pároco; diziam em Rio de Mouro: "Se os senhores da Junta , não gostam de ouvir cantar o senhor Padre, tapem os ouvidos, o povo não quer perder as missas que ele celebra". E assim se manteve até ao fim, nunca se calou voz do Padre Álvaro Chorão Cardoso Bispo; sem dúvida "O povo é quem mais ordena". Padre Álvaro lembrado somente aqui; Correia de Freitas, político de índole extremista e conflituosa, não esqueceram... Nunca é tarde para dar braço a torcer...