Quando escrevi neste espaço,aquilo repito agora no no titulo, não estava enunciar nada não possamos verificar em muitos dos recantos deste nosso encantador cantinho, onde adoro viver, apesar tivesse desejado, felizmente, poderia ter "abalado". Claro , tal qual acontesse em mais renomados sítios, deparamos com aspectos, será necessário, ultrapassar.
Pretendo, simplesmente,partilhar com quem visita este blogue, imagem que captei , na Avenida dos Plátanos, Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro Município de Sintra.
Artéria ladeada por 33, árvores daquela espécie, apresentava num dos Invernos passados, imagem serve para ilustrar texto.
A beleza tão tocante não precisa mais palavras. ÚNICO.
A primeira das avenidas traçadas por Leal da Câmara, na urbanização da quinta grande na Rinchoa concelho de Sintra, é denominada "Avenida das Acácias" paralela à Calçada da Rinchoa, com uma extensão de setecentos metros e largura de doze.
O nome atribuído demonstra que Leal conhecia o significado simbólico da acácia, associado a valores religiosos. A madeira da arca da aliança seria desta árvore, a coroa de Jesus Cristo na Cruz, teria os espinhos da acácia espinhosa. Igualmente nos rituais da maçonaria de que Leal da Câmara foi membro representa a imortalidade; segundo a tradição judaico-cristã o "lenho" desta planta é indestrutível.
A acácia está relacionada a todos os processos de iniciação e conhecimento de coisas transcendentais que Leal perfilhava. Era intenção realizar na Rinchoa uma obra singular, baseada no triunfo da luz solar sobre o obscurantismo e mesquinhez que predominavam na sociedade portuguesa dos anos quarenta do século XX. No seu pensamento, deveria ser a "acácia da flor doirada a mimosa do oriente" e não a da flor branca, a falsa acácia do ocidente a robínia.
Na avenida existem sómente acácias junto ao lote 27 do projecto inicial, pertença de um dos amigos do Mestre. Aquele plantou duas árvores não só para estar de acordo com o plural do nome, mas também porque a companhia ajuda a concretizar os sonhos e as fantasias...
Seria conveniente plantar em toda a artéria árvores iguais. O porte sendo pequeno, não traria inconvenientes aos moradores. Pelo contrário as flores doiradas das acácias na primavera transformariam a avenida num traço "luminoso"de acordo com a ideia de Leal.
A urbanização da Rinchoa desenhada por Leal ds Câmara, entre outros aspectos que iremos referir futuramente é um repositório dos ideais e influencias que contribuíram para a singularidade da sua obra.
Como anteriormente chamamos a atenção, Leal teve uma preocupação devidamente fundamentada na escolha do nome das árvores para denominar as artérias da Rinchoa. Um dos exemplos mais interessantes é o da AVENIDA das TÍLIAS. Sabemos que esta árvore é uma das mais profundamente simbólicas da mitologia germânica, a sua flor perfumada ainda hoje enche de encanto a principal avenida de Berlim "Unter den linder".
Significa a profunda admiração que Mestre Leal, devotava à cultura alemã. Foi um acérrimo inimigo do belicismo Prussiano, no entanto fazia sempre a destrinça entre o imperialismo alemão e a contribuição do pensamento dos intelectuais daquele País, para o progresso da humanidade.
A avenida das tílias foi projectada de modo que o seu eixo em perspectiva se encontrasse com o do Palácio da Pena,obra do rei germânico D. Fernando II.
A esta admiração pela cultura alemã era também perfilhada pelos seus amigos, Acúrsio Pereira em discurso de homenagem póstuma a Leal, escreveu sobre ele: "LOHENGRIN não partiu definitivamente na sua maravilhosa concha nacarada arrastada pelo manso ruflar das asas de uma pomba branca", trata-se de uma alusão à bela composição de Wagner. A avenida das Tílias com a silhueta do castelo da Pena ao fundo, é uma deliberada opção de Leal, no sentido de realizar mais um das suas frequentes fantasias, que enigmaticamente encontramos, em muitas das suas criações. Enfim mais um mistério da Rinchoa, não só no sentido de uma encenação, mas também uma marca de algo transcendental e divino.
A urbanização da Rinchoa, idealizada por Leal da Câmara e concretizada através da empresa por ele constituída "A Realizadora" tem particularidades de traçado que devem ser realçadas.
Em 1944, quando do congresso de "Mem-Martins e Rinchoa-Mercês" foi aprovada uma recomendação para que fossem dados às "ruas, nomes de árvores e flores".
Esta resolução do congresso tem sido respeitada até hoje e a Rinchoa é talvez o único sitio de Portugal onde não se atribuem nomes de pessoas nem de datas à toponímia das ruas.
Quem sabe, fruto das conversas aos serões, no Casal Saloioi, entre Leal da Câmara e os seus amigos, pessoas estudiosos do esoterismo, na Rinchoa há ruas, com aspectos e nomes com um toque de mistério.
A Avenida dos Plátanos tem plantados nas suas bermas trinta e três árvores daquela espécie e não foi por acaso porque há espaço suficiente para mais....
Num dos topos da Avenida dos Plátanos fica a Avenida dos Carvalhos, no outro a das Acácias e no meio formando a mais longa Avenida da urbe a dos Choupos.
Estes pormenores fazem da Rinchoa uma povoação singular: o seu nome, as ruas, e agora até a localização que possibilita aos seus moradores a utilizarem duas estações de caminho de ferro modernas e funcionais: