ALENTEJO DESAPARECIDO
No trabalho árduo de "plantar" árvore genealógica da nossa família,encontramos no ramo virado ao sul para lados do Alentejo, um nosso bisavó, natural da freguesia de São Miguel do Adaval,concelho de Redondo,como alguns gostam de completar, distrito de Évora.
Sabíamos data de nascimento , e partida da vida presente.O assento de baptismo indica sem margem para erro, local onde o fizeram cristão:
" Aos vinte dias do mês de Janeiro de 1878, nesta paroquial igreja de S. Miguel do Adaval,baptizei um individuo do sexo masculino a que dei o nome de IGNÁCIO,nasceu no monte da herdade da Madeira Velha, desta freguesia as 6 horas da noite do dia 27 Dezembro próximo passado,filho legitimo de José Jacinto, natural da freguesia matriz da vila do Redondo, e Gertrudes Maria, natural da freguesia de Nossa Senhora de Machede, concelho de Évora".
Era nosso desejo meu e da minha mulher,visitar a orada onde decorreu "baptizo" do estimado antepassado.O tempo urge decidimos por viatura ao caminho.Dia quente, depois de pouco mais de uma hora de estrada chegamos recanto alentejano, densamente cultivado com olivais e vinha, estranhamente sem pássaros esvoaçando.
Procuramos, passando pelo sitio onde deveria estar o templo, e nada.Em desespero de causa, perguntamos, na aldeia de Santa Suzana do Redondo,a simpática senhora, onde podíamos achar a igreja.
Infelizmente a novidade não foi a que desejávamos, porque igreja, ou antes a capela, agora está em propriedade privada, não sendo acessível.
Do povoado do Adaval, nem ruínas, a capela restaurada, avista-mo-la no topo de uma colina cujo acesso está vedado por robusto portão colocado no inicio do caminho para lá.
Investiguei, a freguesia seria extinta em 1932, sendo anexada a matriz de Redondo, fizeram inventário do recheio do templo e tudo entregue a fazenda nacional.
Curiosamente, quando decretaram fim administrativo do Adaval, faleceu bisavô IGNÁCIO, na idade 54 anos, dizem vitima de doença do coração, talvez cansado, triste, não só por vida de trabalho árduo,mas também ter assistido ao fim da terra onde nasceu , donde teve de "abalar".
Tudo acaba, neste mundo, este bisavô da nossa árvore, porque estamos a contar um pouco da sua história, não morreu ainda.
Quanto ao desaparecimento de parte do passado do Alentejo isso já não tem remédio; são contas dum outro rosário.