Final do ano presente, também festas natalícias, estão prestes a concluir-se.Sabemos 2020 , causou dissabores , sofrimento e angustia, nem nas cogitações mais sombrias , ocorreu tivesse passar por transe igual.
Sou dos que acreditam apesar de tudo futuro será melhor que o passado.E preciso ter esperança , sem esperança, resta-nos a desperança.
Uma multidão desesperados, provocaria mais danos que a pandemia. Tudo vai acabar bem, quero acreditar.
Na freguesia onde moro a quase meio século, Municipio de Sintra. existe singular templo católico, talvez das mais genuínas , igrejas rurais seiscentistas dos arrabaldes de Lisboa.
Mandado construir em sitio então ermo, pelo Cardeal D. Henrique, superior do Mosteiro da Penha Longa, dos frades de São Jerónimo, grandes devotos da Virgem de Belém; Igreja Matriz de Rio de Mouro, seria dedicada a Nossa Senhora de Belém, cuja imagem se venera na igreja pelo menos desde século XVII. Os povos das redondezas, dedicavam grande devoção a Nossa Senhora.
A igreja resistiu ao terramoto de 1755. Quem sabe ,agora, Nossa Senhora de Belém, também permitirá a nossa resistência perante grandes adversidades , nos esperam em 2021?...
A Misericórdia Divina é infinita, Nossa Senhora de Belém, luz brilhante sempre iluminará o caminho dos crentes.
Famoso albergue, conjunto hospedaria e restaurante, ficava sediado na Avenida Gago Coutinho, junto a Estrada Nacional 249, via ligação de Lisboa a Vila de Sintra.
Suponho terá funcionado , durante algumas décadas.Apesar de construção modesta ostentava aspecto distinto, colocação junto da entrada, placas de diversas instituições ligadas ao turismo, " recomendando " estadia; dava ao albergue certa aura de respeitabilidade.
O jardim, do espaço envolvente, apresentava aspecto cuidado. A fama acerca da frequência da hospedaria,talvez, por maledicência característica da " tuga gente " sugeria local de encontros furtivos, e românticas escapadelas,de amantes ocasionais.
Verdade está documentado, na Gruta do Rio, assim se denominava o albergue,costumavam albergar-se, autores literários editados por conhecida editora, funcionou largo tempo, não muito distante da estalagem.
Existe relato conheço de prestigiado autor, ali pernoitou , na noite das grandes cheias ocorreram , em Novembro de 1967, provocando grandes estragos, e centenas de mortos, na região de Lisboa. Apesar de correr próximo a Ribeira de Rio de Mouro, a hospedaria não sofreu dano algum.
O escritor em causa, na crónica escrita teceu elogios a comodidade do estabelecimento, simpatia dos empregados e do " estalajadeiro ".
No restaurante da " Gruta do Rio ", frequentado por viajantes e habitantes das redondezas que elogiavam a ementa e serviço , e sendo os preços praticados, não propriamente " populares ", nunca faltavam comensais.
Um dos pratos emblemáticos tinha nomeada, designava-se "bacalhau a gruta do rio" , não sei como seria a receita , infelizmente, nunca franqueei, a porta da albergaria, confesso, fiz tenção de experimentar o restaurante. Adiamento sucessivo, e as alterações, motivadas pela revolução de 25 Abril 1974, impediram cumpri-se o desejo.
A gruta do rio ainda funcionou alguns anos depois de 74, no entanto, problemas económicos e laborais, conduziram ao encerramento; resta hoje edificio algo decrépito, não deixando antever antiga prosperidade.
A gruta , entrou no esquecimento, fazendo parte da história e lenda da Vila de Rio de Mouro.
Dezembro de 1960,meninas da central telefónica, da Amadora, então freguesia do concelho de Oeiras, deixaram de " meter a cavilha ", como então de dizia.
O serviço telefónico passou ser automatizado. Isto as portas de Lisboa, imaginem como seria no resto do País. Não passou assim tanto tempo.
Para comemorar a efeméride, ilustro com a publicidade então realizada. Acabou o "central da Amadora favor dizer ".
Quase meio século transcorrido , realizou-se na Vila de Sintra festa memorável comemorativa das bodas de prata da alternativa do famoso cavaleiro tauromáquico Manuel Conde, ilustre sintrense natural da localidade de Dona Maria, freguesia de Almargem do Bispo, e residente depois do casamento, no Algueirão também concelho de Sintra.
Na ocasião o homenageado, recebeu das mãos do Governador Civil do Distrito de Lisboa. Dr. Afonso Marchueta, comenda da Ordem da Benemerência. Do conjunto de actos relevantes, ocorridos na altura constou jantar, no salão amplo e confortável do Palácio Municipal de Valenças, com presença cerca de trezentos convivas , entre os quais mais destacadas personalidades da vida social económica e política do concelho .
Depois do jantar , servido por conceituada casa de Colares,iniciou-se sessão de fados na qual participaram artistas do mais alto " gabarito ", nas quais ressaltava Dona Maria Teresa de Noronha; todos acompanhados, a guitarra por Raul Nery , e viola Joaquim do Vale.
No entanto, inesperado estava para acontecer. Concluída actuação dos artistas do fado, Dona Maria Teresa de Noronha, convidou subir ao palco seu marido, Conde de Sabrosa, ao tempo presidente da Comissão Municipal de Turismo, para a acompanhar a guitarra.
Senhor Conde,entusiasmado pelo acolhimento da assistência, iria deliciar todos , com excepcionais variações de guitarra, instrumento que era exímio executante sendo considerado um mestre.
Surpresa inédita; o distinto fidalgo, não tinha hábito de exibir em público a sua classe enquanto guitarrista.
Quem assistiu dizia ter sido um delírio. Não sei alguma vez mais o simpático aristocrata voltaria repetir actuação semelhante.
Enfim! sarau fadista inesquecível.
Começam a falar do Natal, deixo a "minha " árvore deste ano.
Dedicada a Nossa Senhora da Paz, o templo foi inaugurado no dia 28 de Junho de 1992,em cerimónia presidida por Sua Eminencia Cardeal Patriarca de Lisboa.
Deliberadamente,vou deixar de lado referencias a autores do projecto, e outras particularidades, facilmente, encontradas nas buscas online.
A igreja fascinou-me pela singularidade do espaço reservado aos fiéis. Ao longo dos séculos, consoante os estilos arquitectónicos: românico , gótico, manuelino, barroco ou contemporâneo, os templos. salvo poucas excepções, tem nave para acolhimento dos crentes,geralmente, com penumbra , ou luz coada por vitrais grandiosos, mas em ambiente fechado a visão e bulício da rua.
A igreja de Nossa Senhora da Paz, ao contrário dispõe de amplas janelas rasgadas por onde a luz do sol entra a rodos, e por uma delas é possível, enquanto rezam os católicos frequentadores da orada, contemplarem , a mancha verde , da encosta fonteira do Monte da Parada.
Não conheço caso semelhante,esta igreja deveria ser incluída no roteiro dos monumentos a visitar por quem demanda o Município de Sintra em turismo; e apresentada como exemplo de local sagrado construido segundo a estética dos nossos dias.
Termino lembrando igreja Matriz da Freguesia continua sendo Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro antigo.
A Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Paz, dignifica a Freguesia, merece ser mais conhecida e divulgada pela transcendencia do recinto reservado aos fiéis,resultando da maravilhosa claridade recebida directamente da natureza obra sublime de Deus.