ALEXANDRE MATEUS - POETA DE ALMOÇAGEME
Alexandre José Mateus, é figura grada da história e cultura da aldeia de Almoçageme, freguesia de Colares, Município de Sintra.No ano de 1908,encontrava-se, tudo indica como emigrante, a bordo do navio "ARAGUAYA",da companhia mala real inglesa,barco fazia a rota , Southampton, Buenos Aires, com escala em Cherburgo, norte de França, Vigo , Lisboa,Pernambuco, Baía,Rio de Janeiro, Santos no Brasil , Montevideu capital do Uruguai.
Este navio transportou desde final do século XIX, até 1926, milhares de emigrantes portugueses com destino a América do Sul.Numa dessas viagens Alexandre Mateus,compôs poesia, datado da era citada, somente publicado,em Junho de 1917, no periódico " A CANÇÃO DE PORTUGAL : Fado Publicação Literária e Ilustrada ". Poema intitulado "Longe da Pátria "; testemunho de saudade e apego ao torrão natal. reza assim :
Ó pátria distante e linda
ó meu querido Portugal
ó minha terra natal
como te quero e amo ainda!
Acaso a saudade finda
quando a todos instantes,
me lembram as soluçantes
palavras de despedida
amigos e pátria q`rida
oh! como ficam distantes.
Já não vejo esses trigais
matizados de papoulas
nem ouço cantar as rolas
na ramagem dos pinhais
Quem pode esquecer jamais
em noites de luas cheias
as estranhas melopeias
que se escutam a beira-mar
quando a onda vem beijar
praias de brancas areias
Mas, avisto altas palmeiras
e por bombordo uma praia;
a proa do «Araguaya»
corta as águas brasileiras
Adeus serras altaneiras
e regatos murmurantes
adeus dias radiantes
da infância vou lembrando,
co`amigos rindo e saltando
sobre os montes verdejantes.
E o teu arco ! e teus penedos !
Ó encantadora ADRAGA
a enorme e altiva vaga
se despedaça em teus rochedos
E as vinhas e os arvoredos
onde o rouxinol gorgeias
e tu , ó CINTRA, que ateias
em mim tamanha saudade,
por isso esquecer quem ha-de
as lusitanas aldeias
Almoçageme
Alexandre José Mateus