As abundantes águas novas caídas nos últimos dias recarregaram as nascentes aqui por estas ocidentais paragens da grande Olisipo.
Nas antigas terras do prazo de Meleças, mais tarde Quinta Grande, no exacto local onde a Ribeira de Vale de Lobos toma a designação de Fitares, na ponte que une a Rua da Quinta Grande com a Avenida das Nogueiras, na Rinchoa o caudal do curso de água apresenta agora ar que lhe proporciona a origem do precioso liquido quando brota de nascente.
Para tornar ainda mais idílico o repousante o quadro, o leito da ribeira foi recentemente limpo e despojado da vegetação inútil que entrava livre caminho das águas; enfim, tudo parece justo e perfeito.
É tudo por agora desde este encantado rincão de Sintra que é a Rinchoa, na freguesia de Rio de Mouro, onde fará para o ano meio século habito com muito gosto e sentimento de pertença.
Na linha divisória das freguesias de Algueirão Mem-Martins, e de Rio de Mouro, Município de Sintra, na rotunda área comercial do Alto das Mercês,deparamos com uma artéria denominada : Rua da Chamuscada.
Seguindo a direcção indicada pela seta,verifiquei,a via termina junto a estaleiro de materiais de construção,e seguindo-se terrenos de matos e arvoredo.
No entanto até a pouco mais de um século,não seria assim; no espaço hoje ocupado por quintas e construção de moradias; até ao Recoveiro, Baratã, e Pexilgais,existia um dos grandes olivais dos arrabaldes de Lisboa, celebre OLIVAL DA CHAMUSCADA.
Por estas bandas abundava e abundam aguas subterrâneas,amiúde brotando a superfície,como a famosa fonte do Pinhal do Escoto.
Na Chamuscada,seria aberto profundo poço cuja agua através de canalização subterrânea servia para alimentar o aqueduto da Mata, que por sua vez transportava o precioso liquido para o Aqueduto das Aguas Livres destinado mitigar a sede aos Lisboetas.
Tão abundante era a nascente daquele poço que nem durante a grande estiagem de 1856 secou.
Recordando a Chamuscada resta placa toponímia, e agora este apontamento porque até as cartas geográficas editadas pelos serviços da Camara Municipal de Sintra, indicam erradamente "chamusca " no lugar do verdadeiro topónimo.