TOPONIMIA SINTRENSE : RIO DE MOURO
O nome das localidades é difícil de decifrar, em alguns casos quando não há certezas recorre-se à "lenda" ou à "tradição" para justificar o que é duvidoso. Vejamos um exemplo: Rio DE MOURO no Concelho de Sintra.
Uma das hipóteses inserida no "Memorial Histórico ou Colecção de Memórias Sobre Oeiras", vai no sentido seguinte:"Rio de Oeiras nasce acima do pequeno Lugar de Fanares, aqui lhe chamam rio das enguias, à saída da Quinta do Basto entra em uma ponte de boa cantaria por cima da qual passa a Estrada Real de Sintra. Aqui tem o nome de Rio DO Mouro, que o transmite a este lugar, onde segundo a tradição morreu o Mouro Albaráque Governador do Castelo de Sintra ou Cyntia, fugindo na ocasião da sua conquista por D.Afonso Henriques. Outros dizem que o dito Mouro, fora morto no Lugar que tem o nome de ALBARRAQUE e o enterraram nas margens deste Rio".
Para reforçar a "tradição" o autor alterou: Rio de Mouro para Rio do Mouro. Continuando: "Quase a chegar ao Sítio de Asfamil lhe dão o nome de Rio dos Veados. Passa pelo Lugar da Laje e correndo com nome de Oeiras...ele se mistura no Oceano".
A nossa versão,alicerçada no estudo da região onde corre o curso de água demonstra que aqui, os topónimos Mouro e Mourão coexistem. Mourão deriva de "parede" "muro grande" e também de lajes de pedra que se colocavam verticalmente em redor das eiras para proteger o cereal do vento e dos animais. Essas pedras designam-se Mouros ,sendo utilizadas nas vinhas para suportar as varas da empa das vides.
No caso do nosso Rio, desde tempos recuados os proprietários dos terrenos adjacentes, no troço compreendido entre a quinta da Preza e Francos, desviaram o curso obrigando o rio a correr entre Mouros ou Mourões de lajes e mais tarde entre muros para aproveitarem as terras férteis de aluvião.
Esta obra hidraulica ainda hoje se pode observar:ver imagem. Deste modo, RIO DE MOURO significa: RIO QUE CORRE ENTRE MOUROS ou MUROS ALTOS. A lenda não é mais forte que a evidência,só por falta de estudo se tem mantido.
Neste caso, a lenda, como justificamos, é uma fantasia.