Fenómeno desportivo social, futebol, suscitou desde sempre comportamentos,dos adeptos, para além do razoável,até fora das quatro linhas, como é vulgar ouvir,
No tempo da ditadura Salazarista, contrariamente, ao por vezes se propala, não havia mais respeito , nem contenção na forma como os " furiosos da bola " se comportavam , apesar da repressão , e falta de liberdade.
Março de 1951, faz agora portanto, 70 anos, o Sintrense,jogando nessa altura no campeonato da primeira divisão distrital da Associação de Futebol de Lisboa ( A.F.L), estava em risco baixar de divisão,disputando jogos de permanência, o ultimo dos quais com o Alverca, no campo do clube ribatejano.
A partida presenciada por grande assistência,terminou com vitória das cores de Sintra, por 3-1. Segundo as crónicas jogo muito mau.
Terminado o prelo seria bom e bonito,os adeptos do cube vencido, frustrados,usaram como escape, a vandalização dos automóveis e autocarros vindos de Sintra. Enfim ! A violência associada a paixões clubistas, já vem de longe , tal qual bebida famosa.
Para história fica, composição da equipa do Sintrense, talvez alguém ainda recorde algum dos " heróicos " futebolistas.
Esguia magnólia, mandada plantar pela Junta de Freguesia de Rio de Mouro,cada ano mais robusta, floração magnifica; já noticiada aqui, este ano, para além da beleza, emprestada a Calçada da Rinchoa, onde está crescendo, tem novo motivo de interesse.
Não canso de observar a planta, reparei num pormenor encantador, ainda a torna mais digna de admiração: Um ninho , isso mesmo , pequeno ninho de avezinha, construido num ponto elevado da ramaria, longe de qualquer " predador " humano, tivesse má lembrança de querer tirará-lo.
Singelo, testemunho até as aves livres, amigas da natureza decidem escolher para morada, o nosso cantinho Sintrense. Um " segredo " aqui desvendo, esperando continue ali por muito tempo , para que possamos admirar.
Fevereiro de 1952, noite de Domingo; cinemas e teatros, quase todos esgotados, restaurantes, casas de fado, igualmente, com muita clientela, de repente, pelas 21horas e 15 minutos, energia eléctrica da rede publica, apagou-se, a cidade de Lisboa, e toda região de Setúbal a Santarém, mergulhou em profunda escuridão.
No teatro de São Luís, de lotação esgotada, estava prestes iniciar actuação Maurice Chevalier,estrela da canção francesa. Curiosamente nesse dia, o artista, havia visitado Sintra, onde teria almoçado...
Informados do sucedido, a luz de velas, o publico presente no São Luís,não arredou pé, Maurice Chevalier, foi esperando; quando finalmente cerca da 1 hora e 35 minutos, voltou energia eléctrica, e iniciou o programa anunciado, no fim teve despedida apoteótica, com toda assistência de pé tributando ovação parecia infindável...
A causa da avaria seria divulgado mais tarde, ficou a dever-se a queda de uma linha. de alta tensão, na zona do Entroncamento. A capacidade inventiva do zé povinho, considerando apagão, algo nunca visto, por causa da duração e terras abrangidas diziam " Apagão foi um fenómeno do Entroncamento ".
Pelourinho da cidade onde aportei faz agora 65 anos. O símbolo da importância de Lisboa que adoro maravilhosa clara e bela; como diziam lá na terra serrana onde nasci: QUEM NÃO VIU LISBOA NÃO VIU COISA BOA ...
Em sitio afastado de qualquer povoado, numa via por onde circulam, veículos de apoio ao cultivo das propriedades agrícolas circundantes, fica grande cruz, parecendo marcar simbolicamente, lugar de paragem e silencio próprio a meditação ; austero cruzeiro erigido no seculo XVIII.
Nestes tempos de grande temor e angustia, voltei junto de esta sacra memória, aproveitando as pedras de tosco murete, duma horta vizinha, sentei-me, permanecendo em recolhimento.
