A povoação de Albogas, antiga sede do julgado das "Albogas Velhas", dependente do juíz do crime do bairro de S. José da cidade de Lisboa, pertencia ao termo da capital, antes de definitivamente ser integrada na freguesia de S. Pedro do Almargem do Bispo, concelho de Sintra.
Albogas ditas "Velhas", por oposição a outro lugar de nome identico, de fundação mais recente, situado na encosta entre Loures e Montemor, num pequeno valado onde existiu uma ermida dedicada a Santa Ana, entretanto desaparecida. O significado de Albogas ou Alvogas, como também se escrevia, pode sintetizar-se:
Sítio localizado no meio de outeiros, na extrema de propriedade, ponto de comunicação onde normalmente, se tratavam problemas relativos a contratos de arrendamento agrícola, questões de limites de courelas ou hortas, se anunciavam os assuntos de intereresse para foreiros e senhorios das terras e também, se resolviam questões conflituosas entre as gentes de uma determinada circunscrição. Curiosamente, o orago das Albogas, de Loures, Santa Ana, mãe da Virgem Maria, só em idade avançada por designio divino teve a filha. Nossa Senhora, através do Anjo S. Gabriel, recebeu a "Nova" de haver sido escolhida por Deus, para conceber Jesus Cristo. Factos e personagens ligados a anúncios determinantes para civilização cristã. Albogas é sinónimo de comunicação, passagem...
Quando interinamente exerci as funções de Presidente da Câmara Municipal de Sintra o motorista da época o já falecido Sr. Morgado costumava dizer que da Piedade da Serra se pode avistar quase todo o território do Concelho de Sintra. De facto daquele sitio junto a Vale de lobos na freguesia de Almargem do Bispo o panorama é deslumbrante, a perder de vista. Levado pela curiosidade passei a frequentar o local, já ao tempo 1978, me chamou a atenção um imponente eucalipto que é a única árvore existente no largo fronteiro do templo, entre a Capela e o Cruzeiro.
A capela é do século XVIII, comemorando-se este ano o 250º aniversário da sua fundação.
Todos os anos a 24 de Agosto há uma concorrida romaria a Nossa Senhora da Piedade a quem os povos vizinhos têm grande devoção. Antigamente havia uma feira franca anual que durava três dias conforme consta da lápide colocada sobre a porta principal do santuário.
O eucalipto que hoje referimos está plantado na berma da estrada que indevidamente atravessa o adro, por onde passam veículos a grande velocidade sendo por isso um perigo para quem pretende observar a árvore, ou fruir a área de lazer. Não é difícil desviar a artéria para a orla do largo descrevendo uma curva. Esta medida possibilitaria que se pudesse admirar tranquilamente o eucalipto e colocaria o seu belo tronco ao abrigo de um qualquer carro que se despiste e seria um complemento as recentes obras efectuadas. Esta árvore centenária foi testemunha de muitos actos religiosos, a sombra da sua fondosa copa acolheu, por certo, muitos noivos e acompanhantes dos casamentos, que com ferquência, se celebram na Ermida.
O eucalipto pela sua situação e porte merece ser referenciado como espécime de interesse público. O que mais chama a atenção é o perimetro do caule que é de 3 metros.
Aqui, bem no coração do municipio sintrense, cresce um "monumento vivo" que deve ser conhecido e salvaguardado, porque é uma árvore notável e faz parte dum enquadramento pasagistico onde o sagrado e o profano se completam duma forma harmoniosa...