O VALOR MORAL DO EXEMPLO
Em tal dia como de hoje, no já longiquo ano de 1922, nasceu na vila de Pampilhosa da Serra o meu saudoso pai, daí resolvi evocar a sua vida e dos Portugueses da sua geração, como lenitivo para não nos deixarmos esmorecer pelo desvario desta gente que nos governa.
O meu pai e os da sua época passaram as dificuldades do pos-guerra de 1914-1918, as agruras do governo da ditadura salazarista, o caos da grande depressão de 1929, vicissitudes da guerra civil de Espanha. Cumpriram o serviço militar obrigatório durante a 2ª guerra mundial, muitos foram expedicionários, como então se dizia, aos Açores ou as colónias. Tiveram de nos dar o pão em condições de racionamento severas, onde faltava quase tudo para os pobres. Sofreram a amargura de verem partir filhos, parentes e amigos para a guerra colonial. Imigraram e emigrarm à procura de melhor vida. Tiveram a alegria de ver tombar o Estado Autoritário.
Nós herdamos o valor moral do vosso exemplo, não temos medo de dificuldades, mas da incompetência e estupidez de quem se propõe fazer o que não sabe, por incuria e falta de caracter. Mandemos o Euro as urtigas, aproveitemos as oportunidades da globalização. Voltamos à frugalidade da vida dos nossos pais e avós. No entanto não nos deixaremos arrastar para a miséria donde com sangue suor e lágrimas, saímos.
Querido pai, um dia disseste-me: "filho quando pensares que tens razão, não desistas". Se porventura pudesses ler este "escrito", constatarias que não esqueci, nem esquecerei. Viva o teu aniversário, fico por aqui. Já não vejo as letras...