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Tudo de novo a Ocidente

QUEIJADAS - EXISTIAM EM RIO DE MOURO NO SECULO XVI.

Quem havia dizer? Foi demonstrado por Tude Martins de Sousa, conforme relata o meu saudoso amigo e ilustre Sintrense José Alfredo no seu volume III das velharias de Sintra.

Vou deixar por hoje as queijadas, focando a personalidade de Tude de Sousa. Natural da antiga vila da Amieira,concelho de Nisa,ao tempo Priorado do Crato, veio ao mundo em 1874 precisamente século e meio.

Filho de gente humilde,revelando inteligência superior ; a patroa da casa onde a mãe trabalhava como domestica, sendo pessoa abastada tomou a cargo a educação da criança; frequentou o Seminário de Portalegre, no entanto, sentindo falta de vocação, para a vida eclesiástica,abandonou essa via.

Continuou estudando, concluiu com grande e brilhante sucesso  formação de Regente Agrícola na Escola de Coimbra,trabalhou depois como ecónomo no estabelecimento correccional de jovens delinquentes em Vila Fernando, Elvas.

A vida no campo atraiu-o sempre, por isso concorreu sendo seleccionado para coordenar  plano de reflorestação da serra do Gerês, tarefa levada a cabo com competência e dedicação exemplares.

A acção pedagógica desenvolvida junto das populações permitiu ultrapassar animosidade ao desenvolvimento dos trabalhos. A permanência no Gerês, durou uma década.

 O Parque Natural da Peneda Gerês existe hoje,um dos  obreiros maiores foi Tude Martins de Sousa.Como preito e agradecimento, Governo da Republica deliberou em 1927, atribuir o seu nome ao parque existente na Vila das termas do Gerês.

Republicano assumiria 1912, direcção da Colónia Penal de Sintra, a frente da qual se manteve até aposentação em 1944.

O trabalho realizado neste estabelecimento foi de  gabarito merecendo louvores não só em Portugal,mas também, no estrangeiro nomeadamente Estados Unidos, e Inglaterra. Tal seria o eco que vinham especialistas a Sintra estudar, métodos de trabalho da Colónia Penal , para imitarem nos respectivos países.

Integrou a comissão encarregue  de criar a Colónia Penal agrícola de Alcoentre, onde a exemplo de Sintra  concretizou projecto exemplar.

Ao seu labor ficou associada a recuperação da Escola Agrícola da Paiã, hoje concelho de Odivelas.

A proximidade com a família que o ajudou na infância e juventude , manteve-se até ao fim, é por esse facto que Tude Martins de Sousa, vem a frequentar Rio de Mouro.

Adães Bermudes, arquitecto autor e construtor de centenas de edifícios escolares, já ao tempo dono de quinta em Rio de Mouro, recebeu encomenda da escola primária de Gafete, custeada pelo barão do mesmo nome, parente da benfeitora do nosso biografado.

Assim, conheceu senhora da família Cambournac, natural do lugar do Papel da freguesia de Rio de Mouro com quem viria a contrair matrimónio na igreja paroquial de Nossa Senhora de Belém em 1908.Testemunha presencial o Barão de Gafete, falecido na era de 1920.

Tude Martins de Sousa, convidado, por Leal da Camara, participou congresso regionalista efectuado no casino da Rinchoa, em 1944, com tese onde defendia  aproveitamento agrícola da charneca entre o Cacém e Sintra.

Viveu enquanto responsável da Colónia Agrícola Penal de Sintra, em casa da função depois da reforma residia na Amadora onde faleceu a 16 de Julho de 1951.

Mais uma personalidade de prestigio e relevo nacional e internacional,ligada a Sintra e Rio de Mouro,merece ser conhecida assinalando 150º aniversário do seu nascimento.

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