Escrevemos no "post", publicado em Maio de 2014 que desconhecíamos, onde ficaria a outra aldeia, também referida como sendo "Cabra Figa". A informação que consta, no "Dicionário Geográfico" de 1751 tem o teor seguinte:
"aldeia no termo da vila de Sintra, freguesia de N.S. da Purificação de Montelavar". Decidimos investigar e deparamos, na povoação de Morelena, arredores de Pêro Pinheiro, um largo denominado "Cabra Figa". Este largo termina num penhasco, hoje coberto de vegetação constituída por carrascos e zambujos. O penhasco é o pequeno cabril ou cabra que deu o nome ao sítio tal qual ocorreu com a outra aldeia de idêntico nome assunto do "post" referido. O desaparecimento do lugar, deve ter sido consequência do surto de desenvolvimento que sofreu a aldeia de "Mourilena" nome de antigamente. Em consequência processo de transformação da zona,potenciado pela extracção de pedra,Cabra Figa entrou em declínio e, acabou fazendo parte integrante da povoação mais importante. Com o decorrer do tempo ficou, unicamente, ténue memória do sítio do qual a placa toponímica é testemunho. No decorrer do século XVII, nos registos paroquiais aparece amiúde "lugar de Cabra Figa". Este território está integrado há séculos na freguesia de Montelavar concelho de Sintra, distrito administrativo de Lisboa.
Algumas vezes por feliz acaso a toponímia das artérias duma povoação,é fonte preciosa de informação para se desvendarem aspectos relevantes da sua história.
A aldeia do Sabugo,integrada na associação de freguesias de Almargem do Bispo ,Montelavar e Pêro Pinheiro, no municipio português de Sintra,situada junto á antiga estrada real de Lisboa a Mafra,passando por Belas,mantem importantes vestígios do casario primitivo,caracterista que faz desta povoação uma das mais pitorescas da região saloia.A actividade agricola foi predominante durante séculos, reflexo disso, ainda existe no Sabugo um posto de venda de produtos agricolas,propriedade da Cooperativa Agrícola do Concelho.Porque era ponto de passagem os almocreves e viajantes, aproveitariam para descansavam as suas montadas na aldeia, razão pela qual a vereação da Câmara Municipal de Sintra, deliberou mandar construir no ano de 1782, fonte e bebedouro aproveitando uma copiosa nascente.
A água alimentava também o tanque de um lavadouro onde as mulheres aldeãs lavam roupa, sua e dos fregueses de Lisboa clientes das "lavadeiras" do Sabugo.Esta faina foi o ganha pão de gerações. Curiosamente o rancho folclórico da aldeia denominava-se "lavadeiras do Sabugo".Para transporte da roupa de e para Lisboa utilizavam-se carros puxados por gado muar, mais a miúde os rústicos "burros saloios" que mestre Roque Gameiro imortalizou nas suas aguarelas.Para acondicionar a carga os jericos eram "equipados" com albarda,ou seja uma cobertura cheia de palha que se colocava no dorso das bestas de carga,tipo de sela grosseira geralmente de estopa. Os artesãos frabricantes deste utensílio eram conhecidos por "albardeiros".No Sabugo este ofício deveria ser importante.Na localidade deparamos com "Travessa dos Albardeiros".A necessidade desta profissão resultaria do elevado numero de animais de carga a albardar.Um bom exemplo da utilidade dos topónimos para investigar as comunidades rurais.
O município de Sintra tem uma superfície de 317 quilómetros quadrados, vasto território albergando motivos de interesse dignos de referência, o seu conhecimento poderá despertar curiosidade para uma visita. Sintra não só no aglomerado da sede do concelho, mas também no seu termo possui monumentos, paisagens, centros históricos, templos, quintas e aldeias que irradiam encantos peculiares das antigas "vintanas" do alfoz sintrense.
Uma delas: São Marcos permanece quase intacta paredes meias com gigantesca urbanização. São Marcos pertenceu até aos anos cinquenta do século XX, a Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro: Os proprietários das terras circundantes durante gerações pertenciam à família Torres genealogia onde se inclui o "arcade" Sintrense Domingos Maximiano Torres. Actualmente São Marcos faz parte da Associação de Freguesias do Cacém. São Marcos evangelista, dia 25 de Abril é a data da sua festa religiosa, protector dos ermos e coutadas, o couto de perdizes privativo do Rei D.Manuel I de Portugal no século XVI, situado na região compreendida da ponte de Agualva e a foz da ribeira de Barcarena, seria "guardado" pelos habitantes do casal de São Marcos como então se designava.
A capela edificada no centro da velha aldeia é um templo reconstruído no século XVIII, o primitivo foi arrasado em consequência do grande sismo de Lisboa em 1755. Aberta ao culto, no adro vegetam ainda as oliveiras fonte do azeite para a lâmpada do Santíssimo.
