MISTÉRIOS DA RINCHOA - AVENIDA DAS TÍLIAS
A urbanização da Rinchoa desenhada por Leal ds Câmara, entre outros aspectos que iremos referir futuramente é um repositório dos ideais e influencias que contribuíram para a singularidade da sua obra.
Como anteriormente chamamos a atenção, Leal teve uma preocupação devidamente fundamentada na escolha do nome das árvores para denominar as artérias da Rinchoa. Um dos exemplos mais interessantes é o da AVENIDA das TÍLIAS. Sabemos que esta árvore é uma das mais profundamente simbólicas da mitologia germânica, a sua flor perfumada ainda hoje enche de encanto a principal avenida de Berlim "Unter den linder".
Significa a profunda admiração que Mestre Leal, devotava à cultura alemã. Foi um acérrimo inimigo do belicismo Prussiano, no entanto fazia sempre a destrinça entre o imperialismo alemão e a contribuição do pensamento dos intelectuais daquele País, para o progresso da humanidade.
A avenida das tílias foi projectada de modo que o seu eixo em perspectiva se encontrasse com o do Palácio da Pena,obra do rei germânico D. Fernando II.
A esta admiração pela cultura alemã era também perfilhada pelos seus amigos, Acúrsio Pereira em discurso de homenagem póstuma a Leal, escreveu sobre ele: "LOHENGRIN não partiu definitivamente na sua maravilhosa concha nacarada arrastada pelo manso ruflar das asas de uma pomba branca", trata-se de uma alusão à bela composição de Wagner. A avenida das Tílias com a silhueta do castelo da Pena ao fundo, é uma deliberada opção de Leal, no sentido de realizar mais um das suas frequentes fantasias, que enigmaticamente encontramos, em muitas das suas criações. Enfim mais um mistério da Rinchoa, não só no sentido de uma encenação, mas também uma marca de algo transcendental e divino.