A quietude somente perturbada pelo chilrear das aves, permite, sem sobressalto prescutar o mais recôndito do pensamento, ou não fosse, cruzeiro, palavra significa também,viagem.
Aqui, ermo humilde, simultaneamente, perto e longe, acalenta-nos esperança, tal como em tempos idos, apesar de tudo, precisamos da fé, acreditando no porvir melhor...
Sem esperança, humanidade fica unicamente com desespero: gente desesperançada.Não desejo nem quero, tal aconteça...
Quando era possível passear sem peias, por onde nos apetecia, passei junto de fontanário de provecta idade, como confirma placa, indicativa da epoca da inauguração.
Seria dia de festa rija, melhoramento , tão relevante , para quotidiano dos aldeãos,justificava presença do Senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra, tocou a banda de Pêro Pinheiro; menina da escola primária, muito elegante vestindo bata branca, lavada e engomada a preceito. apresentou na bandeja de prata, tesoura corta fita.
Não faltariam discursos de circunstancia, e bênção do senhor Pároco da Freguesia.Nesse dia, quem sabe? os presentes, não imaginariam decerto, oitenta e nove anos volvidos, a bica, estaria sem gente para encher o cântaro, nem em seu redor pessoas buscando encontrar companhia para dois dedos de conversa.
Ainda bem, o progresso ,tornou obsoleta a melhoria, desse ano 1932.Não deixa ser melancólico, e elucidativo, aquilo acode ao pensamento, quando observei a "bica", temos ilusão tudo criamos, será eterno, nada acabará, no entanto citando M. Djilas, "Haverá um fim para todas as coisas, amanhã ". Adeus velha fonte...
Não posso deslocar-me livremente para onde quero, devo estar em casa cumprindo a norma. Hoje está dia de invernia com avisos, amarelos, e de outras cores.
Mar agitado, vento, e chuva a cântaros, lembrei, sitio em outras ocasiões, quando meteorologia, apresentava identico quadro, costumo visitar, para observar torrente de agua esbranquiçada, que ao despenhar-se do alto morro calcário onde assenta a povoação de Sacotes, freguesia de Algueirão Mem-Martins. proporciona paisagem encantadora.
Agua de nascente perene, no Verão desaparece nas fendas da penedia;outrora alimentava o pantanoso algueirão, dos terrenos da granja do Marques, ao longo dos anos drenados por extensas valas de escoamento, que engrossam caudal da ribeira da Cabrela, rolando pela encosta da Fervença.
Não podendo ir ,deixo imagem captei antes do confinamento.
Na estrada Muro do Derrete, Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra,paredes meias com o terreiro da Feira das Mercês,encontramos caminho da ruína, pequena vivenda, talvez construida, na década vinte do século passado.
Na frontaria,ainda intacto, painel de azulejo,representando carregamento de uvas, resultantes da faina das vindimas. Mais um testemunho da importância vinícola da região até começo da década 1950.
Toda encosta desde alto do " Belo Ar ", Quinta do Alto, até antigo Casal dos Campos Velhos, pelo caminho de Entre Vinhas, era coberta de produtivos vinhedos.
O carro de bois, é do tipo " carro de bois saloio " como definiu Fernando Galhano no livro "O CARRO DE BOIS EM PORTUGAL ", datado de 1973.
Uma das características, segundo Galhano, são " as rodas, quase se devem considerar cheias, porque têm dois pequenos orifícios, chamados, "ventas das rodas" sem qualquer utilidade funcional". Podemos observar foto obtida na Terrugem, Sintra, finais 1940 essa particularidade.
Indubitavelmente,trata-se de carro usado localmente no tempo da edificação da casa, não qualquer, imaginação importada de outras terras.O pormenor construtivo da roda, idêntico, tanto na foto como no azulejo.
Antes tudo desapareça lanço apelo salvemos o painel; testemunho inequívoco de importância histórica e etnográfica, nova prova da nossa afirmação acerca da antiga relevancia vinícola desta região. Além do mais, uma peça de cerâmica bonita...