O casario um pouco maculado por algumas construções inestéticas, mantém o encanto dos vilarejos saloios. Observando a grande urbe contígua, não resta dúvida: agente modelador da crosta terrestre o homem, é capaz de edificar locais de beleza humanizados e ao lado o seu contrário. Património versus pandemónio expressão de nosa autoria que amiude utilizamos. Mais do que um problema de índole urbanística a "nova S.Marcos", exemplifica a ganância desmedida de certos capitalistas.Surgiu antes de estar em vigor o euro,assim a urbe foi uma criação dos senhores, do "marco" do "escudo" da "libra" do "franco" e da "peseta". Adjacente ao "mar de betão" no vizinho concelho de Oeiras existe um campo de golfe, inactivo, servindo de poiso a bandos de gaivotas, implantado naquele local, parece por obra e graça do "espírito santo".
A incipiente industrialização do Portugal oitocentista a nível nacional,teve todavia, no concelho de Sintra alguma expressão graças a diversos capitalistas dinâmicos surgiram estabelecimentos fabris de razoável dimensão cuja actividade influenciou a vida económica e social do município.
Uma dessas unidades industriais a Tinturaria Cambournac, sediada no sítio da Ribeira do Papel, território da Freguesia de Rio de Mouro até criação da autarquia de Agualva-Cacém a 15 de Maio de 1953,local escolhido não só devido á relativa abundância de água,e também mão de obra especializada no ramo da tinturaria, perto em Rio de Mouro funcionava desde o final do séculoXVIII uma tinturaria e estamparia de chitas.A cambournac encerrou no rescaldo do período conturbado seguinte a Revolução de 25 de Abril de 1974.Principiou laboração em 1846, funcionou sempre no sítio referido o atendimento da clientela tinha lugar em Lisboa no Largo da Anunciada, junto à Avenida da Liberdade. Os proprietários, de visão empresarial moderna iniciaram em 1876 o processo de limpeza a seco de fatos e tecidos. Inovação introduzida mantendo a actividade de tingir "toda a qualidade de fazenda nova e usada, fio de seda, lã, algodão juta, palha, etc". Fabricavam também tinta para escrever, enfim "tinturaria" completa.
Deveria ser um negócio próspero, o "clã" familiar residia junto à fábrica em ampla e confortável habitação onde nasceram filhos aos quais proporcionaram educação adequada, alguns guindaram-se a posição de relevo na sociedade. Um deles Desidério Cambournac, nascido em cinco de Abril de 1874, militar médico conceituado sempre disponível em favor dos mais carenciados e das causas da salubridade pública, em homenagem foi erigido por subscrição popular um busto de bronze colocado na Vila de Sintra na avenida homónima.Nome de baptismo escolhido pela família em consideração à avó paterna D. Maria Desidéria Cambournac, casada com o fundador da empresa Pedro Roque Estáquio Cambournac. Desidério Cambournac solteiro e sem filhos faleceu em 1936. Reflexo de relevância social e politica concelhia o cortejo fúnebre saiu do edifício dos Paços do Concelho de Sintra para o cemitério de S. Marçal com grande acompanhamento de pessoas representativas dos estratos sociais da região devido ao prestígio e carácter bondoso do finado. O "solar da família Cambournac, foi berço de outros descendentes ilustres.
As alterações sociais verificadas nos últimos trinta anos a urbanização acelerada dos aglomerados, com influencia no aumento dos delitos contra a propriedade, roubos e vandalismo, motivou tomada de medidas preventivas para defender os bens patrimoniais da rapina dos larápios. O acervo de imagens sacras das igrejas algumas de grande valor monetário e incalculável "afecto" dos fiéis, tem sido presa dos gatunos. Recentemente os artigos metálicos desaparecem furtados por gangs que as autoridades diligentemente procuram desmantelar. Amiúde subtraído dos campanários o sino acaba vendido inteiro ou derretido.
Na vida das populações, o som marcava o ritmo do quotidiano, espécie de instrumento utilizado no chamamento divino e cívico, daí a sua relevância paroquial e eclesial. No decurso da ditadura do Estado-Novo salazarista (1934-1974), numa lição do livro único da primeira classe do ensino básico ou primário, procurava incutir-se nas crianças respeito pelas mensagens veiculadas pelo toque do sino. Na página 88 pode ler-se: "Obedientes à voz do sino, homens mulheres e crianças acodem à igreja para assistirem á missa".No começo e findar o dia tocavam trindades ou avés maria, falecia alguém,o sino do templo anunciava o infausto acontecimento, dando os "sinais". Tocava a rebate em caso de incêndio desastre ou tumulto. As reuniões camarárias conhecias o povo quando soava o sino privativo dos paços do concelho. daí o termo: reunir a "toque de sino". Os regimes autoritários aproveitavam, como forma de inculcar ideologia, o carácter de "mando" infelizmente ligado ao tanger sineiro.Presente no imaginário aldeão,o genial Fernando Pessoa,num dos seus poemas ,designou o sino de um os templos do sítio Lisboeta do Chiado,"sino da minha aldeia".
