Jornal de Sintra, nº 1528 de 30 Junho 1963, na primeira pagina, inseria a noticia.
Sem qualquer outra informação, facilmente depreendemos ter sido "cuidado e zelo " da comissão de censura, sempre vigilante para não causar alarme, como então se dizia.
Aconteceu, resumidamente, o seguinte :
Dia vinte e três de Junho,uma terça-feira. cerca das 17 horas e vinte minutos, na estação de São Domingos de Benfica, já demolida, situada junto a Mata de São Domingos, a seguir ao edificio dos Pupilos do Exercito; comboio rápido procedente do Rossio com destino a Amadora, chocou com traseira de comboio de mercadorias 12 vagões , carregado de cal parado na estação.
O maquinista do rápido, não respeitou sinal vermelho da sinalização. Resultado três mortos e 42 feridos alguns deles em estado grave.
O estrondo do embate, silvo estridente de sirenes das ambulâncias dos bombeiros, anunciavam ter havido tragédia.
Vivia com meus pais no Bairro dos Guardas, no Forte de Monsanto, não muito distante da estação, por isso corri para lá, pude observar cenário horrível. muita gente a sangrar, gritos, de pessoas presas nos destroços; o rápido seguia lotado, até admira numero de vitimas mortais , não ter sido logo maior, porque alguns feridos,acabariam por falecer nos hospitais.
Ao ler a " local " do Jornal de Sintra, facilmente se compreenderá a " mordaça " existia no Portugal Salazarista, até para " calar " as desgraças.
O presente ano de 2017, caminha tal qual tudo neste mundo para fim anunciado.Surgem ofertas para passagem de ano , um pouco por toda a parte, "réveillon",alguns acessíveis, outros dispendiosos ao alcance só de abonados e ricos.
Há noventa anos um dos locais da área de Lisboa, mais concorridos para celebrar a passagem de ano era o restaurante "bacalhau" sito as portas de Benfica em local hoje integrado no Município de Amadora. Aquele estabelecimento frequentado por fadistas diplomatas capitalistas e burguesia de Lisboa, está igualmente ligado a história do clube Sport Lisboa e Benfica,
O anuncio publicado na imprensa da época contém informação interessante sobre a vida mundana da altura.Tentavam atrair clientela oferecendo preços módicos.Em 1927 carestia de vida em Portugal era muita.Curiosamente revendo ainda a publicidade , parece moda dos "motéis" não é tão recente quanto parece.
Enfim, bom ano de 2018, com saúde e alegria , quanto baste.Boas Festas
A antiga estrada real Lisboa a Sintra iniciava-se onde hoje é a Praça de Espanha bem no centro da capital portuguesa; prolongava-se pela estrada de Benfica até às Portas daquele nome, cruzava: Amadora, Queluz, Tascoa, Casal de Massamá. Transposto o sitio onde mais tarde seria a passagem de nível do Papel na linha ferroviária do oeste chegava ao alto do Cacém, Ranholas, Chão de Meninos e finalmente Sintra.
Devido ao grande desenvolvimento da Fábrica de estamparia de Filipe José da luz foi bifurcada e um dos "tramos" passou a servir o aglomerado populacional de Rio de Mouro. Na berma da estrada foi colocado, encastrado na parede de uma das quinta que ladeia a via, marco quilométrico indicando até Lisboa a distância de 20 quilómetros.
A memória rodoviária, elemento do património identitário do local permaneceu esquecida, sujeita a desaparecer por vandalismo ou acidente de tráfego. Diversas ocasiões nas Assembleias que participava, Municipal de Sintra e Freguesia de Rio de Mouro chamei à atenção para a situação. Ninguém fez nada para "salvar" o marco quilométrico.
Um dia destes tive uma epifania desloquei-me a "Rio de Mouro Velho", constatei que o marco havia sido cuidadosamente retirado da perigosa "estância" onde se encontrava e colocado dignamente no centro da "urbe" perto da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Belém, fronteiro à Sociedade Recreativa. Entregue a cuidada da recuperação pelas mãos de hábil artífice formado na Escola de Recuperação do Património de Sintra, situada junto ao Museu Municipal de Arqueologia em Odrinhas. Concluído o trabalho a peça será elemento enriquecedor do património local.
Acção meritória do actual executivo da Junta de Freguesia de Rio de Mouro, principalmente do Presidente Bruno Parreira, natural de Rio de Mouro paladino da defesa das tradições e história do território sob tutela da autarquia. No final de ano dealbar de 2016, acontecimentos como este contribuem para ter esperança em dias menos tristes, enquanto existirem pessoas a respeitar e preservar legados do passado, por mais simples, poderemos aspirar a futuro onde a cidadania permita quotidiano fraterno e solidário.
Aldeia de A-da-Beja, na actualidade integrada no Concelho de Amadora, no distrito de Lisboa pertenceu ao Concelho de Belas até 1855, quando este foi extinto, em resultado da reforma administrativa promulgada por Passos Manuel. Depois dessa data, foi anexada ao concelho de Sintra, do qual foi separada em 1979 ao ser criado o municipio Amadorense. A aldeia está implantada num local, de onde se disfruta amplo panorama, que abarca grande parte da cidade de Lisboa e arredores, incluindo o estuário do rio Tejo,e a Serra da Arrábida na margem sul do mesmo rio.
Os terrenos circundantes eram apropriados para a cultura de cereais. Como consequência da abundancia de água, existiam quintas bastante produtivas de hortaliças e frutos. Lembrando este aspecto, ainda hoje deparamos na rendondeza com nomes realacionados com o precioso líquido: Fonte das Avencas, Fonte Santa entre outros. A aldeia, sendo uma povoação que tinha limites, com a Freguesia de Benfica, termo de Lisboa suscitou durante séculos a cobiça de alguns poderosos, que tentaram, por vezes incluir o sítio na lista dos seus domínios; para vincar a quem devia ser atribuia a posse, o nome do povoado surgiu como afirmação de pertença. Os factos são os seguintes:
A Infanta D. Brites, mãe de D. Manuel I, Duque de Beja deixou algumas das suas propriedades as freiras do Convento de Nossa Senhora da Conceição daquela cidade alentejana, entre elas o rendimento da Igreja Matriz da Vila de Belas, e as terras onde surgiu a Aldeia objecto deste apontamento. Sempre que era referido primeiro o casal e depois a aldeia, era costume dizer: "é das de Beja", significando que pertencia as monjas do citado convento. Com o andar do tempo ficou A-da-beja, que diga-se de passagem deve ser único em Portugal.