DOMIGOS MAXIMIANO TORRES (RIO DE MOURO 1748-TRAFARIA 1810)
Ilustre sintrense um dos mais destacados membros da Nova Arcádia, amigo de Filinto Elísio, e de muitos outros arcades, autor de alguns dos mais belos sonetos escritos em português, é por isso grande vulto das letras pátrias.
Resolvemos partilhar com os nossos leitores, uma sua inspirada composição como lenitivo as agruras do tempo presente, e que contém matéria para meditação.
Á VIDA RÚSTICA
Feliz o que da corte retirado
Lá nos campos que herdou dos seus maiores
Imitando os singelos lavradores
Volve os pátrios torrões c`o liso arado
Não desperta jamais alvoraçado
Da rude chusma aos naúticos clamores
Nem ao tom dos horríficos tambores
Ou da estrondosa bomba ao rouco brado
Sem de temor pender,nem de esperança
Não vae co`a leve turba aduladora
incensar os altares da privança.
Humilde enfim a Providência adora
No meio da tormenta ou bonança
Esta é a vida ,oh céos,que me namora
Este soneto consta de "Nuno Catharino Cardoso, (1918) antologia de Sonetos Portugueses-Luso Brasileiros, Lisboa, edição do autor.