Apesar da mudança ainda existem comunidades onde o sino alcandorado no arco campaniço, toca para assinalar os actos litúrgicos, o da imagem antigo de dois séculos "reside" algures no Concelho de Sintra, distrito de Lisboa Portugal . Oxalá não seja necessário retirara-lo para evitar furto. Continue a tocar e a "voz" produzida pelo badalo no bronze estabeleça ,simbolicamente, comunicação entre o céu e a terra.
O sol tem influência em todos aspectos da vida humana,fonte de calor e luz, razão da nossa existência, sem irradiação solar vivificante a vida seria impossível. Nas comunidades rurais do hemisfério norte durante séculos o ritmo das sementeiras e colheitas, acompanhava o ciclo do movimento anual aparente do astro rei.
O equinócio da primavera,alertava para a premência das sementeiras, os dias começam a crescer, a luz solar permite aproveitar melhor os dias. No começo do Verão o solstício, uma "pausa" para preparar a colheita, escolher onde acondicionar o produto do labor, passados os calores estivais, na entrada do Outono outro equinócio marca a descida do sol no horizonte a noite escura e fria volta a ganhar em duração ao dia luminoso e quente, altura de fazer balanço do resultado do ano agrícola. Finalmente o solstício do inverno, outra ocasião em que o sol parece deter-se por momentos, os povos receavam que as trevas continuassem a progredir no entanto a luz vence. Os dias principiam a proporcionar maior período de claridade o sol no centro do cosmos eleva-se de novo e retorna a alternância eterna das estações,periodo de esperança no porvir.
A luz solar possibilitou medir o tempo,recorrendo ao avanço da sombra dum instrumento cravado sobre uma pedra na qual se gravavam as horas. Este dispositivos denominam-se relógios de sol.Outrora em grande número restam alguns exemplares como este datado de 1856 e visível "empoleirado" no beiral do telhado da capela de Nossa Senhora da Consolação, lugar de Assafora,termo de S. João das Lampas no município de Sintra, distrito de Lisboa, sítio dos mais ocidentais do território de Portugal. Quem sabe o relógio solar mais a oeste da Europa continental, ainda a funcionar? É possível verificar a hora que obtivemos a imagem...
Belas sede de concelho até 1855, actualmente integrada na união de freguesias de Queluz-Belas, município de Sintra, destino de veraneio e repouso da nobreza e burguesia da capital do reino e cabeça de marquesado. O título teve origem num real decreto da Rainha Dona Maria I de Portugal em 1801. O derradeiro titular na vigência do regime monárquico desta distinção,nasceu na vila de Belas a vinte e oito de Julho de 1878, domingo,pelas cinco horas da manhã, filho legítimo do marquês de Belas, D. António de Castelo Branco natural da Freguesia dos Anjos na Cidade de Lisboa e Dona Maria da Piedade de Lacerda de Almeida e Vasconcelos natural de São Pedro do Sul, distrito de Viseu, casados canonicamente. Neto paterno de D. José Castelo Branco Correia e Cunha Vasconcelos e Sousa e Dona Maria Francisca Luísa de Sousa,condes de Pombeiro, materno do senhor Paulo Correia de Lacerda Lebrim e Vasconcelos e Dona Caetana da Cunha Almeida e Vasconcelos. Baptizado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Misericórdia de Belas em dois de Agosto de 1878, foram padrinhos o avô materno e tia paterna Dona Rita de Castelo Branco, solteira, moradores em Belas. Ambos sabiam escrever, assinaram o termo do baptismo. Acto celebrado pelo reverendo presbítero Gualdino de Amaral e Sá.
