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Tudo de novo a Ocidente

MEMÓRIAS DE RIO DE MOURO - RINCHOA (1973- 2023) I

Na calçada da Rinchoa, existe ainda hoje estabelecimento comercial integrando    conhecida rede de supermercados.

Quando vim morar para a Rinchoa, naquele sitio estava vacaria, que  alguns moradores procuravam para adquirirem leite. Onde é agora a rua das urzes,era possível admirar imponente renque de cedros centenários, davam ao sitio  ar peculiar,marcando ao mesmo tempo antiga alameda de acesso a casa dos senhores da quinta do casal da serra.

A rápida urbanização da zona fez surgir, a partir de 1975, conjunto de prédios e estabelecimentos comerciais.

O primeiro mini mercado da Rinchoa, foi propriedade do Sr. Ribeiro,beirão de Castelo Branco, morava vivenda no inicio da rua da choupaninha, entretanto, demolida,o seu " mini"   ficava onde actualmente são escritórios de conhecida  imobiliária, aí funcionou depois um banco  falido no escaldo da derrocada do BES.

Voltando  ao supermercado, inicialmente, ali funcionou um de nome, FIM DA LINHA, resultado de investimento de compatriotas  vindos das colónias africanas no seguimento da descolonização , popularmente referidos por "retornados".

Foi melhoramento significativo para abastecimento  da população.

A seguir o supermercado passaria  designar-se POLISUPER. Com este nome durou  alguns anos. Seria posteriormente adquirido pelos proprietários da actual superfície.

Curiosamente, objectivo económico inicial mantém-se; apesar de actualmente existir na Rinchoa profusão significativa de negócios indenticos,este supermercado pela localização e fácil acesso continua a ser procurado pelos moradores do bairro. Oxalá seja para manter.

   

MEMÓRIAS DE RIO DE MOURO - RINCHOA (1973 -2023)

Estamos em tempo de comemoração do 50º aniversário da restauração do regime democrático, em Portugal em 25 Abril 1974.

Habito em Rio de Mouro, curiosamente,mesmo numero de anos,talvez seja interessante,revisitar a história do burgo, apelando para a memória e servindo de referencia estabelecimentos com pelo menos idêntica longevidade, fazendo por isso parte da memória colectiva.

Começo por local foi centro da cavaqueira da localidade: café Mourinho,situado na Praceta Sacadura Cabral, hoje alindada e acolhedora, não comparável a que existia quando vim morar para a Rinchoa nos idos de 1973.

O sitio onde está o café é conhecido por bairro da estação ou dos aviadores,esta ultima designação porque as ruas e avenidas tem nome de pessoas relevantes na história da aviação universal.

O Mourinho como era citado foi sempre café de bairro,naquele tempo mais café e menos tasca como parece ser hoje.

O estabelecimento com mesas e cadeiras confortáveis convidativo para tomar um café ou degustar pequeno almoço com galão ou célebre quarto de Vigor, assim  chamavam as garrafas  de menor capacidade (0,25l) do leite daquela marca, delicioso, produzido em Odrinhas no nosso concelho numa fábrica já não existe.

O que distinguia o Mourinho era a clientela, depois do 25 de Abril 1974, constituída maioritariamente a partir do meio da manhã por donas de casa que concluídas as tarefas matinais iam ali para espairecer.

Dizia amigo já desaparecido, o Mourinho era o comboio de quem  não ia para Lisboa. Na verdade nos comboios a força das pessoas embarcarem todos dias a  hora da tabela, e escolhendo as mesma carruagem criavam laços afectivos  muitas vezes iam além das amizades com as companhias quotidianas das viagens.

No café  parece sucedia o mesmo; um pouco ironicamente referiamos de forma mordaz, este ou aquela são " gajos " do Mourinho.

O Mourinho faz parte do imaginário daqueles que foram passando por Rio de Mouro, ou ainda por cá andam .Há muito que não vou lá.Talvez volte lá antes, quem sabe , acabe por encerrar.Oxalá não suceda 

 

 

 

 

 

 

 

 

PRIMÓRDIOS DO REPUBLICANISMO EM RIO DE MOURO SINTRA

Associamos a influencia de José Cupertino Ribeiro Junior , implantação do ideário republicano em Rio de Mouro, e ao facto nas eleições para junta de paróquia realizadas em 1909,portanto antes da implantação da República, ter vencido naquela localidade o Partido Republicano .

Rio de Mouro na década de 80 do século XIX,foi palco dum conflito religioso  determinante para propaganda republicana.

O reverendo João Joaquim Costa e Almeida, antigo prior de Santa Marinha ,  Vila Nova de Gaia, e em Rio de Mouro, e capelão da Armada ; entrou em conflito com a igreja católica , por discordar da " infalibilidade do Papa",na época reafirmada.

Por esse motivo aderiu a igreja anglicana, a cuja hierarquia passou a obedecer,  contraiu matrimonio, construindo  na propriedade que possuía em Rio de Mouro,uma igreja e escola para crianças de ambos os sexos, com ensino gratuito.

O sucesso foi notável, em pouco tempo, a igreja contava com 500 fiéis, a escola 75 alunos.

Sendo a igreja católica romana,religião oficial do Estado,o reverendo Costa Almeida e a esposa, foram vitimas de perseguições e ameaças.

Temendo consequências gravosas, naturalizaram-se espanhóis,  em Madrid  estava a sede da religião protestante na Península Ibérica e acolheram-se a protecção daquela.

Mesmo assim, depois de expulsos da Igreja Católica,foi passado ao regedor de Rio de Mouro,ordem para proceder a detenção do casal e conduzi-lo ao tribunal de Sintra afim de serem julgados por heresia.

O regedor em face da ordem recebida,informou, sendo o reverendo e a mulher  tão populares, não podia prometer que o cabo de ordens fosse capaz de cumprir o mandato; seria melhor mandar tropa para os prender. 

 Foram enviadas tropas de Lisboa detiveram o casal sendo conduzido a pé até ao tribunal na vila de Sintra no meio de grande aparato.

 Costa Almeida simpatizante do ideal republicano, fez chegar a Lisboa,relato da melindrosa situação , solicitando, advogado para o defender.

Manuel de Arriaga, um dos mais prestigiados advogados da época, mais tarde havia ser o primeiro Presidente da Republica Portuguesa,  amigo dos detidos, dirigiu-se a Sintra onde em tribunal fez brilhante e inatacável defesa que conduziu a libertação dos detidos. regressando a Rio de Mouro foram entusiasticamente aclamados pelo povo.

Manuel de Arriaga passou ser visita frequente do reverendo em Rio de Mouro. O Partido Republicano foi consolidando implantação na freguesia.

A foto da igreja evocação da Santíssima Trindade, existiu na quinta do reverendo e, não sei onde ficava com exactidão . 

O reverendo João Joaquim da Costa Almeida faleceu a 4 de Novembro de 1897.

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