Mistérios da Rinchoa - Avenida das Acácias
A primeira das avenidas traçadas por Leal da Câmara, na urbanização da quinta grande na Rinchoa concelho de Sintra, é denominada "Avenida das Acácias" paralela à Calçada da Rinchoa, com uma extensão de setecentos metros e largura de doze.
O nome atribuído demonstra que Leal conhecia o significado simbólico da acácia, associado a valores religiosos. A madeira da arca da aliança seria desta árvore, a coroa de Jesus Cristo na Cruz, teria os espinhos da acácia espinhosa. Igualmente nos rituais da maçonaria de que Leal da Câmara foi membro representa a imortalidade; segundo a tradição judaico-cristã o "lenho" desta planta é indestrutível.
A acácia está relacionada a todos os processos de iniciação e conhecimento de coisas transcendentais que Leal perfilhava. Era intenção realizar na Rinchoa uma obra singular, baseada no triunfo da luz solar sobre o obscurantismo e mesquinhez que predominavam na sociedade portuguesa dos anos quarenta do século XX. No seu pensamento, deveria ser a "acácia da flor doirada a mimosa do oriente" e não a da flor branca, a falsa acácia do ocidente a robínia.
Na avenida existem sómente acácias junto ao lote 27 do projecto inicial, pertença de um dos amigos do Mestre. Aquele plantou duas árvores não só para estar de acordo com o plural do nome, mas também porque a companhia ajuda a concretizar os sonhos e as fantasias...
Seria conveniente plantar em toda a artéria árvores iguais. O porte sendo pequeno, não traria inconvenientes aos moradores. Pelo contrário as flores doiradas das acácias na primavera transformariam a avenida num traço "luminoso"de acordo com a ideia de Leal.