Teve esmerada educação, oficial do exército pertenceu à arma de cavalaria serviu nos regimentos de lanceiros 2 de Lisboa, cavalaria 9 na invicta cidade do Porto atingiu o posto de tenente, aficionado de equitação e da tauromaquia,tradição de família. Implantada a República, na sequência da revolução de 5 de Outubro de 1910, foi viver para Itália acompanhando sua mãe, dama da Rainha Dona Maria Pia de Sabóia.Após a morte da Rainha, em Turim no ano de 1911 regressou a Portugal. Monárquico convicto participou em todas as tentativas para restaurar o regime deposto. Instaurada a ditadura militar, em 1928 foi reintegrado no exército, logo passado á reforma. Dedicou-se aos negócios ,em Portugal e Roménia. Industrial de conservas de sardinha proprietário de fábricas na cidade portuguesa de Setúbal.Patrão com preocupações sociais, muito estimado pelos operários e operárias das suas empresas, carinhosamente o apelidavam "Marquês Sardinheiro" faleceu em Lisboa a 16 de Maio de 1965, curiosamente o mesmo dia da semana do nascimento. Está sepultado em Santarém. D.José Inácio de Castelo Branco Correia da Cunha Vasconcelos e Sousa, Par do Reino, fidalgo da Casa Real, 4º marquês de Belas, 10º conde de Pombeiro, visconde de Castelo Branco, 22º senhor de Pombeiro e 16º senhor de Belas. Na pia baptismal recebeu o nome de José Inácio de Loyola. De "Loyola" desapareceu, desconhecemos o motivo.
Quem viaja no comboio de Lisboa para Sintra, passada a estação ferroviária da cidade de Agualva-Cacém no cruzamento da linha, quando uma via diverge para Mira Sintra Meleças e outra para Rio de Mouro através das amplas janelas da carruagem, poderá contemplar à esquerda na margem da ribeira da jardas, antiga quinta dos frades Loios, onde dependurada num arco alongado imitando rustíco campanário, sineta singela assinala o lugar da capela. Em plano superior destacando-se no matorral da charneca a silhueta cilindrica de um moinho de vento, o moinho da oca. Acerca deste engenho Leal da Câmara escreveu em setembro de 1944, na comunicação apresentada no Congresso da Rinchoa: "moinho sem velas nem capacete e que deixara de ser, há longos anos já, o árbitro do cantar e do sibilar dos ventos para se transformar, coitado!... em simples marco geodésico indicado nas cartas do estado maior com um pontinho especial que marcava o último apoio das linhas estratégicas de Torres"
A simpliciade duma construção que mirada de passageiro atento alcança, extinta a função inicial de moer o pão passou a "talefe" ou picoto base das coordenadas para elaboração de mapas e talvez testemunha silenciosa de acontecimentos relevantes ocorridos durante a guerra peninsular. Está apresentado, futuramente será visto com outros olhos?
Volvidos quarenta dias, após a Páscoa,periodo simbólicamente necessário à preparação expiação e espera. Jesus Cristo ascendeu à Casa do Pai. Efeméride das mais respeitadas pelas comunidades rurais cristãs na era pre-industrial. Em Portugal neste dia é feriado municipal em trinta municipios de norte a sul do país, os distritos com mais feriados estavam englobados na antiga província da Estremadura, em zonas de boa produção ceralífera, distritos de Lisboa e Santarém.
Tradicionalmente fazem as pessoas ramos juntando espigas de trigo rama de oliveira e papoilas. Mistura do sagrado e profano, anúncio da colheita próxima, mesmo tempo lembrança que para se conseguir qualquer "graça" é indispensável sofrimento e renúncia. Dia fundamental do calendário eclesial católico.
Além de ser a haste terminal do centeio, trigo, milho e demais gramineas onde se encontram os grãos, espiga significa algo enfadonho, maçada, contratempo, prejuízo. Deste modo atendendo à situação com qual estamos confrontados em 2014 quinta feira da espiga, é também... uma grande "espiga". Na antiguidade clássica em Maio celebravam-se as "rosalias", com arranjos de rosas porque Maio, ainda hoje é associado aquelas flores, deixamos uma...
Um antigo povoado nos limites dos concelhos de Cascais e Sintra distrito administrativo de Lisboa, escassamente habitado durante séculos, alberga agora centenas de moradores resultado da auto construção, esforço de muita gente para realizar o sonho da casa própria, localidade situada na freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro tem nome invulgar: Cabra Figa. No dicionário geográfico, vem referida a existência de outra aldeia nome idêntico na freguesia de Montelavar, também município de Sintra. Desconhecemos onde fica ou ficaria localizada.Em documentos antigos constatamos a designação de Cabra Fria.
Cabra reporta-se a sítio de penedia, escarpado, barranco, fraga. No distrito da cidade portuguesa de Guarda existe a antiga vila de Cabra, segundo a obra citada, tomo II(pg.335). "passa junto desta terra o rio Mondego, cujas margens se não cultivam por serem fragas".
Próximo da povoação motivo deste apontamento desponta do solo uma correnteza de fraguedos nas margens do rio dos Veados, são rochas sem imponência, mas suficientes para originarem o topónimo. A sua pequenez, explica a conotação dada, esta cabra ou fraga pouco importante não "vale um figo" como se diz na gíria, quando referimos algo irrelevante daí Cabra Figa. A outra "versão"seria corruptela.