Tarde ventosa e fria do mês de Abril deste pouco gracioso ano de 2022. Estou no terreiro sede da muito antiga feira das mercês.A impressão mais vincada além da solidão do local, é o estado abandono que apresenta.
Erva daninha cresce com vigor por todo lado; algumas mesas e bancos ao fundo do terrado, e arvoredo, formado por plátanos,de fuste robusto, que só assim permitem resistir as fortes rajadas do vento da nortada.
Na quietude vespertina, reparo no símbolo cristão da fé erguido ao meio do terreiro,está numa posição prenuncia próxima derrocada se não acudirem a tempo.
Obervei pela primeira vez, e já estive aqui em diversas de ocasiões, que entre os plátanos dominantes, resiste uma oliveira, pelo aspecto do tronco é velhinha.Quem sabe?
Sendo a oliveira árvore de carácter sagrado, e associada a luz, não teria aqui sido plantada com sentido idêntico ao das lamparinas de azeite dos templos,fazendo do sitio ,fora dos períodos de feira local propicio a meditação e respeitoso recolhimento ?
Durante séculos. este chão foi território da freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra.
Actualmente fronteira entre Tapada das Mercês e Rinchoa, continua sendo sitio de magia e encanto peculiares.
Escrevemos algumas notas relativas a vida e obra do poeta da " Arcádia Lusitana",tal qual era senso comum, consta de todos os "sítios" de pesquisa,no cibermundo, também fui levado afirmar,o poeta havia nascido, na freguesia de Nossa Senhora de Belém, Rio de Mouro, Concelho de Sintra.Confesso havia procurado nos registos paroquiais, e do assento de baptismo nem rasto...
Ocasionalmente um dia destes,numa das muitas pesquisas,encontrei documentação esclarecedora da questão
"
Para não ser fastidioso,e transcrever na integra o documento,vou referir, a partir de onde podemos ler : " Domingos Maximiano Torres casado com Dona Joana Rosa, e filho de Julião Francisco Torres e de Joaquina Agueda Maria, natural de Lisboa, de idade sessenta anos, faleceu, no presidio da Trafaria, em vinte e cinco de Maio de 1809".
Não restam duvidas que se trata do " nosso " Domingos Maximiano; o facto relatado da morte no presidio, é conhecido.
Está escrito, que era natural de Lisboa,o que contradiz,a convicção seria natural de Rio de Mouro.
No mesmo processo,encontramos,outro documento,do teor seguinte :
" No ano de mil setecentos e quarenta e seis foi baptizado nesta freguesia de S. Julião de Lisboa, DOMINGOS MAXIMIANO TORRES,filho de Julião Francisco Torres e de Joaquina Agueda Maria como tudo consta da dita provisão que fica em o cartório desta igreja, e que fiz este assento que assinei (:::). São Julião de Lisboa ? Julho de 1811.
Também é verídico Domingos Torres, viveu em Rio de Mouro,deixo essa temática para outra ocasião.
A freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra,é território onde deparamos com particularidades, fazem que pedaço da terra Sintrense, tenha identidade e referencias peculiares.
Reporto-me circunstancia de na toponímia,encontrarmos,termos relativos a minas e actividade extractiva.
Assim temos SERRA DAS MINAS,simpático e progressivo bairro, cuja denominação ficou devendo a profusão de minas para captação de água,executadas na elevação rochosa que lhe fica adjacente.
A mina de ferro de ASFAMIL, onde se extraia,ocre ferrosa, para fabrico de tintas,situadas na serra das Ligeiras, próximo da povoação da qual as minas tiraram nome. Já escrevi neste sitio acerca desta exploração mineira.
Encontrei agora, prova documental da existência de outra mina,no antigo território pertenceu a freguesia,até 1950,quando se instituiu a freguesia de Agualva-Cacém.
Era "jazigo de pedra de areias quartziticas",utilizadas em diversas industrias;se fosse hoje com certeza seriam aproveitadas, no fabrico de componentes para electrónica.
Como se poderá ler, a jazida está situada na "terra do chafariz", perto do (sitio) Papel, actualmente edificações onde laborou importante estabelecimento de tinturaria : Cambournac.
O documento é do fim seculo XIX, portanto freguesia de Rio de Mouro, concelho de CINTRA, tal qual se escrevia na época.Ficamos por aqui...
O jornal de Sintra nº 1289, de 1958, na primeira página, publica noticia com grande titulo,relativa a possível, construção de um novo campo de aviação, destinado aviação de turismo e desportiva.
Ficamos a saber em 30 de Maio de 1910, ainda na vigência da Monarquia,seria criada comissão encarregada de procurar nas proximidades de Lisboa local para aeródromo do Aero Clube de Portugal.
Vinte anos mais tarde o Ministro da Guerra, autorizou funcionamento da escola de pilotagem do aero clube, no aeródromo da Quinta da Granja do Marquês, ai se manteria até aquela data.
Era urgente a mudança para outro sitio,e dessa escolha, ficou logo excluído o Aeroporto de Lisboa, já com grandes problemas com tráfego naquela época.
Aero clube optou em 1956, por terrenos situados entre Rio de Mouro e Ranholas, imediatamente a sul, da estrada Lisboa-Sintra, onde actualmente existem instalações comerciais e grandes superfícies do mesmo ramo.
Área de aterragem do futuro aeródromo teria duas pistas, com extensão de 800 metros,e possibilidade de ampliação até 1200 metros.
Infelizmente, o projecto não vingou em Sintra, acabando por ser construido num concelho vizinho sendo inaugurado em 1964.
A interrogação que a noticia dava ênfase,teve resposta: Não.
O concelho de Sintra, neste caso não ficou a ver navios,mas a ver passar aviões de turismo. Enfim é a vida como diria outro...